terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dr. Gregory Holmes

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"

Lavoisier disse essa frase por volta de 1774 em seu estudo de Conservação das Massas, mas hoje em dia a frase é aplicada às cópias de sucesso que se movem por aí à nossa volta. Parece que quanto mais referência temos, mais cópia vemos. Quanto mais lemos, mais nos é apresentado o mesmo. “Sempre mais do mesmo, não era isso que você queria ouvir? “, já dizia nosso bom letrista Renato Russo, que deve ter também copiado de alguém, modificado e colocado na letra em mais uma de suas belas músicas. Bill Gates copiou o Windows, o mouse, o Internet Explorer e ficou bilionário. Quem cria mesmo cai no esquecimento. Quem faz sucesso é quem copia?

Hoje vemos um exemplo clássico nos seriados da TV. Eu assisto o seriado M.D. House; um médico maluco que soluciona os casos mais malucos ainda com sua observação sem igual e arrogância máxima. Estava relendo meus livros de Sir Arthur Conan Doyle e percebi quanta “referência” tem o seriado nas obras de Sherlock Holmes. House é excêntrico, Holmes também. House é drogado, faz uso de Vicodin. Holmes é drogado, faz uso de cocaína. House toca piano para se distrair. Holmes violino. House tem um único amigo, Wilson. Holmes tem um único amigo, Watson. House começa com “H” e Wilson com “W”. Holmes e Watson também. Holmes lembra "Home" (Casa). House... bem, nem precisa dizer. House é médico detetive. Watson é médico. Wilson é médico. Holmes é detetive que se envereda no mundo da química, amigo de um médico.

As coincidências não param por aí. Na quarta temporada, episódio chamado “Não queira saber”, House diz ter ganhado de amigo secreto “a segunda edição de Conan Doyle”. Claro que a referência é Sherlock Holmes, o maior detetive do mundo, que inspirou até Bob Kane a criar o Batman.

Achei muito interessante as similaridades de ambos os detetives, no caso House e Holmes (vamos deixar o Batman de lado desta vez). O seriado é o maior sucesso hoje em dia, mérito do “criador” David Shore. House precisa falar com os outros para solucionar seus casos e fazer sua mente trabalhar fora do padrão comum do raciocínio, o que ocorre também nos livros de Doyle, sendo Watson o fiel escudeiro de Holmes e quem narra as histórias como se fossem verdades na obra de ficção. O apartamento do Dr. House é de número 221B. Advinha onde mora Sherlock Holmes? Baker Street, número... ? O cara que atira em House em um dos episódios do seriado se chama Moriarty, por acaso o maior inimigo de Holmes, aparecendo pela primeira vez no conto “O problema final”, de 1893.

Muitas coincidências me fizeram pesquisar a frase acima de Lavoisier, e descobri que o estudo de conservação das massas foi publicado pela primeira vez em 1760, quatorze anos antes, por um cientista russo chamado Mikhail Vasilyevich Lomonosov. Já ouviu falar? Eu também não.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Bom, o Mau e o Feio

O título do excelente filme acima não é uma tentativa de crítica do mesmo. O assunto aqui é outro, mas o título do filme veio bem a calhar. Estava discutindo com um amigo meu sobre o mundo da fantasia. Estávamos falando que gostamos muito desse gênero e ele por ser cristão acaba sofrendo algum tipo de preconceito de alguns membros da igreja mais “puritanos”, que acabam olhando aquilo como “obra do diabo” ou “paganismo”. Falando do mundo da fantasia, nem preciso ir muito longe para falar sobre a inegável influência de C.S.Lewis no cristianismo moderno, sendo um dos autores mais influentes do século passado. Esse grande autor escreveu “As Crônicas de Nárnia”, uma obra considerada por muitos um clássico da fantasia, comparada com Tolkien e “O Senhor dos Anéis”. Os dois eram muito amigos, vale dizer, e Tolkien acabou por trazer o amigo para o mundo cristão. Lewis era ateu e se converteu ao cristianismo por grande influência de Tolkien. Seus mundos fantásticos são cheios de influências cristãs. Confesso que não li Crônicas de Nárnia, mas li O Senhor dos Anéis. Uma obra singular no mundo fantástico da fantasia.
Agora vamos voltar ao mundo atual em que vivemos. Hoje vindo para o trabalho quis matar um motoboy a pauladas, bem devagar para que ele pudesse sofrer bastante antes de morrer. Depois fiquei pensando nos motivos que me levam a desejar isso. Muitas vezes falo que gostaria de comprar um Hummer para passar por cima de gente que pára em fila dupla ou que quer dar uma de esperto e furar a fila, o que mais se vê nas ruas. Por que será que penso nessas coisas? Como cristão eu não deveria amar o próximo? Ser gentil, cordial, bondoso?
No mundo da fantasia, as pessoas boas são sempre boas. Os maus são declaradamente maus. Normalmente isso é assim do começo ao fim. As personalidades não mudam muito seu caráter, e se mudam para pior é que ele sempre foi um mau enrustido. Se mudam para o bem, tinham o coração dominado pelo maligno e foram libertados. Aí começa um dilema na minha cabeça. No mundo atual, o bom nem sempre é bom e o mau nem sempre é mau. Todos somos bons e maus ao mesmo tempo. Tudo depende do contexto e dos motivos. Aí começo a entender um pouco a Graça Divina e por que ela acontece. Imagine se Deus fosse usar da justiça para julgar qualquer pessoa. Ninguém estaria salvo. Todos seriam mortos a pauladas para sofrer bastante. Aí veio Jesus Cristo e nos ensinou que a vida é assim, cheia de desgraças e maldades, mas nós deveríamos ser diferentes. Deveríamos olhar o mundo e as pessoas como se tivéssemos óculos divinos, e observássemos tudo com a ótica de Deus. Aí, perdoaríamos mais, amaríamos mais, riríamos mais, seríamos mais felizes, mesmo em meio ao caos. Quando pudermos entender que o mais importante é Deus e a vida eterna, poderemos desconectar um pouco de nossas preocupações diárias, com o futuro, com o mundo, com a política, com o luto. Jesus não disse aquela frase à toa: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mt. 11:29-30. Isso quer dizer que podemos sossegar com as preocupações da vida porque daqui nada se leva. Bem vale o livro de Eclesiastes da Bíblia. Se você ainda não o leu, faça isso. É excelente. Um bom local para ler é aqui. Uma das frases que gosto muito é “Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele.” É meu amigo, isso está lá na Bíblia.

Somos bons, somos maus, somos feios. Temos maus pensamentos a todo instante. O desafio é vencer isso a cada dia, a cada hora. Todos os dias devemos nos esforçar e morrer para com nossa vaidade e aceitar o fato que daqui nada se leva. Se julgo alguém, o faço não pelo que ele tem, mas o quanto ele doa. É assim que deve ser. É assim que luto para ser e me frustro a cada dia. “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.” Rm 7:19

domingo, 5 de outubro de 2008

Aulinha de inglês

Eu acho inglês difícil. Embora eu fale essa língua estranha, ainda me pego completamente desnorteado com algumas frases que encontro nos livros. Acho que existem alguns tipos de inglês. O “técnico” que é o inglês com jargões do informatiquês, mais usado atualmente nas empresas; o inglês literário, com palavras difíceis e pouco usadas no dia a dia; e o inglês tradicional usado num bate-papo. Não acredito que exista aquela coisa de “inglês intermediário”, “inglês básico”, “inglês avançado”. Acredito que inglês ou você sabe ou não sabe. Se você o sabe, pode sabê-lo mal ou fluente. O problema é que a língua exige um grande e constante estudo, e o indivíduo que estuda precisa saber as diferenças básicas do português para o inglês que se exige nas expressões idiomáticas, que são aquelas coisas como “tirar o cavalo da chuva”, “nem a pau, Juvenal” e por aí vai, que muitas vezes não tem a menor relação da frase original quando se traduz, porém o sentido é o mesmo. Estava lembrando esses dias do livro que eu tinha do Stephen Hawking que se chama “O Universo Numa Casca de Noz”. Estava me perguntando por que será que traduziram a expressão “In a Nutshell” para “numa casca de noz”. Perde totalmente o sentido. A casca de noz no caso significa em inglês que é "em suma", "resumido", "no geral". Essa é a idéia. E quando o livro é lançado aqui posso imaginar as pessoas tentando decifrar que treco significaria colocar todo o universo na casca da comida predileta dos esquilos.

Existe um livro muito legal chamado “Como se diz Chulé em inglês”, do Ron Martinez que nos dá uma idéia de quão complicado pode ser uma simples expressão ou então traduzir uma simples idéia, como chulé, que não existe em inglês. Lá você tem que dizer onde está o mau cheiro.

Tenho grande admiração pela turma que faz a legenda do seriado Friends. As piadas são complicadas e mesmo assim a legenda rebola para trazer o sentido da piada, e ao ouvir “I don’t give a tiny rat's ass” não pensemos que o Ross do seriado não dá uma bunda magra de rato para a coisa, mas sim que ele não dá a mínima para a coisa. Outro pessoal bom de legenda é a galera que traduz o seriado Gilmore Girls. É muito complicado entender as piadas porque elas usam coisas do dia a dia dos americanos e para nós a coisa fica muito sem graça. Seria como um americano vir para cá e você falar para ele que a fulana não tem eira nem beira. Pegando a explicação do livro acima, eira é um pedaço de terra batida onde se guardavam cereais e legumes; e beira é beiral, representando a casa do dono das terras. Então quem não tem eira nem beira não tem nem casa nem terras. Um pobretão. Claro que em inglês a coisa não dá para ser traduzida, mas o sentido teria que ser algo como não tem nem onde cair morto. No inglês essa expressão é “not have a pot to piss in”, ou seja, “não ter onde mijar”. Esquisitices próprias de cada língua. Apesar da língua inglesa não ser tão complexa quanto a língua portuguesa, ainda assim possui muitas coisas complicadas, como algumas palavras e verbos que servem para muitas coisas e dependendo da frase ora tem um sentido ora outro. Um exemplo é o verbo “to get” que tem lá seus quarenta e cinco significados, e também o verbo "to look", que o dicionário Oxford Advanced Learner’s Dictionary dedica umas duas páginas inteiras divididas em duas colunas.

Talvez seja por isso que tantas pessoas desistem dos cursos de inglês. Elas desanimam. O importante é continuar aprendendo, porque dificilmente você aprenderá tudo, cem por cento. Mesmo com a nossa língua portuguesa dificilmente vemos pessoas que a usam de maneira correta. Eu mesmo cometo meus deslizes e sempre recorro ao dicionário quando preciso escrever um texto. Infelizmente o mundo de hoje exige o inglês, que é usado na maioria das multinacionais e largamente utilizado na área da informática. Se você ainda não aprendeu, tente mais uma vez. Dedique-se mais e aprenda ao menos para você ficar entre falar mal e fluente, que já é um grande passo. Muitas vagas no Brasil não são preenchidas porque falta inglês para a maioria dos currículos. Muitas vezes não posso indicar amigos meus porque não sabem inglês. Hoje saber inglês já não é mais diferencial, é obrigação, assim como saber informática básica e saber ler e escrever. E dê graças a Deus por ser inglês. Imagina se fosse alemão?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Balada de Halo Jones

Bem, esse blog vai ficar um pouco largado, pois como troquei de emprego me falta tempo para escrever. Ainda penso que deveríamos trabalhar efetivamente apenas quatro horas por dia. É fato que poucas pessoas trabalham efetivamente todas as oito horas diárias. Sou a favor de uma imersão total no trabalho de quatro horas e depois ir pra casa. Mas isso é tema para outro post. Vamos a este artigo de fato.

A Balada de Halo Jones é uma obra de ficção científica do (mais uma vez comentado) grande Alan Moore. Como um de seus primeiros trabalhos, Moore mostra nessa obra de três partes, ou três livros, um futuro possível para a humanidade se as coisas continuarem como estão. Parece que esse futuro ainda é possível, mesmo após 1984 quando foi escrito. A história fala sobre os feitos de Halo Jones, uma menina aparentemente normal nascida no ano de 4.931 que vive nesse futuro do século 50 na ala dos pobres, então isolados da América por uma construção chamada “O Aro” (The Hoop), flutuando sobre o Oceano Atlântico, ao redor de Manhattan. A idéia era acabar com a pobreza, então todos os desempregados foram mandados para lá, e não acabou com a pobreza, mas apenas garantiu que as pessoas não precisassem olha mais para os pobres.

“Se você perdesse seu emprego , era enviado para o aro, onde sobreviveria graças ao MAM, um cartão de crédito dado pelo governo, até achar um emprego. Exceto que não havia emprego algum”. Esse Aro era obviamente dominado pelo crime, com gangues e policiais ineficientes, e estes policiais eram ex-detentos, transformados em Zumbis através de uma cirurgia cerebral.

Muita coisa acontece na vida de Jones e a menina surta e resolve “sair pelo mundo”, quando na verdade seria correto dizer “sair para o Universo”, já que ela pega carona numa nave interplanetária trabalhando como uma espécie de aeromoça. O interessante dessa viagem, nos dois sentidos, é como Moore constrói os personagens, não só Jones, mas também os coadjuvantes da história. Mudam os termos, as brincadeiras, as noções de realidade, as gangues, os vícios, tudo, mas tudo fica muito igual. O futuro não é dependente de um grande computador controlador de tudo e todos, mas sim dependente da própria humanidade, falida socialmente, com um abismo entre as classes sociais, com guerras interplanetárias rolando. Nestas guerras, 99% dos soldados são mulheres, aparentemente renegadas novamente na história de uma sociedade machista, mas colocadas por Moore para chocar mais, dizendo ele que embora não seja diferente a vida de um homem ou uma mulher perdida na guerra, o fato de termos mortes de destemidos e fortes combatentes homens chocaria menos, ao passo que vermos assustadas mulheres que se vêem obrigadas a combater numa guerra também sem sentido teria maior impacto psicológico. E realmente teve. Nessa guerra é contada as barbaridades que o indivíduo pode cometer, e continua cometendo mesmo no século 50.

É uma obra que vale muito a pena ler, um gibi de respeito escrito por um dos maiores gênios dos quadrinhos. Pena ser em preto e branco, mas os desenhos de Ian Gibson são muito bem feitos e completam o excelente roteiro. Foi lançado aqui em português pela editora Pandora Books, e ainda pode ser achado nos sites de quadrinhos. A Balada de Halo Jones para mim é cinco estrelas, além das tantas outras estrelas desse Universo igual, só que diferente.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ói, ói o trem...

Na Bienal deste ano tive a oportunidade de participar do debate sobre roteiros de cinema, com a participação de Guillermo Arriaga, presença que mais me interessou. Guillermo é roteirista dos filmes de Alejandro González Iñárritu, com por exemplo Amores Brutos, 21 Gramas e Babel. Um ponto alto do debate/palestra foi sobre a relação arte e artista, onde Guillermo disse que não existe evolução deste. O artista quando faz sua obra, não sabe se é sua melhor obra, se é sua obra prima, se é seu Best-Seller.

Quando uma obra é aclamada pelo público, é normal de se esperar que os próximos trabalhos desse artista sejam do mesmo nível, ou pelo menos da mesma profundidade revolucionária que de sua obra de mais sucesso. Mas isso não é o que normalmente acontece. Um artista pode lançar uma bela peça de arte e nunca mais fazer mais nada que preste. A arte é assim. Ela se manifesta pelo artista em determinado momento, normalmente em sua estréia ou auge e depois o abandona. Muitos escritores temem por não conseguir seguir o caminho do sucesso em seu próximo livro, pressionados pelas editoras. Autores de livros também são considerados artistas para mim quando revolucionam a literatura, com vendas exorbitantes e imprevistas. Assim também considero os filmes. No caso de Dan Brown e seu Código DaVinci, seu livro posterior, Ponto de Impacto, é uma grande bobagem e não chegou nem perto das vendas do anterior, o qual fiz questão de não ler, porém li os demais e fico com Anjos e Demônios. Acredito também que J.K.Rowling nunca iria imaginar que a história batida de bruxinhos bonitinhos iria revolucionar esse tema e vender o absurdo que vendeu. É certo também que alguns artistas fazem suas obras de arte, morrem na miséria e anos depois suas obras são descobertas pela crítica e acabam fazendo um enorme sucesso, como por exemplo O Senhor dos Anéis, que fez sucesso praticamente cinquenta anos mais tarde que sua publicação original e os quadros de Van Gogh.

Isso me faz pensar nos motivos dessas "descobertas" maravilhosas dessas obras. Será a arte um trem que passa e quem pega é levado junto com seu caminho de sucesso? Será que esse trem escolhe os passageiros e eles nem mesmo sabem os reais motivos desse trem, que pode ser fora de época, vindo algumas vezes de um tempo futuro, motivo dos quais algumas obras só fariam sucesso anos mais tarde, quando esse trem chegasse na estação certa?

Alguns artistas são regulares ao lançarem suas músicas, e parecem que sempre tem seus tickets das passagens de sucesso do trem. A lista é grande e me recordo de poucos em áreas diversas, como o próprio DaVinci citado acima, Os Beatles, Alan Moore, Niemeyer, entre outros. Esses conseguem manter uma certa regularidade em seus trabalhos, embora exista um que é o mais famoso, como a Monalisa, St. Peppers, Watchmen e a idealização de Brasília. A receita do sucesso, é claro, não existe e as tentativas de escrever sua fórmula vem desde que o mundo é mundo, nos Alquimistas procurando a Pedra Filosofal da imortalidade, ou a descoberta do ouro pela mudança no chumbo, até as rádios inglesas que fizeram um programa de computador para barrarem músicas que não seriam consideradas “sucessos”, e isso foi por água abaixo com os Strokes, que pararam na peneira do programa de computador mas cairam no gosto do público e venderam horrores. Já faço logo um paralelo com alguns posts anteriores, como a música italiana Passerà que diz “As canções não se escrevem, mas nascem por si. São coisas que acontecem cada dia ao nosso redor, bastando colhê-las” e também a imprevisibilidade do sucesso no post O futuro a Deus pertence. São imprevisíveis também os caminhos da arte.

Arriaga então falou sobre seu grande roteiro, Amores Brutos, mostrando que o início da trama, sobre o acidente e sobre o cachorro que foge e vai parar na rinha de cães, foi parte de sua história quando menino. Seu cão Cofi se envolveu realmente em uma rinha e ganhou do cachorro adversário. Isso já foi traçado a ele quando menino e o levou a escrever esse belo roteiro desse filme que é um dos meus preferidos. Apesar de seus roteiros tristes, Arriaga se mostrou de bem com a vida e disse escrever assim baseado em histórias pessoais e histórias que observa nas pessoas em que convive ou ouve a respeito. Espero que ele não perca o próximo trem do sucesso e escreva mais um roteiro bom, dando continuidade ao seu bom trabalho, mas lá no fundo sei que isso é tão incerto quanto comprar e vender ações. Tão incerto quanto a arte.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Expiação

Se você está rodando a locadora e ainda não decidiu o que vai levar pra casa, sugiro a você o filme "Desejo e Reparação". Existem alguns filmes que eu não indico, pois são bem complexos ou pouco parecidos com filmes "normais", se é que isso existe. No caso de "Desejo e Reparação" (Atonement), apesar de ser um filme diferente, dá para indicá-lo sim. Esse é o segundo filme de Joe Wright, que exibe uma ótima direção. A fotografia é fantástica e os efeitos de som idem.

O filme trata da história da personagem Brioni Tallis, que é vivida no filme por Saorsi Ronan, Romola Garai e Vanessa Redgrave, retratando sua infância, vida adulta e velhice. Ela cometeu um grave erro em sua infância, e luta com essa culpa de ter separado a irmã Cecilia, vivida por Keira Knightley, e seu amado, interpretado pelo ótimo ator James McAvoy.

Durante o filme é notado alguns barulhos de máquina de escrever em alguns momentos que se misturam com a música, compondo uma cena ou outra e dando um clima, e me fez lembrar muito a música Money, do Pink Floyd. Esses sons são muito bem trabalhados durante o filme. Preste atenção neles e veja como é possível ser diferente retratando uma cena convencional. A iluminação e figurino são impecáveis, mostrando uma inglaterra pré e pós segunda guerra, com seus horrores e realidades. O filme é baseado no livro de mesmo nome de Ian McEwan e não trata de guerra, romance ou drama. Talvez seja um pouco de cada, mas a principal razão da película é sobre o perdão, ou a falta dele. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O futuro a Deus pertence


Terminei de ler o livro “Os Axiomas de Zurique” e fiquei extasiado. Tudo que eu acreditava sobre o mercado de ações foi posto água abaixo. Já tinha uma ligeira suspeita que aqueles gráficos eram conversa pra boi dormir, mas com esse livro tenho bases para poder argumentar. O livro de Max Gunther conta os princípios que movem os grandes investidores suíços, revelando alguns “segredos” que depois de serem ditos te faz pensar nos motivos que o levou a não pensar nisso antes. Tentei investir algum dinheiro na Bovespa. Apesar do pouco investido, conseguir obter algum lucro. Perdi bastante também, mas no final a conta ainda é positiva, e ainda é maior que qualquer outra aplicação disponível. O livro explica de uma maneira simples e direta os motivos que a aplicação em ações é a melhor solução para quem quer ficar rico. Se você é do tipo conservador, que gosta de diversificar seus investimentos, que prefere a segurança da renda fixa, parabéns, mas você não vai ficar rico.

Esse livro quebra uma série de paradigmas, inclusive sobre PGBL e VGBL que no meu entender é uma grande besteira. Sua aposentadoria se faz no mercado de ações e não em um investimento que visa o futuro que ninguém conhece. Bem, o livro explica melhor, é claro, e é um enorme sucesso de vendas. Comecei a aplicar alguns conceitos e melhorei meu lucro. O grande resumo é: Não acredite na manada. Não acredite em gráficos. Ninguém é detentor do futuro e ninguém (ninguém mesmo) é capaz de traçar um preço para as ações, nem mesmo para o dia seguinte. Eu fiz questão de acompanhar algumas das opções de investimento que algumas consultorias financeiras divulgam por aí. Vou colocar a tabela abaixo para que vejam a grande decepção que é confiar seu dinheiro nos “achismos” dos preços-alvo dos “especialistas”. É realmente ridículo. Veja por você mesmo o que a corretora previu no dia oito o que seriam boas aplicações para o final do mês, com seus gráficos e especialistas, e o que realmente aconteceu no final do período de previsão:

No final, deu o óbvio: Não dá para prever resultados. O saldo ficou negativo em 0,35%. Não dá para investir a longo prazo porque o futuro a Deus pertence, já dizia minha avó. Não é aplicando em papéis de 15 anos ou mais que te dará alguma segurança. E é essa falsa segurança que levam muitos à bancarrota, ao desespero de saber que poderiam ter arriscado mais no curto prazo que certamente estariam melhor. Pessoas que se apegam a papéis por serem de “grandes empresas” também tem o futuro amargurado. Bem, leia o livro e depois conclua por você mesmo. Eu recomendo.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Satriani 2008


Ontem tive o prazer inenarrável (que vou narrar a seguir) de ter assistido ao show do virtuose Joe Satriani. Foram duas horas de aulas para guitarra. Diferentemente de Steve Vai (em que Joe foi professor) e outros que gostam de malabarismos com a guitarra, Satriani sobe no palco e toca... e arrebenta! A banda que o acompanhava era igualmente boa, com destaque para Stuart Ham no baixo, que fez seu mini show solo em dado momento, inclusive arriscando Aquarela do Brasil no baixo. Fantástico. O público foi ao delírio.

Com única apresentação em São Paulo, o Credicard Hall não estava lotado. Estava cheio sim, mas ainda haviam ingressos para todos os setores momentos antes do show. Ir na apresentação do Joe Satriani é diferente a começar pelo público. Normalmente você não vê aqueles adolescentes ridículos dopados que preferem se esbofetear a curtir a música. As pessoas vão para assistir ao show, quase sendo um público de música erudita, e constantemente Satriani fazia gestos para o público acordar, pois todos estavam parados com a boca aberta babando dos seus solos, inclusive eu. Para quem conhece música e gosta de guitarra, Satriani faz coisas que dificilmente se vê, juntando a velocidade sem ser chato e repetitivo como alguns, tocando riffs que acordam até os mortos. O público respondia acompanhando suas melodias com “oh, oh, oh”, com destaque para a ótima e minha preferida “Always with me, always with you”. Palmas também faziam a marcação do tempo das músicas algumas vezes. Ele fechou o show com a maravilhosa e sua mais conhecida música “Summer Song”, e quase fui esmagado nessa hora.

Difícil acreditar que ele começou tocando Bossa Nova no violão de náilon da irmã, mas fácil ver que teve muitas influências de Hendrix, seu maior ídolo. Também não é por menos, pois ambos são considerados gênios da Guitarra.

Existe uma música italiana chamada Passerà, que versa no começo o seguinte: “As canções não se escrevem, mas nascem por si. São coisas que acontecem cada dia ao nosso redor, bastando colhê-las. Existe uma também para você.” Incrivelmente Satriani colheu muitas dessas canções boas, e apesar de não terem letra, as melodias permeiam nossos ouvidos e fixam-se como cimento musical em nosso cérebro. Valeu Joe “ceifeiro” Satriani! Até breve.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mc. 12:30


Dizem que era um cara pilantra. Nada dava jeito naquele rapaz. Parece que tudo quanto havia de errado no mundo ele entrava mais cedo na fila para fazer primeiro que todos. Não tinha o amor da família. Ninguém gostava dele, era óbvio. Assim sendo ele continuava a cometer as suas pilantragens, enganações, roubos e quiçá mortes, talvez indiretas. Não havia juiz que o julgasse, pois não havia crime capaz de pegar o safo rapaz. Um belo dia ele encontra uma mulher. Linda, jovem, bondosa e amorosa. Conhecera por intermédio do acaso, quando pediu informação em uma loja por um determinado endereço onde iria fazer mais um trambique. A jovem o respondeu com elegância e carinho, enquanto o balconista fez desdém, já prescentindo a figura incorreta.

Começaram a conversar meio que sem querer. O rapaz gostou muito da moça. Apesar de afortunado, não conseguiu impressioná-la com suas grandezas. Ela pareceu não se importar em nada com isso. Estava mais preocupada em assuntos dele próprio do que das coisas que lhe pertenciam. Então, marcaram por fim de se encontrar, para conversar melhor e tomar alguma coisa. Não demorou muito, dias depois começaram um pré namoro. De pré namoro chegou de vez o amor e tocou a ambos. Após um curto tempo, o rapaz não conseguia sair com mais ninguém além de sua namorada. Chegou a ficar preocupado, mas realmente sentia algo pela moça que se diferenciava do que um dia já sentiu por alguém. Assim, preferiu não trair. Seus amigos mais chegados e mergulhados também na vida lasciva suspeitaram. “O que será que há de errado com ele?” Perguntavam. “Já não é mais o mesmo”. “Será que virou viado?”. Mas o rapaz não traía porque era impedido, pois a moça nunca havia lhe cobrado nada, não havia lhe perguntado nada por onde andava. Estava interessada nele, na sua pessoa, sem posse, sem ciúmes. De tanto amor por ela começou a fazer as coisas certas, começando pela fidelidade.

Perdeu amigos. Ganhou antipatias. Fez novas alianças comerciais dessa vez corretas. Ganhou mais dinheiro do que pensava, mas perdeu muito no começo, quase desistindo de mudar. A felicidade chegou num belo dia, assim de surpresa. Quando viu estava casado, com filhos e longe daquela podridão que pertenceu. Não acreditava como isso lhe acontecera, só sabia que havia encontrado alguém especial que mudara sua vida. Teve muitos problemas, mas sempre superava-os de tempos em tempos. Agora eram mais difíceis de serem resolvidos, já que o caminho do justo tem mais pedras. Não importava. Seguia sempre em frente. E assim descobriu que era feliz.

Perguntou muito tempo depois o porquê de não ter feito algumas escolhas antes. E ela, como poderia tê-lo escolhido naquela condição? Ela era tão justa, tão honesta... Mistérios, pensou... Graças a Deus a encontrou. Deus... Agora acreditava em Deus... Foi até batizado na igreja um bom tempo atrás, logo que decidiu abandonar de vez a vida errada. Quem diria? Quem iria acreditar em sua história? Foi então que a ficha caiu. Será que Deus o amava? Como poderia tê-lo amado? Foi ele que o presenteou com ela? Não poderia ser, pensou ele, pois fora o antagônico do cristão. Cristão era tudo certinho, tudo bobo. Usavam aquelas roupas quadradas... Aqueles cabelos... Agora ele frequentava a igreja. Era um bobo como os demais, mas não se achava bobo e nem bobo os demais. Voltou à questão: Como Deus poderia amá-lo? Quando começou ir à igreja ainda fazia suas pilantragens. Em menor número mas fazia. Ainda não era correto. Com ela sim, no caso da traição, mas não com Deus. E suas preces eram respondidas com frequência. As passagens Bíblicas pareciam falar diretamente a ele certas vezes. A vergonha o intimidava muitas vezes.

Muito estranho. Foi entendendo aos poucos. Viu que não precisava ser certo para aceitar. Viu que não precisava largar o ser pilantra para que Deus o amasse. Não precisava andar com certos para que Deus estivesse em sua vida. E por esse amor que tinha por Deus, fazia as coisas certas, assim, meio que sem querer. Estava clareando as idéias. Traçou um pararelo com ela. Deixou de sair com outras por amor a ela, não por pressão. O mesmo lhe acontecia com as demais coisas. Não era por ameaça ou coação, era por amor. Não queria desapontar aquele que o amava incondicionalmente. E fazia o justo, por amor a Deus, a Jesus. Ah, entendeu. Teve chance de viver um boa vida. Se perguntou novamente: Por que não procurou isso antes? Lembrou-se que havia entendido errado. Não precisava mudar para seguir a Deus. Era por seguir a Deus que mudara. Hoje sabia que as coisas por muitas vezes eram entendidas ao contrário. A maioria acharia que precisaria mudar antes. Não, não precisa, ele pensou. Você vai acabar mudando, mas vá como está. Não são regras, não são leis, é só o amor. Ele é o agente da mudança. É esse o ingrediente fundamental. Havia achado a fórmula mágica! Pena que sentia dificuldades de passar isso adiante. Viu seus pecados perdoados. Suas quedas não deixavam de acontecer, porém eram protegidas quando vinham. Era essa a resposta. Era o amor.

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”
Marcos 12:30-31

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ei, eu queria algo mais


O então chamado Senhor Rock and Roll está dancando sozinho de novo. Conversando ao telefone com alguém que diz que o gingado dele não é de nada. Ele não tem nenhum lugar para onde ir. Está só novamente. Nisso uma roqueira tradicional está se comportando como ela sempre foi, dançando como se não tivesse ninguém vendo. Antes ela parecia se importar, mas agora nem se atreveria, pois é tão Rock and Roll estar sozinho... E eles se encontrarão algum dia, bem distante, e dirão : “Ei, eu queria ser algo mais. Gostaria que você tivesse me conhecido antes.”

Essa é um pedaço da letra de uma música que chama-se “Mr. Rock and Roll” de uma escocesa de vinte anos chamada Amy MacDonald. Suas músicas são bem levinhas, para serem ouvidas de vez em quando só pra relaxar. Não é uma letra que será tocada daqui há muitos anos no classic rocks of the century, mas a música agrada. Meio folk, meio country, meio rock.

Há muito tempo procuro garimpar o que anda acontecendo no mundo da música e não tenho encontrado nada muito promissor. Até pensei que Alanis Morrisette faria esse papel um dia, resgatando alguma coisa boa na música atual, mas suas músicas começaram bem e deram uma caída nos trabalhos mais recentes. Confesso que não ouvi seu último trabalho, Flavors Of Entanglement. Tomara que tenha melhorado.

Nada acontece de surpreendente no mundo do Rock nos últimos tempos? Praticamente tudo o que ouço de legal vem de bandas antigas, e nada novo aparece. O mundo pop continua fervendo, com bundas e peitos pra lá e pra cá, mas e no Rock? Será que não surgirá nunca mais bandas como Led Zeppelin, The Beatles, Rolling Stones, U2, R.E.M., Metallica, Black Sabbath, Van Hallen, The Ramones, enfim...? Bandas que marcaram época, mudaram estilos, foram originais, com música sendo tocadas até hoje, e onde eu costumo deixar a estação do rádio quando toca. Por falar nisso, existe apenas uma rádio em São Paulo que com frequência utiliza esse repertório em sua programação diária. E as demais? Ah, se rederam ao mercado de bundas e peitos requebrando. Até uma rádio chamada anteriormente de “A rádio rock” agora pode ser chamada de “A rádio treco”, só tocando coisas bem, bem pops. Algumas outras rádios além de não tocarem rock, ainda cortam pela metade as pops, fazendo o que já era ruim ficar horrível. O negócio é vender comercial, eu sei, mas parece que agora é só isso. Alguém gosta de ficar ouvindo comerciais o dia todo e quando toca uma música ela é retalhada pra acabar logo e termos mais comerciais? Eu sei, eu sei, tem gente que nem liga e nem se dá conta do que está tocando. Gosta de um barulhinho rolando e nem se preocupa com o que diz a letra, como por exemplo “Você não gostaria que sua namorada fosse gostosa assim como eu? Não? Áu...!” Coisa linda...

E as bandas nacionais estão cada vez mais se rendendo ao pop, com boy bands explodindo por aí e a galera dizendo que é bom. Legal, pode até ser que seja bom mesmo, mas isso não é Rock. Eu quero é rock! Pelo que me lembro a última banda “nova” de Rock nacional, Os Raimundos, acabou faz tempo.

Temos algumas coisas saindo do armário, algumas bandas boas internacionais, que quando a grana acaba lançam um CD pra continuar a vida. Isso, é claro, após aqueles CD’s caça-níquel, com recompilações de trabalhos antigos, regravações, remix, acústicos, etc. Novidade mesmo tá difícil. Bandas novas então nem se fala. Tudo é pop, fadado às vendas, com bundas e peitos e completamente oco. Fica a torcida para algo novo. Por enquanto vou me contentando com alguma coisa ali e aqui, sozinho nessa empreitada. É tão Rock and Roll estar sozinho...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Existe vida após a chamada?


Iniciamos uma discussão sobre o ódio dos homens às chamadas telefônicas. Para algumas pessoas, o telefone é mal visto, sendo totalmente dispensável e quiçá substituível facilmente por um e-mail ou MSN. Qual seria o motivo que a maioria dos indivíduos do sexo masculino usam pouco ou quase nunca utilizam o telefone ou o celular?

O homem, diferente da mulher, é um ser mais prático, como sabemos, e assim perde a necessidade de ver uma joaninha amarela e querer logo contar aos amigos a grande descoberta entomológica. Mas mulher não é assim. Ah, não mesmo. Só para se ter uma idéia, certa vez minha namorada e eu estavamos indo para a casa dela e conversávamos sobre um assunto importante, quando o seu celular tocou. Era minha sogra dizendo que havia experimentado a saia de minha namorada. Após uns quinze minutos de conversa, ela desligou. “Sim, mas e aí? Rasgou a saia?” perguntei eu, indignado. “Não...” respondeu minha namorada querendo retomar o assunto original, fazendo de conta que a chamada nunca tivesse existido. “Certo, mas então pegou fogo no fogão enquanto ela experimentava a saia?” Nisso um olhar gélido me foi direcionado pela outra parte, já querendo me mandar fazer algo que não iria fazer nem sob tortura.

O que importa é que estava tentando descobrir o motivo de tal ligação, já que imaginei que não haveria motivo para tal pois estávamos indo para a casa de minha sogra e ela sabia disso (havia ligado antes, rá!) e se estava ligando naquele momento algo importante deveria ser avisado, certo? Pois é, me enganei. Era só pra dizer que ela experimentou a saia. É, então... Colocou a saia! Colocou, tirou e guardou! Nada mais. Fiquei impressionado. Me fez refletir sobre meu ódio às chamadas telefônicas que até então não sabia o por quê. Não tinha nada contra telefonemas. Seria algo como as músicas que tocam nas novelas, talvez? A música pode até ser boa, mas quando começa a tocar na novela você não pode ouvir mais de dois segundos que já muda a estação do rádio. Enjoa. Pega trauma. O mesmo trauma que as mulheres nos colocaram. Como para elas é completamente normal e absurdo se não existisse uma chamada para dizer que colocou uma saia (e só), para nós é absurdo tamanha falta de necessidade uma ligação dessas. É óbvio que mulher fala mais, gasta mais tempo falando, etc, mas falar no telefone é um negócio um tanto incômodo, chato, te ocupa a mão, uma orelha, quando não ambas no revezamento, e ficam pegando fogo após alguns poucos minutos e normalmente interrompem algo que você estava fazendo. Por isso telefone é para dar um recado, dizer uma notícia breve, falar pouco e não passar horas contando que colocou a saia.

O filme da Pixar, Wall-E, mostra uma espécie de telefone/internet/video chamada do futuro onde todas as pessoas só se comunicam via esse serviço, não mantendo mais contato físico com a outra parte. Uma previsão pessimista que o futuro nos aguarda. Bem, se depender das mulheres já chegamos lá. Agora vou acabar logo esse artigo que meu telefone está tocando... “Alô... Oi amor... Sim, almocei bem... Sim... Ahã... Escrevendo... é...”

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Batman falhou?


Qual o limite da realidade da mente humana? Qual é a fronteira que limita o racional da fantasia? Estava pensando sobre esse limite. Conversando com um amigo meu, discutíamos sobre o novo filme do Batman que está para estrear nos cinemas: O Cavaleiro das Trevas. Nesse filme um importante vilão do morcegão tem atenção central: O Coringa. Esse vilão nos gibis faz um papel de demente e suas ações são tão tresloucadas quanto seu figurino. O Coringa foi tema de importantes histórias do Batman, inclusive uma que talvez seja a mais famosa, A Piada Mortal, contada pelo melhor roteirista de quadrinhos ainda vivo chamado Alan Moore na opinião de muitos (o melhor roteirista de quadrinhos já falecido é também Alan Moore na opinião de muitos).


Alan Moore é uma lenda viva dos quadrinhos, que consegue colocar coisas banais em um clima totalmente novo e inesperado, onde histórias do Monstro do Pântano, por exemplo, ganham uma profundidade jamais vista com outro roteirista. Nessa história da Piada Mortal o Coringa aleija a filha do comissário Gordon, Bárbara Gordon, com um tiro em sua espinha. Após esse ato ele a fotografa nua na poça de sangue e sequestra seu pai (comissário Gordon) o torturando em um parque de diversões e exposto às fotos de sua filha nua. O Coringa tenta assim provar sua teoria em que qualquer um exposto à tamanha atrocidade poderia se tornar um demente como ele. Nessa história é contada a origem detalhada do vilão, e os motivos que o levaram a ser o que é: Após uma tragédia de sua família, com a morte de sua esposa grávida de num acidente doméstico, é obrigado a participar de um crime que sai pela culatra com a intervenção do Batman e assim molda seu destino para sempre. O gibi é genial, mas perturbador. Confesso que após lê-lo, fiquei chocado e por algumas noites sonhei com a história. Imagine agora interpretar um papel em que você teria que viver o Coringa. Encarnar no personagem para que sua atuação fique real.


Para esse papel foi escolhido o excelente ator Heath Ledger, que acabou falecendo logo após as filmagens; Segundo esse meu amigo quem matou Heath Ledger foi o próprio Coringa. O motivo seria porque o ator não conseguiu se desligar da interpretação do personagem, levando o tormento de seu papel para a vida real, em que Ledger e Coringa se misturavam, obrigando o ator a tomar comprimidos para dormir. Isso pode ter bagunçado o limite de realidade de Ledger, fazendo com que ele incorporasse esse papel de mente perturbada na vida real. Existe até um exemplo disso aqui no Brasil com o caso do Guilherme de Pádua, que questionava exatamente esse limite.


Outra história perturbadora é uma do Batman chamada Arkham Asylum, do autor Grant Morrinson e arte de Dave McKean. Também complexo, esse gibi apresenta o Coringa de dentro do manicômio de Gothan City. A história é chamado aqui no Brasil de Asilo Arkham mas acredito que seja outro problema de tradução, já que Asylum é mais conhecido como hospício em inglês e asilo de velhos é mais conhecido como residential care ou homing. Nessa história, Batman entra no hospício para tentar deter o Coringa, e é apresentado às loucuras de lá. Os desenhos de McKean perturbam. O que esse artista pode fazer quando representa em página dupla as loucuras desse ambiente é magnífica. Como leitor também fiquei impressionado, tanto quanto a piada mortal. Imagino então o ator, tendo que interpretar tudo isso como sendo realidade para a cena. Não é difícil perceber que isso poderia acarretar a qualquer um que não pudesse se desligar, que não tivesse uma chave na hora do “corta!” do diretor. Não é difícil perceber que a relação da morte de Ledger com seu papel é tênue. Mais uma vez o Coringa pode ter feito sua vítima, e dessa vez Batman não conseguiu impedir.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Por que eu não gosto de novelas?


Toda vez que eu chego em casa a TV a cabo com mais de 180 canais está parada em apenas um canal ou uma programação: Novela. É novela das seis às onze. E em todos os canais abertos todos os dias da semana, menos domingo que tem faustão (ah bom!). Por isso, pensei eu, seria uma boa uma TV paga, já que teríamos mais opções, programas melhores, geraria um interesse/curiosidade em mudar da supra citada que não ouso mencionar o nome muitas vezes. Mas advinha o que acontece? Ah, todo santo dia tá lá o canal parado na mesma emissora. O que mais me impressiona é o fato de toda e qualquer novela (ops, falei de novo) ser igualzinha a uma que já acabou. Sempre tem um/uma vilão(ã) que dependendo de sua perversidade tem um fim merecido. Se o vilão for ruim a novela inteira, morre tragicamente, num acidente, ou numa briga com o mocinho que por acidente o mata (claro, ele é mocinho e mocinho não mata), ou acaba louco trancafiado num manicômio. SEMPRE é assim, você sabe. Se o cara não é tão ruim assim ele apenas paga uma pena leve, que vai de perder a fortuna e viver na pobreza até ficar preso mesmo alguns anos e perder a fortuna e viver na pobreza.

O lance é que a coisa não muda. O mocinho é sempre o mocinho. Sempre enganado por alguém ou que tem uma irmã gêmea (essa é a pior) que se descobre no meio da história e essa irmã tenta atrapalhar os sonhos da outra (aaahhh Rutinhaaa). Bem, aí tem os(as) engraçados(as), que são personagens que dão um certo humor, na maioria das vezes, que faz o favor de colocar os chavões que cai na boca do povo. Basicamente é para falar da vida dos outros que os engraçados estão lá. Uns mais outros menos mas a fórmula não muda. A coisa se desenrola tão na cara que eu sento no sofá pra comer alguma coisa e tá aquele silêncio sepulcral e aflito de todos prestando aquela enorme atenção à tela. Eu fico olhando por alguns minutos e aí começo a fazer àquelas perguntas normais: “Ela é a vilã?” Um momento de silêncio incômodo é quebrado com a terrível voz de meucêtáincomodando: “É...”. “...Certo...” continuo “... e ela tem uma irmã gêmea que é boa?”. Mais três a quatro segundos depois vem a resposta no mesmo tom em si bemol: “Isso...”. Dou uma pausa pra não gastar a paciência alheia e faço mais uma: “E a boazinha não sabe da malvada, mas a malvada sabe da existência da boazinha, certo?”. Agora sinto que a paciência está à beira do penhasco lutando bravamente para agarrar qualquer coisa que a salve: “... é ...”. Um olhar frio é lançado em minha direção... “E tem uma mala/carta/revelação que vai ser dada no final que vai deixar a má em maus lençóis e por isso ela quer matar a boa, certo?”. “RODRIGO! EU TÔ ASSISTINDO!” Aí a paciência foi pro chapéu. Apesar que não deveria ir, pois eu já respondi perguntas assistindo às corridas de F1 do tipo: “Rodrigo, por que eles param para trocar o pneu a cada meia hora se o pneu do meu carro está lá faz mais de cinco anos?”

Bem, aí chegam os comerciais de sabão em pó ou cerveja, que talvez teria sido melhor continuar a novela. Aproveito pra perguntar mais uma coisa ou outra pra ver se pelo menos dessa vez algo mudou. Mas na verdade nada mudou. E as respostas normalmente vem no futuro, do tipo: “Ela vai escapar da doença...”. “E como você sabe?” pergunto ingênuamente. “Eu li no site/revista”. “Ué, mas se você leu, qual é a graça de assistir se você já sabe o que vai acontecer?” Azar o meu, pois voltou do comercial e minha resposta só ganha um “ Tz... á...”. Seja lá o que significa esse chupar dos dentes coaxado, algo ruim foi dito e tenho que me contentar com um implícito “porque sim” e pronto. Nem me arrisco a perguntar mais coisas, mesmo que a cena vai acabar da maneira mais óbvia possível. Na verdade as perguntas não eram por interesse de assistir a novela, mas para saber se algo enfim mudaria, se algo diferente aconteceria. Tem autor que coloca a mocinha sempre igual e o pior: Sempre com o mesmo nome de HELENA. Meu, é o fim. Não dá pra acreditar que a mesmice continua até no nome do personagem. Esse autor economiza até nos nomes. Dá pra acreditar? Bem, aí eu vou para meu quarto e deixo pra lá essa coisa de entender o motivo de não gostar de novelas. Uma coisa tão divertida dessas e eu não gosto. Você é chato mesmo, hein Rodrigo?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Pobre


Segundo o dicionário Houaiss a palavra Pobre significa adj.2g.S.2g 1 que(m) tem poucas posses 2 que(m) é pouco favorecido 3 que(m) é digno de pena ~ GRAM como adj., sup.abs.sint: paupérrimo; aum.irreg.: pobretão. Vou tratar aqui do terceiro caso, ou seja, o camarada que dá dó de se ver. Digamos que é uma mistura de burrice com... burrice mesmo, deixando alguém com status de POBRE. Você deve ter uma tia ou um tio que rodou 40 km de carro pra comprar uma lata de ervilha no Supermercado Jambotão, porque lá essa lata custava R$ 0,13 mais barato que no Carrefour, e saiu contando vantagem. Ou quem deixa de comer um sorvete porque custa um real e fica com vontade. Mentalidade pobre. Pobre não é a condição financeira, mas o estado de espírito. É deturpar o valor das coisas, deturpando as prioridades. É não ter educação mínima (eu disse mínima). É ser pobre de cultura e pobre de espírito. Novamente, nada tem a ver com condição financeira, quero deixar claro.

Certa vez estava no ônibus indo para o trabalho quando o celular de alguém tocou. Logo, um homem que notoriamente era desfavorecido de posses (ou disfarçava muito bem) sacou o celular de mil e quinhentos reais e só desligou um bom tempo depois, falando alto. Falar alto é coisa de pobre, by the way. Comprar um celular caríssimo sem ter condições para tal é mais ainda. Não dar lugar no ônibus para mulheres grávidas fingindo que está dormindo é coisa de pobre. Querer levar vantagem em tudo, é coisa de pobre, claro que é. Ouvi certa vez que media-se o nível social das pessoas pela quantidade de dentes na boca. Acho que mede-se o nível cultural das pessoas pela sua pobreza espiritual. Um cara que compra um carro de R$ 60 mil e depois deixa na rua para não pagar o estacionamento de R$ 5,00 é pobre. E ainda reclama que bateram, riscaram, roubaram, etc. Ganhar vinte milhões e depois dar um churrasco para comemorar gastando só mil reais é coisa de pobre. Gritaria é coisa de pobre. Falar da vida dos outros é coisa de pobre. Acho que devemos lutar por mais educação, mesmo para àqueles que venceram na vida, mas continuam bem pobres. Aliás, isso é o que mais tem. Pessoas que montaram um negócio, que por pura sorte deu certo, e se julgam melhores que outras, mas na realidade são e vão continuar sendo POBRES. Meu amigo diz que são Tigres. Tigre é aquela pessoa que fala alto, quer contar vantagem, impressionar os outros com suas coisas. Você com certeza conhece muita gente assim. Humildade passou batido. Acham que o dinheiro compra tudo. Que as pessoas acham bonito o que fazem de ilegal. Que roubar é divertido, sonegando, enganando, mentindo. Pobres. Pobre-diabo. Quem concorda com suas atitudes também está no mesmo saco.

Esses dias estava me perguntando se é possível reverter essa situação. Se um indivíduo desses consegue se livrar desse título. Muitas vezes estão tão dentro da camada pífia que não saem mais de lá. Como trazer novamente uma pessoa dessas a uma vida menos medíocre, com mais “Ser” do que “Ter”? Bem, quem se considera amigo que fale. Para meus amigos eu falo. Tenho um defeito grave, muito chato, que é falar o que vejo. Isso atrapalha muito minha vida, mas não consigo esconder meus pensamentos. Se algo está errado, eu falo. Já me atrapalhei muitas vezes por causa disso. Fui taxado de chato, de reclamão, perdi oportunidades, etc, etc, mas quando me perguntam eu não minto. Falo a verdade. Desculpe, mas se você não quiser saber, não pergunte. Regra básica: Falem com seus amigos e conhecidos para deixarem de ser pobres. Sabe aquele cara que não te vê faz tempo e quando te vê, do outro lado do shopping, vem berrando como um porco sem focinho, com os braços abertos como um comercial de carro novo, e lhe dá aquele abraço que normalmente te tira a vértebra do lugar e nem muita acupuntura resolve? Pois é... Normalmente o chato é confundido com pobre, mas não é. O chato só é chato porque é carente, ou bobo mesmo. O pobre quer mostrar que ele é o melhor. Que sabe tudo, que já viajou para todos os lugares, que conhece tudo e todos, esse é o pobre. O chato só é chato, fala demais, reclama demais, mas o pobre faz tudo isso para o colocar em destaque, para que todos o vejam como alguém diferenciado. Na verdade ele é diferenciado, pois é POBRE! Já falei que gritar é coisa de pobre, né? Pois é, esse é o meu maior incômodo. Não gosto de gritaria, mas sei que às vezes eu exagero e acabo falando alto. Mas tenho consciência que não é certo, e na primeira bronca eu paro. Me incomoda ir almoçar e aquela mesa ao lado está parecendo um galinheiro em dia de mudança de ração. As mulheres parecem que moraram muito tempo do lado da cachoeira, e tinham que urrar para se comunicar. Aí as pessoas começam a falar mais alto para poderem se comunicar. Quando você pensa que não pode piorar, começa nessa mesma mesa: “PARABÉNS PRA VOCÊ...” Afe... Aí o Tigrão começa a berrar e esbofetear a mesa: “É PICA, É PICA”. Bonito demais. Bando de pobres. E já dizia Justo Veríssimo: Odeio pobre!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Detalhes tão pequenos...


Eu me interesso por detalhes. Mas normalmente só os detalhes que me interessam. Não quero ouvir uma conversa longa sobre um dia no cabeleireiro, ou um passeio no supermercado, ou o final da novela, mas me interesso por detalhes de coisas que me interessam, lógico. Acho que acontece com você também. Conversa com muito detalhe vai ficando chata, monótona e se torna um monólogo, pois só uma pessoa fala e a outra torce. Torce pra acabar logo.

Me lembro que um dia minha avó foi ao médico e minha mãe foi levá-la. Cheguei em casa querendo saber o que tinha dado, o que o médico tinha falado e tal. Aí perguntei à minha mãe e ela começou o relato: “Então, saí daqui eram 8h34...” Já interrompi de cara dizendo: “Mãe, vamos para os gols. Não quero saber do jogo todo...”. E ela: “Calma, deixa eu contar...” Aí, eu sentei, respirei fundo e tentei matar minha curiosidade com contrações estomacais fortes até a conversa ser desenrolada como numa novela de Manoel Carlos, cheia de detalhes completamente irrelevantes para o caso (nossa, acabei de me lembrar de um amigo meu aqui do trabalho...). Bem, ouvi que ela teve dificuldade de estacionar, que um rapaz a ajudou a colocar o carro na vaga, por sinal um rapaz muito bom, novinho, com cabelo castanho, que estava parado lá na frente de bobeira, parecido com o fulano de tal... E por aí foi. Bem, chegamos à conversa com o médico. Aí me animei, sentei direito no sofá e disse pra mim mesmo: “Sim, é agora!”. Aí começou: “O consultório era limpinho, sabe? Tudo novinho... Uma recepcionista linda, parecia a Priscilla. Aí, o médico nos atendeu. Precisa ver... Ele era novo, bonitão assim, sabe? De bigode... Parecia o tio...” Ai, ai... Já me afundei de novo no sofá e só na cacetada pra cima da curiosidade de novo, que dessa vez revidava aos prantos dentro do meu estômago já incandescente. Depois de uma meia hora de conversa veio a informação que minha avó não tinha nada. Graças a Deus, pensei mas poderia ter me falado tudo isso em... deixa eu ver... 4 segundos! "Ai, você é muito chato, Rodrigo".

Bom, tudo isso posto para relatar que estou lendo o médico e o monstro. Sim, não tem muita coisa a ver com minha avó ter ido no médico, mas o fato é que procurei saber mais detalhes no livro “The Strange case of Dr. Jekyll and Mr.Hyde”. Detalhe esse que me interessa, já que a maioria nunca ouviu falar em Robert Louis Stevenson. Confesso que não lembrava o nome do autor também. Bem, resumindo, resolvi procurar a respeito desse livro depois de inúmeras referências em outras obras, tanto literárias como nos filmes, onde posso citar ao menos dois: A Liga Extraordinária (que Alan Moore me perdôe) e Van Helsing. Além do gibi já citado A Liga Extraordinária, de Alan Moore, que nada tem a ver com o podre filme, pois é um excelente gibi.

O que Hollywood pinta do monstro não tem muito a ver com o livro, já que o senhor Hyde é feio, um tanto deformado, mas nada de ter 4 metros de altura, meio homem meio Hulk, e ser completamente animal. Ele é uma pessoa pequena e muito estranha, chegando a dar repulsa nas pessoas que o odeiam nos primeiros segundos de contato. O livro é um relado do advogato Utterson em busca de saber quem é este enigmático Mr. Hyde e o motivo do renomado médico Dr. Jekyll ter deixado sua fortuna de herança para ele. Muito bem escrito, mas ainda não terminei de ler. Estou lendo-o junto com mais alguns outros. Tenho esse hábito estranho de ler vários livros ao mesmo tempo. Apesar de já ter tentado ler um de cada vez, parece que alguma coisa me atrai para ler um livro novo, ali parado me olhando... Ops! Desculpe se pareceu com os relatos da minha mãe... Vou finalizar já, espera, deixa eu contar...

Então, o fato é que acho interessante ler as obras originais ao invés de se basear nas referências dessa obra, que por muitas vezes deturpam a imagem que se tem dos personagens ou do sentido do livro em questão, como foi no caso da fisionomia e bestialidade do Mr. Hyde. Isso gera superficialidade no assunto e muitas confusões mentais. Recomendo aqui mais esse livro. E vamos para os gols! Ah, não... vamos esquecer o futebol por alguns dias...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Proibido Animais


Não importa aonde eu sente, que cinema eu vá, sempre atraio animais. Deveria existir uma placa proibindo os bichos dentro das sessões, mas mesmo assim as pessoas levam seus bichinhos e acham que estão agradando quem quer ver o filme. O bichinho pode até não ter culpa, coitado, por ser irracional, mas o dono deveria se tocar e ter um mínimo de educação e deixar seu pet em casa quando for para o cinema.


Ontem fui assistir Homem de Ferro, no Shopping Jardim Sul. Escolhi quarta-feira justamente porque no Shopping Jardim Sul não tem desconto de meia-entrada e assim as sessões ficam vazias, permitindo quem quer ver o filme realmente assisti-lo. Então, entrei primeiro, escolhi o lugar do meio pro fundo da sala e fiquei lá esperando. Eis então que as luzes se apagam e para minha surpresa uma menina entra com seu bichinho de estimação querido. Senta onde? Atrás da minha poltrona! É importante notar que esse tipo de pessoa entra com a sessão já rolando, para não dar tempo nem vontade de quem está lá mudar de lugar, pois está o maior breu e você pensa dez vezes antes de levantar. Bem, o fato é que entra a menina com seu namorado, no caso, o bichinho dela. E começa o filme e começa a anta a tagarelar. Foi o filme todo fazendo comentários ridículos, narrando as próximas cenas (parecia o Galvão Bueno), gritando a torto e à direito e chutando a minha cadeira. Ah, ele fazia os sons com a boca também, e talvez deveriam premiá-lo com o Oscar de melhor sonoplastia bucal. Fora as risadas fora de contexto (só quando ele entendia a piada) e o volume dessas risadas.

A pergunta que me fiz foi a seguinte: Por que será que um idiota como esse vai ver um filme como esse (de quadrinhos) em uma sessão como aquela num shopping como aquele? Não seria mais natural ele ir num sábado à noite, junto com um bando de adolescentes alucinados que também gritam como ele, atiram balas de goma na cabeça dos senhores e dão risada alta de cenas tristes? Por que uma anta acéfala lobotomizada dessas vai atrapalhar o pessoal que não é como ele, não se comporta como ele e tem algo que ele nunca vai ter que é educação? Será que ele achou que estava agradando? Que a maioria das pessoas não tem educação a gente já está careca de saber, mas foi por isso que escolhi aquela sessão, naquele cinema, naquele dia e naquele horário (20h40 da noite). Justamente para evitar os tigrões. Tigrão é aquela pessoa que se você está junto com ela você sente vergonha pela pessoa. Já sentiu isso? Essa pessoa sempre fala alto em locais públicos, arruma confusão, briga, ri em um milhão de decibéis, e atrapalha as sessões de cinema... O CHATO. Realmente é muito ruim ter que aguentar um treco desses ainda mais se você não está com o treco, mas apenas ficou perto por puro acidente.

Acho que vou criar o movimento “Não leve seu animal no cinema”. Será que a moda pega? Antes das sessões então deveríamos ter aqueles vídeos de proibido fumar, proibido celular e proibido animais. Deveríamos adestrar esses bichos ou então pedir encarecidamente às suas namoradas que não os levem junto. Deixe-os no pet-shop enquanto ela vê o filme.

Revolta é pouco. Mas o filme é muito bom. Vale a pena assistir, se você conseguir. Boa Sorte!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Divertidos e malucos


Estou lendo o segundo volume da série básica de 38 livros (isso mesmo, trinta e oito) do Terry Pratchett chamado “A Luz Fantástica”, da Editora Conrad. Essa série chamada Discworld conta a história de um Universo plano sobre as costas de quatro elefantes que por sua vez se equilibram no casco de uma gigante tartatuga, chamada Grande A'Tuin. Essa tartaruga vaga lentamente pelo vácuo do espaço. Essa série de livros já foi traduzida para 27 línguas, tamanha sua popularidade. Se você gosta de humor inglês, pode comprar sem medo de errar. Faço um pararelo do primeiro livro, chamado “A Cor da Magia”, onde tudo começa, com outra série de cinco livros do “Guia do Mochileiro das Galáxias” (Douglas Adams). Acredito que exista uma inspiração de Pratchett no Guia do Mochileiro (além de Tolkien, Robert Howard, H. P. Lovecraft e Shakespeare) pois ambos os livros contam histórias absurdas em situações mais absurdas ainda, basicamente com duas pessoas principais e um acompanhante engraçado, que no caso do livro de Pratchett é a bagagem de um dos personagens que é “viva” através de um tipo de magia. No livro de Douglas Adams é o Marvin, o divertidíssimo robô depressivo que acompanha Arthur Dent e Ford Prefect. Já no livro de Pratchett a bagagem acompanha a viagem de Duasflor e o mago Rincewind. A séria do mochileiro saiu em 1978 no rádio e virou livro em 1979. O Discworld teve sua primeira publicação em 1983.


Essa série de livros tem como objetivo principal não ter objetivo nenhum, e você se vê num ambiente completamente pirado, com tiradas de humor geniais e outras tão malucas que a risada é a sua única companheira. Difícil explicar o que se trata, já que não se trata de nada plausível. O livro de Pratchett (Série Discworld – A Cor da Magia) conta histórias sobre esse universo maluco e as trapalhadas do mago Rincewind (nos primeiros volumes). O livro de Douglas Adams (Série Guia do Mochileiro) baseia-se nas aventuras de Arthur Dent, da Inglaterra, na situação em que o planeta Terra está sendo destruído (ou demolido) pelos Vogons para a construção de uma via expressa hiperespacial (!), que por acaso passaria por aqui. Idéias absurdas e aventuras divertidas é o que essas duas séries conferem para quem a experimenta. Não dá para explicar muito mas vale a pena ler. Recentemente saiu um filme do Guia do Mochileiro das Galáxias, mas nem se compara ao livro.

Existem frases malucas e aparentemente soltas no livro como por exemplo no Guia do Mochileiro: “A poesia vogon é, como todos sabem, a terceira pior do Universo. Em segundo lugar vem a poesia dos azgodos de Kria. Durante um recital em que seu Mestre Poeta, Gruntos, o Flatulento, leu sua 'Ode ao pedacinho de massa de vidraceiro verde que encontrei no meu sovaco numa manhã de verão', quatro pessoas da platéia morreram de hemorragia interna, e o presidente do Conselho Centro-Galático de Marmelada Artística só conseguiu sobreviver roendo uma de suas próprias pernas completamente. (...) A pior poesia de todas desapareceu com sua criadora, Paula Nancy Millstone Jennings, de Greenbridge, Essex, Inglaterra, com a destruição do planeta Terra.” - O Guia do Mochileiro das Galáxias, capítulo 7, página 71. Esse trecho é uma brincadeira de Adams para com seu amigo de escola Paul Neil Milne Johnstone. Já o livro de Pratchett conta com situações também divertidas como por exemplo a explicação da palavra Taumo: “Taumo é a unidade básica de força mágica. Foi estabelecido universalmente como a quantidade de magia necessária para fazer surgir um pombinho branco ou três bolas de bilhar de tamanho padrão”. A Luz Fantástica, página 40.


Curiosidades à parte, um site tradutor online famoso é o babel fish, que tem esse nome devido à uma referência no livro do Guia do Mochileiro das Galáxias de um peixe chamado Peixe Babel usado para tradução simultânea quando enfiado no ouvido.


Vale a pena conferir.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Peixe babel


Estava conversando com meus amigos no almoço e resolvi voltar ao assunto sobre traduções, conforme disse no artigo do livro O Físico. Agora sou obrigado a citar que estive conversando com meus amigos todas as vezes que for escrever um novo post, pois da última vez deu o maior barraco.

Bem, estavamos falando mais especificamente de traduções dos nomes dos filmes para o português. Vou expressar minha opinião e sei que muitos podem não concordar, me achar radical demais, xiita, etc, mas quero expor aqui o que penso sem muito radicalismo. Os nomes dos filmes deveriam ter sua tradução exata do inglês, ou pelo menos o seu sentido, quando a tradução ao pé da letra não deve ser feita. A língua inglesa é complicada por não ter origem direta da língua latina, e muitas vezes algumas coisas ficam completamente sem sentido, como por exemplo “Out of blue” ou “Out of the blue” significar “Do nada” quando se fossemos traduzir ao pé da letra ficaria algo como “fora do azul” que não tem nada a ver. Mas o pessoal aqui costuma sacanear a coisa, como a maioria das coisas no Brasil, e aí descamba para a palhaçada. Acho que em muitas vezes os tradutores acabaram de se matricular num curso de inglês da Escolinha da Tia Naná, pois não é possível o que fazem por aí. O pior de tudo são nomes que ferem o sentido do filme, como por exemplo a tradução de “Jay & Silent Bob Strike Back”, filme de Kevin Smith que é uma continuação da dupla Jay e o Silent Bob do filme Clerks, um marco do mundo nerd, ficou como “O Império (do besteirol) Contra-Ataca”. Ridículo é pouco. Nota-se claramente que a anta que traduziu não tinha a menor idéia que filme era esse. Aí as desculpas são: “Ah, mas se colocar o filme direto do inglês não vende”. Gente, esse filme é filme NERD, não é para sua titia assistir. Tem que saber quem é Kevin Smith, tem que ter assistido Clerks (que não tem no Brasil) e tem que ser Nerd para entender. Se você pegar a sua sogra e mostrar esse filme para ela, é claro que ela vai achar uma bosta. Ela viu Clerks? Ela é Nerd? Ela sabe quem é Kevin Smith? Conhece o gênero? Então vá ver Xuxa e os Duendes, pô. Não sacaneia quem sabe que filme é esse. Os nomes dos filmes pornográficos são excelentes, pois quem os assiste não quer saber de história nem de roteiro, apesar de alguns serem exagerados, como “The power machine girl” ser traduzido para “Socorro, façam minha mulher parar de gozar!”. Muito bom...

Alguns exemplos ridículos: Evil Dead foi traduzido para “Uma Noite Alucinante”. Pára! É o primeiro trabalho do Brian Singer (Superman - O Retorno, X-Men 1 e 2) e também um marco Nerd que o pessoal revolveu achar que era bom traduzir para que sua avó fosse aos cinemas. Outro: “Breakfast at Tiffany's” virou “Bonequinha de Luxo”. Tudo a ver.

E quando não entendem o filme e resolvem traduzir assim mesmo? Aí vem aquelas coisas como: “Onde os Fracos Não Tem Vez”. O título original é “No Country for Old Men”, pois nota-se um sentido também quanto ao personagem de Tommy Lee Jones (O velho policial) perseguindo o bandido, mas ele já está velho (OLD) e daí a trama do nome do filme. Agradeço ao meu amigo Garcia por essa observação (tá vendo, agora coloquei a referência).

Outra coisa mais ridícula é colocar o nome em inglês e depois uma espécie de explicação, como em “Pulp Fiction, Tempo de Violência”, como se Pulp Fiction significasse “Tempo de Violência”. “Jurassic Park, O Parque dos Dinossauros”, como se a palavra Jurassic não tivesse nada a ver com o período da era mesozóica. Absurdos... E outra: “Jaws” foi traduzido como “Tubarão”, claro. Já que Jaws são mandíbulas, poderia facilmente ser “traduzido” como o Tubarão, né? Outra coisa são aqueles filmes que pelo nome você nem se aventura a ver, como as terminações de filmes como “...do barulho”, “... muito louco”, “... é demais”, “... do futuro” ou os que iniciam em “Deu a louca...”.

A imaginação é o forte desse pessoal que traduz os filmes. Eles pelo menos poderiam de se dar o trabalho de assistir ao menos um pedaço do filme para saber do que se trata antes de passar o rótulo. Talvez não teríamos títulos como “A Noviça Rebelde” (The Sound Of Music) ou “Deu a Louca na Chapeuzinho” (Hoodwinked), onde a Chapeuzinho, no caso, é a normal da história. O filme “Amnésia” trata-se de um cara que NÃO TEM amnésia, como ele mesmo diz no filme. O título original é “Memento”, ou lembrança. Esse então é bravo: “Mata-me de prazer” tem o seu título original de “Killing Me Softly”, ou Mata-me Lentamente, que deixou a confusão do nome para que as pessoas levassem o RG no cinema para poder entrar na sessão, imaginando algo mais forte.

Portanto minha opinião é essa: Não mudem a tradução! Traduzam o que é (ou seu sentido quando a tradução é impossível). Assim evitaríamos essa palhaçada de nomes e tradutores ignorantes, permitindo ao público decidir assistir ao filme ao invés de desistir já no título. As traduções ridículas para chamar público até que poderiam fazer sentido no passado, mas hoje já perderam totalmente o nexo de existir.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Out of Blue


O assunto é bastante denso mas eu gostaria de pelo menos começar a falar sobre isso. Você ter dúvidas é perfeitamente normal. Você achar que sua fé é pouca, e assim não teria subsídios de entrar no Reino dos Céus, é um mal entendimento. Vamos à história. Antigamente, na época de Moisés, existia a Lei. A Lei era soberana de Deus e quem desobedecia pagava o preço dessa desobediência, muitas vezes com a vida. Bem, o mundo caminhou assim por muito tempo. Aí Deus enviou Jesus. Muito bem, vamos ver o que aconteceu. Jesus carregou com Ele o pecado do mundo, todos sabem disso mas poucos entendem realmente. O que significa carregar o pecado do mundo? Significa que se você matar alguém hoje, Deus não vai lhe matar. Por que? Porque Jesus morreu para carregar esse suposto pecado com Ele. Então, se você matar alguém a Graça de Deus ainda pode te salvar. É justo? Sim, pois Deus só enviou o filho Dele, perfeito, para morrer por nós, então a outra ponta da balança é a podridão do homem, seus pecados, que balanceiam com a perfeição de Jesus, que cumpriu toda a lei de Deus e ainda carregou os pecados inocente.

Se você acha a Bíblia muito complicada, saiba que não está sozinho. Por isso Jesus veio e disse o seguinte: Gente, vamos facilitar as coisas aqui. Vocês precisam entender basicamente dois mandamentos: Um é para amar a Deus acima de qualquer coisa. Isso significa amar a Deus sobre todas as coisas, ou seja, mais que seu filho, mais que sua esposa, mais que seu periquito, emprego, cachorro, comida preferida e por aí vai. E mais que você mesmo. A segunda coisa que Jesus disse é: Ame seu próximo como Eu vos amei. Se você fizer essas duas coisas, tá mais que ótimo. Aí agora é só crer em Jesus, que ele é o próprio Deus que ressucitou em carne e osso e foi pro Céu, ficando à direita do Pai. Está acompanhando? Jesus disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai se não por mim” Isso está em João 14:6. Quer dizer o quê?

Você vai pro Céu se for bonzinho?

Não!

Você vai para o Céu se for Católico ou Crente ou de qualquer outra religião?

Não!

Você vai para o Céu somente se tiver vivido uma vida descente?

Não!

Ah tá, mas se eu pedir pra virgem Maria eu tô lá, né?

Opa, não também.

E pro Santo Expedido que eu pedi tanto?

Putz, jogou seu tempo fora...

E passe, serve?

Hum... nem de metrô da linha celeste.

Filho, você só sobe pra lá se crer em Jesus. Tá entendendo? É muito simples, mas o povo complica demais. Aí fazem religiões e mais religiões. Umas não pode comer carne de porco. Outras não podem trabalhar no sábado. Outras não cortam o cabelo. Outras com regras mais absurdas... Isso ajuda a ir pro Céu? NÃÃÃÃÃOOO! Pára de se confundir, filho. Isso só gera briga de irmãos. É ateu pra lá, herege pra cá, macumbeiro assim, fanático assado... Pra quê isso? Me fala?

Se fosse muito complexo ir para o Céu, que fosse preciso um vasto estudo da palavra e tal, você acha que os analfabetos iriam para o céu? Acha que as crianças iriam? Acha que a Carla Perez iria? E seria justo isso? Bem... no caso da Carla Perez... Olha, eu não sou Deus... Não tenho essa Graça toda...


Ir para o Céu = Crer em Jesus. That’s it! Aí, crendo em Jesus faz o seguinte: 1) Ame a Deus sobre todas as coisas e 2) Ame o próximo como Jesus Cristo nos amou. Um montão de conseqüências vem com isso, sabia? Você não vai matar, não vai roubar, vai dar bom testemunho, vai amar os outros, vai fazer boas obras, vai ajudar, vai respeitar os pais, etc, etc... (parece com a lei...)

Deus na sua infinita Graça (essa palavra é inexplicável, mas quer dizer algo como “você não merece mas Eu te dou sem cobrar nada”), nos dá a salvação. Não precisa de boas obras, nem ser bonzinho, nem parar de beber, nem deixar a sovaqueira peluda, nem pedir pros guias (aliás, eu peço pros guias quando estou procurando as ruas, mas isso é outra coisa).

Esse artigo é meio do nada, mas acho que precisava escrevê-lo. Tá, mas tudo isso que escrevi é fácil de fazer? Também não, mas vale a pena tentar. Ô se vale.



PS: "Out of blue" significa "Do nada", como esse artigo me veio à cabeça.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ler ou não ler?


Existe uma forte campanha implícita apologética da leitura, que rola nos meios acadêmicos e em poucas rodas sociais (no bom sentido, é claro). O incentivo é ler. Leia qualquer coisa, mas leia. Acabei de ler o livro que fala para não lermos mais livros (que paradoxo!). Enfim, fiquei curioso após ler a resenha do livro em uma dessas revistas semanais, na qual o camarada que estava resumindo o livro obviamente não o leu. Na verdade nem passou perto de lê-lo, sendo fiel até demais do título. “Como falar de livros que não lemos?” trata com respeito o incentivo não à não-leitura, mas como se situar no mar de livros que existem por aí e que algumas vezes alguém se vê obrigado a discutir determinado livro que não leu, mas apenas ouviu falar. O livro é de um professor de literatura francês (!) chamado Pierre Bayard que prega sobre o conhecimento de uma determinada obra ser mais válido não por meio do conhecimento completo do conteúdo todo do livro, mas apenas do que trata o livro e pela situação em este se encontra num comparativo com outras obras numa determinada época.

É um livro interessante, embora muito do que ele prega fica longe da realidade, principalmente aqui no Brasil. Por exemplo, ele prega muito contra a vergonha de dizer que não leu determinada obra, como se nós brasileiros tivéssemos alguma vergonha de não ter lido algum livro. Nesse ponto ele se distancia muito, já que no Brasil alguém que lê muito é considerado estranho pela maioria da população brasileira que a cada dia fica mais ignorante e não-qualificada, como todos já sabem (ou pelo menos deveriam).

Uma outra coisa interessante que gostaria de saber é o motivo de mudarem a capa dos livros após traduzi-los. Alguém poderia me dizer por que pega-se uma capa legal e faz-se um trabalho porcaria? Não posso reclamar muito, já que pelo menos o nome do livro não é mudado, ao contrário dos nomes dos filmes (com exceção do Físico que é Médico, conforme artigo anterior), mas mudar a capa é muito estranho pra mim. A capa da versão em inglês está no começo do artigo, mas já a capa brasileira é horrível. Depois procure pra você ver.


Vale a pena ler esse livro? Eu acho que não. Um bom artigo resolveria, pois senti uma certa enrolação, citando muitas obras para dizer a mesma coisa. Pontos fortes do livro: Uma discussão sobre uma mulher que vai até uma tribo da África para encenar Hamlet à um grupo indígena distante da civilização, achando que eles iriam entender a obra (sendo a obra de entendimento universal para ela), o que não acontece, pois os índios não acreditam em fantasmas...

Outro ponto legal é uma longa discussão sobre “O Nome da Rosa”, livro excelente que eu li e Bayard dá uma resumida muito boa na obra, me fazendo lembrar de detalhes há muito tempo esquecidos. Bem, eu daria uma nota 5,5 ao livro. Não é nada de mais.