sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mc. 12:30


Dizem que era um cara pilantra. Nada dava jeito naquele rapaz. Parece que tudo quanto havia de errado no mundo ele entrava mais cedo na fila para fazer primeiro que todos. Não tinha o amor da família. Ninguém gostava dele, era óbvio. Assim sendo ele continuava a cometer as suas pilantragens, enganações, roubos e quiçá mortes, talvez indiretas. Não havia juiz que o julgasse, pois não havia crime capaz de pegar o safo rapaz. Um belo dia ele encontra uma mulher. Linda, jovem, bondosa e amorosa. Conhecera por intermédio do acaso, quando pediu informação em uma loja por um determinado endereço onde iria fazer mais um trambique. A jovem o respondeu com elegância e carinho, enquanto o balconista fez desdém, já prescentindo a figura incorreta.

Começaram a conversar meio que sem querer. O rapaz gostou muito da moça. Apesar de afortunado, não conseguiu impressioná-la com suas grandezas. Ela pareceu não se importar em nada com isso. Estava mais preocupada em assuntos dele próprio do que das coisas que lhe pertenciam. Então, marcaram por fim de se encontrar, para conversar melhor e tomar alguma coisa. Não demorou muito, dias depois começaram um pré namoro. De pré namoro chegou de vez o amor e tocou a ambos. Após um curto tempo, o rapaz não conseguia sair com mais ninguém além de sua namorada. Chegou a ficar preocupado, mas realmente sentia algo pela moça que se diferenciava do que um dia já sentiu por alguém. Assim, preferiu não trair. Seus amigos mais chegados e mergulhados também na vida lasciva suspeitaram. “O que será que há de errado com ele?” Perguntavam. “Já não é mais o mesmo”. “Será que virou viado?”. Mas o rapaz não traía porque era impedido, pois a moça nunca havia lhe cobrado nada, não havia lhe perguntado nada por onde andava. Estava interessada nele, na sua pessoa, sem posse, sem ciúmes. De tanto amor por ela começou a fazer as coisas certas, começando pela fidelidade.

Perdeu amigos. Ganhou antipatias. Fez novas alianças comerciais dessa vez corretas. Ganhou mais dinheiro do que pensava, mas perdeu muito no começo, quase desistindo de mudar. A felicidade chegou num belo dia, assim de surpresa. Quando viu estava casado, com filhos e longe daquela podridão que pertenceu. Não acreditava como isso lhe acontecera, só sabia que havia encontrado alguém especial que mudara sua vida. Teve muitos problemas, mas sempre superava-os de tempos em tempos. Agora eram mais difíceis de serem resolvidos, já que o caminho do justo tem mais pedras. Não importava. Seguia sempre em frente. E assim descobriu que era feliz.

Perguntou muito tempo depois o porquê de não ter feito algumas escolhas antes. E ela, como poderia tê-lo escolhido naquela condição? Ela era tão justa, tão honesta... Mistérios, pensou... Graças a Deus a encontrou. Deus... Agora acreditava em Deus... Foi até batizado na igreja um bom tempo atrás, logo que decidiu abandonar de vez a vida errada. Quem diria? Quem iria acreditar em sua história? Foi então que a ficha caiu. Será que Deus o amava? Como poderia tê-lo amado? Foi ele que o presenteou com ela? Não poderia ser, pensou ele, pois fora o antagônico do cristão. Cristão era tudo certinho, tudo bobo. Usavam aquelas roupas quadradas... Aqueles cabelos... Agora ele frequentava a igreja. Era um bobo como os demais, mas não se achava bobo e nem bobo os demais. Voltou à questão: Como Deus poderia amá-lo? Quando começou ir à igreja ainda fazia suas pilantragens. Em menor número mas fazia. Ainda não era correto. Com ela sim, no caso da traição, mas não com Deus. E suas preces eram respondidas com frequência. As passagens Bíblicas pareciam falar diretamente a ele certas vezes. A vergonha o intimidava muitas vezes.

Muito estranho. Foi entendendo aos poucos. Viu que não precisava ser certo para aceitar. Viu que não precisava largar o ser pilantra para que Deus o amasse. Não precisava andar com certos para que Deus estivesse em sua vida. E por esse amor que tinha por Deus, fazia as coisas certas, assim, meio que sem querer. Estava clareando as idéias. Traçou um pararelo com ela. Deixou de sair com outras por amor a ela, não por pressão. O mesmo lhe acontecia com as demais coisas. Não era por ameaça ou coação, era por amor. Não queria desapontar aquele que o amava incondicionalmente. E fazia o justo, por amor a Deus, a Jesus. Ah, entendeu. Teve chance de viver um boa vida. Se perguntou novamente: Por que não procurou isso antes? Lembrou-se que havia entendido errado. Não precisava mudar para seguir a Deus. Era por seguir a Deus que mudara. Hoje sabia que as coisas por muitas vezes eram entendidas ao contrário. A maioria acharia que precisaria mudar antes. Não, não precisa, ele pensou. Você vai acabar mudando, mas vá como está. Não são regras, não são leis, é só o amor. Ele é o agente da mudança. É esse o ingrediente fundamental. Havia achado a fórmula mágica! Pena que sentia dificuldades de passar isso adiante. Viu seus pecados perdoados. Suas quedas não deixavam de acontecer, porém eram protegidas quando vinham. Era essa a resposta. Era o amor.

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”
Marcos 12:30-31

2 comentários:

Garcia Filho disse...

Bela postagem.

Cristiano Silva disse...

Deus, por Seu Amor, nos deu aquilo que não merecíamos (Cristo). E por Sua Misericórdia, não nos deu aquilo que merecíamos (sua Ira).

Que você sempre escreva belos textos como este, reflexo de que Deus traz à sua mente as coisas que te dão esperança.

(E que Deus te inspire também através do "ir à Igreja" hehehehehe)

Abraços.