“O acervo de livros disponíveis em acervos de bibliotecas e pontos de leitura municipais por habitante com
15 anos ou mais vem diminuindo desde 2006 ”. Essa notícia veio do site Nossa São Paulo, uma espécie de comunidade paulistana sem
fins lucrativos, indicando que da média de 2 livros por habitante recomendado pela Unesco, São
Paulo possui apenas 0,22 livros disponíveis por habitante na maioria dos 96 distritos analisados. Já não é novidade que os brasileiros não leem como deveriam, mas acredito que essa
tendência de baixo índice de leitura de livros não seja exclusiva nossa. Com a vinda da internet
e a grande disponibilidade de notícias, ler um livro do começo ao fim vem sendo cada vez mais difícil.
Como citei em posts anteriores, o livro The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains,
de Nicholas Carr, propõe que o uso da Internet desvincula o cérebro da atenção necessária para se ler
um livro, ou fazer alguma atividade que requer atenção exclusiva e dedicada. Nosso cérebro já foi
adequado para um mundo dinâmico, onde as informações chegam e vão rapidamente. Se é bom
ou ruim, só o tempo dirá, mas não temos mais a capacidade de atenção de antigamente.
Porém, assim como o mundo se moderniza, os livros também se modernizam. O livro digital
é uma forma de disponibilidade maior de acervo literário, e também se a internet ajuda a
nos tornarmos estúpidos, também oferece conteúdo educativo de qualidade, como a KhanAcademy, o Google Art,
a Enciclopédia Britânica, e mais recentemente o Knewton . Esse último me chamou a atenção e é o motivo desse post.
O Knewton é um projeto que combina textos, multimídia e conteúdo personalizado em prol da boa educação do aluno, tornando o hábito de aprender uma atividade divertida. A grande vantagem do
Knewton e de sua plataforma de aprendizado adaptativo é a capacidade de iteratividade. Através de
exercícios e questionários o programa “aprende” os pontos fortes e pontos fracos de cada estudante,
ajustando o material de aprendizado em tempo real. Em vez de oferecer um conteúdo igual a
todos, a tecnologia do Knewton molda o material a fim de que cada estudante receba uma educação
personalizada que atenda a necessidade individual de cada um. Imagine o seguinte: Após analisar
os pontos fortes e fracos de um estudante em particular, o programa determina se vai apresentar
o próximo conceito em forma de texto, vídeo, exercícios interativos ou vídeo game! Ele pode
apresentar um resumo da matéria ou uma explicação mais detalhada, de acordo com o interesse do
aluno. O programa ainda pode sugerir parceiros de estudo em classes que possuem estilos de estudo
semelhantes.
Algumas universidades americanas já estão usando o programa, como a Universidade
Penn State, a Universidade do Arizona, a Mount St. Mary, Universidade de Nevada e a
Universidade de Washington. Existe um vídeo em inglês que dá uma noção de como é
aprender com o Knewton, no meio dessa página, de onde tirei o material desse post, e explica
como o programa ajuda no desenvolvimento do aprendizado, inclusive fazendo com que os pais
participem mais de perto na educação de seus filhos (e até pelo smart phone).
Esse tipo de educação me lembra vagamente a proposta de Jean Jacques Rousseau, filósofo francês
que discorreu sobre uma educação conhecida hoje como “consequencia natural”, cuja criança
poderia ter um tutor que lhe ensinasse por meio de experiências as consequencias de seus atos. O
Knewton pode ser esse tutor, que escolhe o que deve ser mostrado ou não à criança, de acordo com
sua aptidão e interesse.
Enfim, achei a ideia fantástica e espero que o aporte de 33 milhões de dólares que o programa
recebeu recentemente faça com que a ideia de uma educação personalizada seja solidificada como
uma boa maneira de ensino.
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