quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As mulheres e a programação


Umas das coisas que considero curiosa sobre a área de programação de computadores é a ausência de mulheres. Não sou ignorante o suficiente para acreditar em capacidade cerebral maior de homens em relação às mulheres, logo essa dúvida de um número tão pequeno de mulheres programadoras me chama a atenção. Particularmente, acredito que a maneira em que se trabalha com programação nas empresas hoje em dia está míope. Preza-se muito a capacidade individual do programador, mas nada se exige quanto ao trabalho em grupo.
Recentemente saiu uma pesquisa do Centro de Inteligência Coletiva do M.I.T. (Massachusetts Institute of Technology) indicando que o segredo do sucesso de um grupo que executa várias tarefas diferentes está diretamente relacionado com a presença de mulheres entre seus membros. Assisti o vídeo da entrevista da pesquisadora Anita Williams Wollen, e ela diz que grupos conseguem desempenhar um melhor resultado quando esses indivíduos apresentam sensibilidade social (social sensitivity) elevada. Nesse grupo, os membros são igualmente participativos, diferenciando-se assim de um grupo menos produtivo, quando um único indivíduo fala e os outros apenas ouvem, por exemplo. Assim, a pesquisa conclui que a medida para a eficácia de um grupo está diretamente relacionada com trabalho em grupo em si, e não com o QI individual de seus membros.

Ora, então por que é que quando vamos fazer entrevistas de empregos, na enorme maioria das vezes somos testados somente com provas técnicas? Ou pior, quando entramos para trabalhar na empresa, por que é que as pessoas não podem conversar durante o trabalho, sendo imediatamente desencorajadas pelos seus superiores hierárquicos, que prezam o trabalho individual?

Recentemente na empresa estávamos desenvolvendo uma solução complexa de regras de negócios infindáveis, com diversos "buracos" lógicos que tentávamos evitar. Percebi que alguns problemas eram mais facilmente resolvidos quando conversávamos sobre esses cenários, dando sugestões, ou até mesmo simplesmente falando como achávamos que deveríamos resolver determinada situação. Muitas vezes, apenas falar com a pessoa ao lado já te traz a solução daquilo que se busca, e em alguns casos a pessoa pode ser apenas um ouvinte, e mesmo assim a resposta surge em sua mente. Penso que o trabalho em grupo na área de programação deveria ser incentivado em empresas, e não repelido, como acontece frequentemente. Quando você começa a conversar com seu colega, já vi chefes chegando e perguntando se você já terminou isso ou aquilo, numa clara tentativa de acabar com a "conversa", que para ele é só perda de tempo. Porém sabemos que exatamente o contrário. O grupo é mais inteligente que a soma dos QIs individuais dos membros desse grupo, e isso está sendo provado nessa pesquisa em questão.

Em programação, uma das maiores reclamações dos programadores é o retrabalho. Esse retrabalho normalmente acontece porque os cenários não foram cobertos suficientemente, ou porque algo "quebrou" no código em um pedaço que não foi levado em conta quando estava sendo desenvolvido. Isso poderia ser reduzido substancialmente se as empresas percebessem que a comunicação é sim importante, e um ambiente de trabalho "quieto" é também um ambiente de trabalho fadado à ineficiência.

E onde as mulheres entram nisso tudo? Mulheres são mais dispostas a entenderem a sensibilidade social, que seria algo como perceber o que um indivíduo está sentindo ou querendo dizer naquele momento baseado em suas espressões corporais ou entonação de voz. Mulheres observam mais, e naturalmente prestam mais atenção à detalhes que muitas vezes não percebemos, e isso é um ganho fundamental para a inteligência coletiva, ou Fator-C como é chamada. Por isso, um maior incentivo deveria ser dado às mulheres para adentrarem ao mercado da programação de computadores, criando ambientes descontraídos, pagando-se bem a elas, e incentivando-as nas universidades. Novamente digo que não acredito que as mulheres não tenham capacidade técnica de desempenhar o trabalho de um programador, mas acredito que elas olham tudo aquilo e acham realmente chato demais. E é isso que deve ser mudado.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Caranguejo com Cãimbra passou por aqui.

O post sobre mulheres X programação foi muito interessante.

Para quem se formou em Administração de Empresas, estudando ao lado de duas figuras, o Sr. Rodrigo Camargo está se saindo um grande blogueiro.

Adivinha quem sou ??? Das duas figuras, uma parecendo o Fofão você conversou essa semana, ou seja, eu sou...hehehe
Entre no meu blog http://caranguejoccaimbra.criarumblog.com/
e leia post "BULLING??? Naquele tempo não tinha isso não..." do dia 02/08 e vc descobre.

abraços
Caranguejo com Cãimbra