Fui no Fórum Cristão de Profissionais promovido pela Igreja Batista da Água Branca no dia 22 de novembro de 2010, cuja palestra (nesse link) deveria contar com a presença de Rodrigo Pimentel, o verdadeiro Capitão Nascimento, escritor de Elite da Tropa. Infelizmente ele não pode comparecer devido à operação na favela do Alemão, no Rio de Janeiro. A palestra do Ed Rene Kivitz foi muito boa, com tema de “Não Matarás”, mandamento de Deus escrito em Êxodo 20:13. Não tenho intenção de transmitir aqui apalestra, mas meu ponto de vista em relação a ela.
Naquela época, havia uma pseudo-sociedade judaica se formando ainda no deserto e Moisés recebeu as leis divinas e as transmitiu à população. Pela lei, quem matasse morreria, como punição. Ali, havia uma necessidade de formação de estado, com leis rígidas, e essas leis, principalmente os dez mandamentos, estariam fortemente ligados a formação das leis ocidentais de hoje, e não necessariamente com as mesmas penas impostas à época. A complicação acontece quando chega Jesus e diz para oferecer a outra face àquele que te agredir. Então, é para matar quem mata ou para oferecer a outra face?
O cristianismo é uma religião que prega o amor. Ele pega o amor e o coloca em primeiro lugar, mas não revoga a lei, mas seu cumprimento em detrimento da vida em sociedade, e o amor em detrimento das relações pessoais. Concordo que, baseado na palestra, quando você com autoridade de estado precisa impor uma lei, é necessário impor uma punição, e não necessariamente a morte, coisa que sou contra, mas alguma forma que dê a chance ao indivíduo se reintegrar à sociedade. Porém, o policial que matou ali, cumprindo seu dever, não recebe o crime de “não matarás”, porque está impondo a lei, seu dever como estado. Diferente seria se este entrasse em um barraco, o bandido colocasse sua arma no chão e desarmado levasse um tiro na cara. Aí sim seria assassinato, pois seria a vontade de um (o policial) perante a vontade do estado (a operação em si), fazendo justiça com as próprias mãos, ficando ele acima da lei, e portanto errado.
Portanto, como indivíduo, não devemos matar, e sim esperar a justiça fazer sua parte social, esperando em Deus a justiça individual, pagando o mal com o bem, como disse Paulo. E dar a outra face não significa, contudo, abaixar a cabeça e ir embora chorando. Isso é covardia. Dar a outra face não é fugir. É enfrentar omal. Como aquela cena do chinês no protesto na praça Tiananmem em 1989, em frente ao tanque de guerra, impedindo sua passagem, desarmado.
Quanto à pena de morte, quem seria justo o suficiente para julgar tal punição? Quando a prostituta cai aos pés de Jesus e o povo ali querendo o cumprimento da lei e a morte dela por apedrejamento, Jesus diz que está certo, a lei diz isso, então aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra. Qual justo ficou? Por isso não acredito que exista a possibilidade de tal julgamento final por parte de um país corrupto, composto de humanos e, portanto, falíveis. O desejo é de reintegração, de arrependimento, de resgate. Não posso e não quero pensar na justiça pelas próprias mãos, movido pelo ódio, que usurpa a razão. Acredito que cada um deve sim fazer sua parte social e não se render ao bandidismo, achando que se todo mundo faz também vou fazer, querendo levar vantagem em alguma coisa, mesmo que seja pequena, furando o farol vermelho, jogando um papel no chão, desrespeitando as vagas de idosos. O discurso moralista não significa que faço tudo isso, mas sim que desejo fazer tudo isso. É uma utopia, sei disso, mas assim também é boa parte do cristianismo, e é nessa utopia que penso que devemos viver buscando, todos os dias, cada dia mais.
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