sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Visto

Pronto, fim do mistério. Após minha curiosidade estar bem elevada e a expectativa para tirar o visto americano bem alta, hoje o caso foi resolvido. Vou explicar aqui os passos para que se alguém um dia queira fazer essa empreitada possa saber o que de fato acontece. Antes de resolver tirar o visto americano, caí na besteira de perguntar para alguns amigos meus como era o processo. Se você fizer isso é bem provável que desista de viajar para os Estados Unidos e compre um pacote de viagem para Americana mesmo, aqui pertinho. Todos meus amigos ou me desanimaram, com o papo tipo “Ah, é muito complicado, pediram até o atestado de compra da dentadura do meu avô que tinha morrido na guerra...”, ou então cercaram o caso de mistério, dizendo “Não sei como é direto. Foi fulano que fez pra mim. Desculpe, não sei.” Ou então “Ah tem que preencher uns trecos lá.”. Eu até estava imaginando que depois que você entrasse pela porta do consulado, uma galera faria uma iniciação satânica com você, estilo maçonaria, com espadas, negação de cristo, deus baal, etc. Estava um pouco apreensivo, pela quantidade de mistérios que as pessoas teimavam em não me falar. Ok, vamos ao que de fato acontece:

Primeiro passo: O agendamento. Entre no site www.visto-eua.com.br e faça seu cadastro. Você vai ter que pagar R$ 38,00 e poder cadastrar até cinco membros de sua família, ou seja, esposa e filhos. Não dá pra cadastrar a namorada/noiva/ficante, etc. Tenha em mãos seu passaporte, todos os documentos, seu currículo, carteirinha de vacinação do cachorro, peruca da sua tia avó, fotografia da sua professora do primeiro ano, etc. É muita coisa pra ler e preencher no site, portanto tenha tempo e paciência. Você vai preencher um monte de informações irrelevantes, do tipo: “Você pretende matar o presidente dos Estados Unidos com uma bomba? Sim / Não” “E com uma facada? Sim / Não”. “Ataque nuclear, talvez? Sim / Não”. Não consegui acreditar nas perguntas que li, mas beleza. Ignore, responda tudo Não e após concluído o parto, imprima os formulários 156 e 157. Se você vai para estudar nos Estados Unidos, terá que preencher o formulário 158 também, caso contrário não precisa. Basta uma via de cada. O formulário 156 já é impresso com as informações que você colocou, já o 157 você tem que preencher na mão e prepare-se para lembrar todos os cursos que você fez após o colegial. Eles gostam de ver se você estudou. Curiosidade é uma merda mesmo. Aí você agenda uma data, que deve ser de um mês pra frente, dependendo de quando você está agendando. Bem, tocando o barco pra frente:

Segundo passo: O Citi. Vá até uma agência do Citibank com a taxa EM DINHEIRO. No atual momento essa taxa é de US$ 131.00 por pessoa, que na conta do Citi dá R$ 262,00 (pois é, amigo. Convertem para R$ 2,00 mesmo que o dólar esteja menor, inclusive o dólar pararelo custar menos que isso. Rola um spread aí). Munido dos R$ 262,00 em dinheiro, entre na agência do Citi e PEGUE A MALDITA SENHA DO CAIXA, pois de nada adianta ficar igual a um dois de paus plantado na fila do caixa sem a merda da senha. Inclusive os guardas e funcionários ficam rindo dos trouxas que não pegam a senha e vêem depois de meia hora esperando que todo mundo passa na frente porque, obviamente, pegaram a senha. Bem, não vou dizer que eu era um desses trouxas, mas você já deve ter adivinhado. Pague a taxa e guarde a sete chaves o comprovante, que é uma tripinha de papel com um serrilhado para destacar as duas vias, uma vermelha e uma azul. Você vai usar isso dentro do consulado.

Terceiro passo: Separação. Separe toda a sua vida e tire cópias. Lembra daquele papelzinho de correio elegante que a menininha lindinha da terceira série B te mandou, dizendo que você era uma gracinha? Pois é, separe isso, tire uma xerox e coloque numa pasta bonita com a etiqueta “Levar ao Consulado”. Tire cópia de tudo. Documento do carro, da casa, da mobilete, identidade, cpf, rg, título de eleitor, conta da padaria, etc. Tudo que for relevante para que sua permanência no Brasil esteja ancorada. Inclusive tire cópia do contrato social de sua empresa se você for empresário ou PJ, e para todas as pessoas é importante a cópia da movimentação bancária. Se você não tiver uma renda comprovada ou então estar viajando com uma pessoa que está te pagando, você pode ter problemas. Não se esqueça da foto 5x5 ou 5x7 com data (não importa se a menina da Fotótica dizer que não precisa de data para o visto, porque precisa sim! Tire a foto com data).

Quarto passo: O grande dia. Chegou o dia de ir lá no consulado. Em São Paulo fica na rua atrás do Shopping Morumbi. Marquei para as oito horas da manhã. Cheguei sete e meia. Deixei o carro na P... madre que o pariu e tinha uma fila maior que a do INPS. Fora o frio de 10ºC e eu macho sem muita blusa. A garoa na orelha, povo aglomerado, uma delícia. Assim como no poupa tempo, tem uma galera vendendo os serviços de foto, de formulários, etc. Putz, tinha uma mulher vendendo guarda-chuva que ficava gritando "UMBRELLA!". Até pra colar a foto no formulário é cobrado R$ 2,00 (preço da cola de bastão com um super ágio). Não se preocupe com a foto, pois lá dentro eles grampeam no formulário. Depois de conseguir entrar no consulado, quer dizer, na fila de dentro, você é conduzido como um gado para o abate. Funcionários berrando várias instruções, povo desinformado que esqueceu tudo, pessoal de agência de viagens passando na sua frente, etc. Vá com paciência, amigo. A coisa é chata mesmo. Uma primeira triagem é feita e a menina vai te falar para preencher o restante dos dados que você ficou com medo de colocar ou não sabia o que por. Vai grapear sua foto e também aquela taxa do Citi e beleza.

Quinto passo: Lá dentro. Entrando no consulado, depois da triagem básica, você segue a faixa amarela (a única que tem) e vai se deparar com outra surpresa. Praticamente o mundo todo está tirando visto naquele dia. Muita gente mesmo. Pegue a senha com a menina do balcão e deixe com ela uma das partes da taxa paga (a parte vermelha). Fique de olho na TV de LCD que irá avisar quando sua senha estiver perto de ser chamada. Você passa por três partes: Deixa seu passaporte e documentos para serem analisados. Depois deixa suas digitais num outro guichê, novamente esperando sua vez no painel e retira o passaporte. E a última que é a entrevista.

Sexto passo: A entrevista. Fiquei observando a galera fazendo entrevista. É no balcão, de pé, no meio de todo mundo. Podem te perguntar quanto você ganha, motivo da viagem, etc. Para mim só perguntaram o motivo da viagem, e por que destino Nova York? Não me pediram nenhum documento. Fiquei até tarde da noite tirando cópia da coisa toda e voltei com tudo do jeito que levei. Bem, melhor assim. Visto aprovado.

Sétimo passo: Correio. Na saída do consulado terá um guichê para você pagar a taxa do correio, pois seu passaporte vai ficar com eles e depois será enviado por correio. A taxa custa R$ 19,00 e terá que ser paga em dinheiro. Ah, se você está casado mas sua esposa está com o passaporte usando o nome de solteira, você vai ter que morrer com duas taxas e dois envios.

Parece que agora estão liberando geral. O visto está fácil. Não vi nenhuma recusa, nem choro, nem confusão. Tudo tranquilo. Como a economia americana está se recuperando, é vantajoso para eles terem mais turistas, que deixam seus dólares no comércio insano do maior exemplo de capitalismo do mundo. Ufa, é isso.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fora de série

O Livro "Fora de Série" (Outliers) de Malcolm Gladwell trata de como certas pessoas chegam ao sucesso e outras não, e passa por uma série de explicações de alguns estudos e observações tanto do autor quanto de cientistas, que tentam explicar a fórmula mágica do sucesso. Um assunto um pouco batido, pois podemos observar as livrarias e bancas de jornal abarrotadas com temas de auto-ajuda, porém Outliers surpreende pela clareza com que o assunto é tratado. Não se trata de ensinar como fazer sucesso, nem como ficar rico, mas conta sobre o processo e os motivos que levaram certas pessoas a serem referências de êxito em suas atividades.

Parece que existe um padrão identificável em todos os indivíduos considerados pela sociedade um caso bem-sucedido, e o grande segredo envolvido em todos esses casos é uma prática da atividade em questão por dez mil horas antes do sucesso, ou vinte horas por semana durante 10 anos (cerca de 3h por dia), no que o indivíduo se propôs a fazer. Um exemplo tratado é Mozart, que só compôs algo genial quando tinha 21 anos. “Àquela altura, Mozart vinha compondo concertos havia 10 anos”, diz Gladwell. Ele também cita exemplos como Bill Gates, e o não tão popular, mas igualmente famoso Bill Joy, da Sun Microsystems. Passa também pelos Beatles, e jogadores famosos de hóquei e basquete. O padrão das dez mil horas de prática se repete em todos eles, antes do sucesso. Esse estudo das dez mil horas foi feito por um neurologista chamado Daniel Levitin que conseguiu encontrar esse padrão de dez mil horas de preparação “... entre compositores, jogadores de basquete, escritores de ficção, esquiadores, pianistas, jogadores de xadrez, mestres do crime, seja o que for, esse número sempre ressurge.”

Além da prática, a sorte parece ser a regra para as pessoas de sucesso. Estar na hora certa e no lugar certo, agarrar a oportunidade que cai no colo parece ser bem comum entre os bilionários.

Numa tentativa de explicar se a inteligência tem algo a ver com os casos propostos, Gladwell relata que a inteligência tem um limite quando o QI atinge certo nível, não importando se este é 150 ou 200. Não seria possível medir quem é mais gênio, pois com mais de 140 a pessoa é suficientemente inteligente para ser considerada um. Não só o QI importa, mas existe a inteligência prática, como nomeia o autor a inteligência pragmática, atuante no saber dizer e para quem, saber quando dizê-lo para obter o máximo de efeito.

Um livro muito interessante e uma das frases que me fez refletir bastante é: “Tudo que aprendemos nesse livro nos diz que o sucesso segue uma rota previsível. Os bem-sucedidos não são os mais brilhantes. Se fossem, Chris Langan [o homem mais inteligente dos Estados Unidos] estaria no mesmo nível de Eistein. Também vimos que o êxito não se resume à soma das decisões e dos esforços individuais. Trata-se de uma dádiva. Os vitoriosos são aqueles que receberam oportunidades e que tiveram força e presença de espírito para agarrá-las”.
Recomendo a leitura. “A lição é bem simples. No entanto é impressionante a freqüência com que a ignoramos.”

sábado, 1 de agosto de 2009

Deaf Song

Existem coisas na internet que são realmente engraçadas. Uma delas é esse vídeo do ator inglês David Armand interpretando o Austríaco Johann Lippowitz, um “artista de dança interpretativa”. O que ele faz no palco é uma mímica da música que está tocando, que ele chama de karaokê para surdo. Se você entende bem inglês vale a pena conferir, pois cada palavra da letra da música é transformada em mímica.
Este vídeo foi filmado em 2006 em um show na Inglaterra chamado “The Secret Policeman’s Ball” pela Anistia Internacional. Vale a pena conferir.



Outros vídeos podem ser vistos aqui e aqui.