Existe uma forte campanha implícita apologética da leitura, que rola nos meios acadêmicos e em poucas rodas sociais (no bom sentido, é claro). O incentivo é ler. Leia qualquer coisa, mas leia. Acabei de ler o livro que fala para não lermos mais livros (que paradoxo!). Enfim, fiquei curioso após ler a resenha do livro em uma dessas revistas semanais, na qual o camarada que estava resumindo o livro obviamente não o leu. Na verdade nem passou perto de lê-lo, sendo fiel até demais do título. “Como falar de livros que não lemos?” trata com respeito o incentivo não à não-leitura, mas como se situar no mar de livros que existem por aí e que algumas vezes alguém se vê obrigado a discutir determinado livro que não leu, mas apenas ouviu falar. O livro é de um professor de literatura francês (!) chamado Pierre Bayard que prega sobre o conhecimento de uma determinada obra ser mais válido não por meio do conhecimento completo do conteúdo todo do livro, mas apenas do que trata o livro e pela situação em este se encontra num comparativo com outras obras numa determinada época.
É um livro interessante, embora muito do que ele prega fica longe da realidade, principalmente aqui no Brasil. Por exemplo, ele prega muito contra a vergonha de dizer que não leu determinada obra, como se nós brasileiros tivéssemos alguma vergonha de não ter lido algum livro. Nesse ponto ele se distancia muito, já que no Brasil alguém que lê muito é considerado estranho pela maioria da população brasileira que a cada dia fica mais ignorante e não-qualificada, como todos já sabem (ou pelo menos deveriam).
Uma outra coisa interessante que gostaria de saber é o motivo de mudarem a capa dos livros após traduzi-los. Alguém poderia me dizer por que pega-se uma capa legal e faz-se um trabalho porcaria? Não posso reclamar muito, já que pelo menos o nome do livro não é mudado, ao contrário dos nomes dos filmes (com exceção do Físico que é Médico, conforme artigo anterior), mas mudar a capa é muito estranho pra mim. A capa da versão em inglês está no começo do artigo, mas já a capa brasileira é horrível. Depois procure pra você ver.
Vale a pena ler esse livro? Eu acho que não. Um bom artigo resolveria, pois senti uma certa enrolação, citando muitas obras para dizer a mesma coisa. Pontos fortes do livro: Uma discussão sobre uma mulher que vai até uma tribo da África para encenar Hamlet à um grupo indígena distante da civilização, achando que eles iriam entender a obra (sendo a obra de entendimento universal para ela), o que não acontece, pois os índios não acreditam em fantasmas...
Outro ponto legal é uma longa discussão sobre “O Nome da Rosa”, livro excelente que eu li e Bayard dá uma resumida muito boa na obra, me fazendo lembrar de detalhes há muito tempo esquecidos. Bem, eu daria uma nota 5,5 ao livro. Não é nada de mais.
2 comentários:
É um prazer tê-lo de volta a blogosfera!
Sobre as capas mudarem, são duas as razões principais para que isso aconteça: A 1ª são questões mercadológicas, alguém acha que no Brasil determinada capa não vende o livro; a 2ª é a econômica, em dois sentidos, tanto o custo de impressão da capa é considerado ( quanto mais cores maior o custo ), quanto os direitos para o criador da capa precisam ser pagos na nova impressão, neste caso, sai mais barato pedir para um designer nacional fazer uma nova capa.
Muito interessante o livro. Parece ser uma boa ferramenta de apoio, afinal de contas não dá para ler tudo mesmo.
Me interessei sobre o resumo de O Nome da Rosa. Tem como compartilhar?
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