quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Modernidade


O oitavo jogo da série Call of Duty, chamado Modern Warfare 3, lucrou 400 milhões de dólares nas primeiras 24 horas de venda, e a Activision anunciou que o jogo faturou 1 bilhão de dólares, em 16 dias, passando até o filme Avatar, de James Cameron, que fez um bilhão em 17 dias. A série Call of Duty já faturou 4 bilhões de dólares desde 2003. A indústria do cinema faturou em 2010 84 bilhões de dólares, e a indústria dos jogos fez nesse mesmo período 56 bilhões. A projeção para a indústria do cinema é um crescimento de 6,1% até 2015 e a do mundo dos games é de 8,2% para esse mesmo período.

Cocooning é um termo cunhado por Faith Popcorn em 1990 e relaciona a tendência de indivíduos se socializando menos e ficando mais em casa. Num dos livros de Chuck Palahniuk (de Clube da Luta) chamado “Haunted”, é citado o cocooning (chamado no livro de “Slumming”) como uma doença da sociedade moderna, parecido em partes com o Hikikomori, um termo japonês que significa “retraimento social agudo”, referente ao fenômeno de jovens que escolhem se retirar da vida social, geralmente buscando altos níveis de isolamento e confinamento devido a vários fatores pessoais e sociais em suas vidas. Esse problema social ficou mais evidente no Japão no final do século vinte em que indivíduos (sem maiores problemas aparentes) escolhiam se recolher em casa por um período maior que seis meses.

Um recente documentário produzido por Cosima Dannoritzer em 2010 chamado The Light Bulb Conspiracy (a conspiração da lâmpada), que está disponível de graça no YouTube nesse link, mostra um conceito antigo mas que movimenta a sociedade moderna atual: A Obsolescência Programada. Esse termo significa que a indústria produz produtos com data programada para quebrar, ou seja, sua durabilidade é meticulosamente planejada para que o consumidor compre outro produto após determinado tempo. Isso pode ser feito de duas maneiras: 

A primeira é realmente inserir algo no produto que após um certo tempo ou um certo número de vezes que em foi usado o dispositivo pare de funcionar, como o exemplo das impressoras e lâmpadas, ou então fazendo algo mais sutil e inteligente: Lançar produtos mais novos e induzir o consumidor a querer trocar seu produto ainda em funcionamento para um modelo mais moderno. Essa técnica foi popularizada por Brooks Stevens em 1950, nos Estados Unidos, e desde então vem sendo aplicada em todos os bens de consumo. Essa ideia da obsolescência programada surgiu no pós crise de 1929, idealizada por Bernard London, que até tinha uma ideia não-consumista na época, de programar os produtos para terem uma certa durabilidade, forçando o consumidor a trocá-los, movimentando assim a indústria, gerando empregos e tirando o país da lama. No documentário, a técnica (não admitida pelas indústrias) da obsolescência programada é comprovada, através de documentos da década de 30, sobre o chamado “cartel da lâmpada”, que forçou toda a indústria que produzia lâmpadas no mundo a colocarem uma data para queimar, que na sua versão final girava em torno de 1.000 horas. Isso era bem diferente das lâmpadas produzidas até então, como por exemplo a lâmpada que ainda está acesa há mais de 100 anos em Livermore, California, e está sendo filmada por uma web cam, que inclusive foi trocada duas vezes por defeitos, enquanto a lâmpada está funcionando perfeitamente. Essa lâmpada foi projetada por Adolphe Chailet, produzida por Shelby Electric Company no estado americano de Ohio em 1901, e ele morreu com os segredos do projeto.

Nesse mesmo documentário, é mencionado que a bateria dos primeiros iPods era feita para durar de seis a doze meses, e a Apple na época sugeria que você comprasse outro iPod caso a bateria estivesse com problemas. Graças a uma ação na justiça isso foi "mudado" (para um prazo um pouco maior).

Esse lixo todo produzido pelo consumismo acaba indo para países subdesenvolvidos, como mostra nesse mesmo filme, e containers inteiros de entulho são exportado para, por exemplo, Gana, na África,  destruindo completamente o meio ambiente daquele país. A ideia de sustentabilidade parece que não está bem clara. 

Isaac Asimov foi um escritor de ficção científica ateu e humanista. Seus livros mostram que no futuro o homem deixa de se preocupar com coisas menores e passa a se preocupar com a humanidade, avançando cientificamente se expandindo, para a colonização do universo. Essa também é a ideia central de outro documentário chamado Zeitgeist – Moving Forward, que inclusive promoveu recentes protestos em Wall Street, na bolsa de valores americana. Particularmente, acho pouco provável que façamos alguma coisa a não ser quando não tiver mais jeito, e formos obrigados a mudar e a salvar o pouco que restar do planeta para nossa própria e particular sobrevivência. Até lá continuaremos a consumir e a produzir lixo desnecessário, e a esgotar a matéria-prima, simplesmente porque temos algo que C.S. Lewis chamou de o maior pecado de todos: Orgulho.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Dragões


"E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas." Apocalipse 12:3

A palavra “dragão” veio do Latim draconem, significando “serpente enorme”, do grego drakon, “serpente, peixe gigante”, com raíz na palavra derkesthai, “ver claramente”, e retirada talvez daí a capacidade dos dragões de vigiarem tesouros, uma das características dessa lendária criatura, mito em diversas culturas de diversas origens.

Os dragões são lendas em praticamente todas as culturas do planeta mas aparentemente esse bicho perdeu a hora no dia de entrar na arca de Noé e sua existência nunca foi realmente comprovada, tampouco desmentida. O mais interessante é que os dragões quase sempre tem significados religiosos nas culturas pelo mundo. Nos países asiáticos, o dragão é reverenciado como representante das forças primárias da natureza, associado com sabedoria e longevidade. Nota-se que os dragões possuem também um caráter mágico, ou num caso mais específico, sobrenatural, fazendo parte também da Bíblia Sagrada na batalha do Apocalipse. 

As semelhanças da palavra dragão com serpente me faz pensar sobre a serpente do Jardim do Édem, que provavelmente era um Dragão, como relatado em Apocalipse 12:9 “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” Isso quer dizer que a serpente era ou a forma antiga do dragão, que em apocalipse ganha sete cabeças e dez chifres, ou a palavra que foi sendo alterada durante o tempo, do hebraico (língua do velho testamento) até o grego (língua do novo testamento). As primeiras menções ao bicho em forma de dragão na Bíblia vem da palavra Nachash Bare'ach, descritas em Isaías 27:1 e Jó 26:13, e significa Serpente dos pólos, ou serpente do mar, derivando também da palavra Taninim, monstro marinho, leviatã (Gn 1:21).

Na cultura chinesa, a palavra dragão se pronuncia “lóng” em mandarim, ou “lùhng” em cantonês, e a presença de artefatos com representação de dragões da dinastia Shang e Zhou datam do século 16 antes de Cristo. Acredita-se que a palavra dragão em chinês é uma onomatopéia do som que o trovão faz, e interessante essa relação dragão x céu que também ocorre na batalha do Apocalípse citada acima, em que o dragão com sua cauda lança sobre a Terra a terça parte das estrelas do céu (referenciando talvez aos anjos que Lúcifer levou consigo em sua queda, que foi um terço deles). Esse dragão que aparece em Apocalípse é derrotado pelo ser angelical Miguel, protetor de Israel na visão de Daniel (citado em Daniel 10:13-21. E ainda algumas pessoas desejam ver anjos. Tenho comigo que se um anjo aparecer é porque a coisa tá feia e a melhor coisa seria desejá-los bem longe, pois a maioria das vezes em que aparecem é para fazer uma “limpeza” divina. Seriam uma espécie de ROTA ou Tropa de Elite dos céus).

Particularmente tenho muito interesse nos dragões, em livros do gênero fantasia que possuem esses  seres e no momento terminei um jogo fantástico, chamado The Elder Scrools V – Skyrim, que gira em torno da volta dos dragões num determinado universo de fantasia.








Me desperta o interesse de saber se esse bicho realmente existiu, mas é inegável que praticamente todas as culturas relatam mais ou menos o mesmo animal, com as características semelhantes. 

E mais um detalhe: Antigamente os cartógrafos colocavam nos mapas as áreas não exploradas com a frase em latim “hic sunt dracones”, que significa “os dragões estão aqui” (Here Be Dragons), mostrando que a lenda existia na época para territórios virgens, e monstros marinhos assolavam a imaginação dos exploradores.