sábado, 21 de agosto de 2010

O problema do mundo moderno

Há alguma discussão se a humanidade está realmente ficando mais inteligente ou se está emburrecendo. Comentei um pouco disso em meus últimos posts, acredito. Até hoje ficamos imaginando como foi possível que o mundo antigo desenvolveu tantas coisas com a tecnologia da época, como as pirâmides, por exemplo. Nesse mês um indiano chamado Vinay Deolalikar, de 39 anos, cientista pesquisador da HP em Palo Alto, Califórnia tentou resolver um dos chamados “problemas do milênio” , e publicou um paper com uma possível solução para o famoso problema P = NP? Esse “simples” problema levou ao Clay Mathematics Institute de Cambridge, Massachussets, a oferecer um milhão de dólares para uma solução sólida a cada problema. Existem sete (olha o sete aí de novo) desses “problemas do milênio”, devidamente recompensáveis em sua solução perfeita, e me chamou a atenção o fato de um deles ser de fato resolvido perfeitamente por um russo (da foto) chamado Grigori Perelman, que recusou o prêmio de um milhão do instituto.

É difícil imaginar o que esses problemas podem influenciar nosso dia a dia, mas a verdade é que a solução deles podem sim mudar completamente a ciência e consequentemente nosso dia a dia. No problema P versus NP é determinado quais problemas podem ser resolvidos pelos computadores e quais não podem. Os problemas P (Polinomial) são “fáceis” para os computadores resolverem, ou seja, a solução para esses problemas podem ser computados em um razoável espaço de tempo comparado à complexidade do problema. Enquanto que para os problemas NP (Não Polinomial) uma solução pode ser muito difícil de ser encontrada, mas facilmente comprovada após ser encontrada. Por exemplo, imagine um quebra-cabeças. É muito difícil chegar a um encaixe das peças na ordem certa, mas o resultado após realizado é facilmente comprovado se está certo ou não apenas olhando para o desenho do quebra-cabeças montado. A classe de problemas NP incluem muitos problemas de interesses práticos, como por exemplo determinar a correta otimização de transistores em um chip de silício, desenvolvimento de modelos de previsão financeira precisos, análise de comportamento proteico na célula, fatoração de grandes números compostos que formam a base da criptografia e por aí vai. Então, se P for igual a NP, todo problema NP conteria um atalho escondido que permitiria aos computadores encontrarem rapidamente uma solução para eles. Porém, se P for diferente de NP, então nenhum atalho existe, e a habilidade dos computadores em resolver problemas seriam fundamentalmente e permanentemente limitadas. Até agora ninguém provou se P é igual NP ou se P é diferente de NP.

Voltemos aos cientistas citados acima. Um, pesquisador da HP, tenta uma prova, que aparentemente já foi analisada por alguns pesquisadores e dada como fundamentalmente falha . O outro, um russo “maluco” que vive num pequeno apartamento com sua mãe em São Petersburgo, Rússia. Perelman (o russo “maluco” da foto) resolveu um dos problemas do milênio chamado conjectura de Poincaré, sobre geometria em três dimensões (topologia). Quando lhe ofereceram então o prêmio, ele disse que “obrigado, mas não é necessário”. Como assim? Um milhão (ma oiê!) e o camarada recusa? Pois foi assim e inclusive gerou até um livro de Masha Gessen chamado “Perfect Rigor: A Genius and the Mathematical Breakthrough of the Century”.

O que move as pessoas hoje em dia? O olho no prêmio ou a solução do problema? Por que o único que resolveu um dos problemas foi também aparentemente o único que não estava interessado no valor pago? Teria alguma relação o valor pago a motivar o verdadeiro talento pelo sentido errado e então fechar de fato as possibilidades reais ou será que quem pode resolver esses problemas não dá a mínima para o modelo de sociedade que vivemos hoje em dia?

De tudo que somos hoje, parece até que demos um enorme salto em relação ao povo antigo. Isso pode parecer verdadeiro se compararmos talvez a Idade Média com os dias atuais, mas não parece ser verdadeiro se compararmos com os Babilônios, Persas e Árabes antigos (para citar alguns) que fundamentaram a matemática, onde antes não havia nada proposto, nem internet para lermos algumas bases de apoio (o que será que continha na biblioteca de Alexandria?). E se a humanidade mudar o foco? Já pensou se em vez de dinheiro a motivação fosse o conhecimento? Já imaginou o quanto ganharíamos quando as pessoas recompensassem os trabalhos inúteis atuais removendo a pessoa desse trabalho e colocando-a para estudar? Um ascensorista poderia facilmente ser dispensado de seu trabalho e receber seu mesmo salário para estudar, e quem sabe produzir algum conhecimento útil, já que seu trabalho inútil não serve em nada a humanidade, como diz Domenico Di Masi em seu "O Ócio Criativo". A pergunta para uma resposta 42 pode estar ainda escondida dentro do planeta Terra, em meio aos circuitos humanos, esperando para ser revelada. Talvez o problema do mundo moderno seja a incompreensão dos motivadores para a felicidade, que não penso ser o par dinheiro + poder, mas o conhecimento.

domingo, 15 de agosto de 2010

Segundo Lugar

Tenho uma dificuldade tremenda para fazer ranking dos meus gostos e preferências. Difícil tarefa quando quero saber qual o melhor livro que li, qual o melhor filme, qual o melhor vinho, a melhor banda e por aí vai. Em filmes, após uma longa reflexão tempos atrás cheguei a conclusão que o meu melhor filme é Matrix, e em segundo lugar O Poderoso Chefão 1. Isso até ontem. Neste sábado assisti o filme "A Origem" (Inception) de Chistopher Nolan (Batman Begins, O Cavaleiro das Trevas, Amnésia e O Grande Truque), que desbancou meu segundo lugar. Não achei melhor que Matrix, pois me marcou muito na época, inclusive com a expectativa e das propagandas virais e tudo mais, mas em "A Origem" fui esperando nada (embora estivesse acompanhando as notícias da produção do filme) e obtive uma agradável surpresa. Não vou e nem quero falar sobre o filme em si para não estragar a surpresa. Se você não viu ainda corra antes que saia dos cinemas. Finalmente apareceu um excelente filme depois de algum tempo de amargura da sétima arte. Aliás, fui procurar o motivo do cinema ser "a sétima arte" e quem seriam as outras. Encontrei na Wikipedia que o italiano chamado Ricciotto Canudo escreveu um manifesto chamado "O nascimento da sexta arte" (The Birth of the Sixth Art) em 1911 propondo que o cinema seria uma nova forma de arte, que sintetizaria as cinco artes antigas propostas por Hegel (arquitetura, escultura, pintura, música e poesia) mais a dança (sexta arte), fazendo do cinema a sétima. Outras formas de arte foram adicionadas posteriormente, sendo a fotografia a oitava arte, os quadrinhos a nona, os jogos de vídeo a décima e a arte digital a décima primeira.
"A Origem" ganhou o segundo lugar no meu ranking de filmes preferidos. Fica aqui a dica do filme.

domingo, 8 de agosto de 2010

O Desconhecido

Essa semana passou no canal The History Channel uma série de programas na "Semana do Desconhecido". Muito me interessou um programa de duas horas exibido na segunda-feira basicamente sobre o livro "Eram os deuses astronautas" do escritor suíço Eric von Däniken. Nesse programa discutiu-se se existiu ajuda externa (extraterrestre) para que a humanidade construísse alguns monumentos que perduram até hoje, como as pirâmides, os desenhos nas rochas e plantações e outras construções, como na ilha da Páscoa. Intrigado com alguns temas, escrevi um email a um grande amigo para discutir alguns pontos.

Nesse programa, um dos assuntos que me chamou a atenção foi o que disseram sobre Enoque. Embora a história de Enoque tenha poucas linhas relatadas na Bíblia, e basicamente que ele foi viver com Deus que o arrebatou (veja bem, ele não morreu, mas Deus o capturou, arrebatou para si) Gn 5:24. E também em Hebreus confirma o ocorrido: "Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus." Hb 11:5. Segundo o programa, existe um livro apócrifo de Enoque dizendo que Deus então ensinou a ele a língua e a astronomia, e Enoque voltou a Terra para passar esse conhecimento ao homem, e uma de suas realizações foi ordenar a construção das pirâmides do Egito, em que o nome Enoque tem a mesma tradução do deus egípcio que ordenou a construção das mesmas. Ainda hoje as pirâmides causam espanto e uma infinidade de teorias sobre sua construção. Para os arqueólogos sérios elas foram construídas em 22 anos, mas para isso acontecer uma pedra deveria ser colocada a cada 9 segundos. Porém, tem um francês que teorizou sobre sua construção e sua teoria envolve trabalho humano mesmo, e muitos acreditam ser plausível sua tese. Mas ainda perdura o mistério do motivo para sua construção, o por quê de suas distâncias serem exatamente iguais a órbita dos planetas do sistema solar e por que será que os Maias construíram uma pirâmide mais ou menos na mesma época com exatamente a mesma área das pirâmides de Gizé? Como será que no sítio arqueológico de Tiwanaku na Bolívia possuem pedras que só são mais moles que o diamante, e apresentam cortes precisos, milimétricos, que só poderiam terem sido feitos com diamante e o uso de um torno?

Outro ponto abordado no programa foi a suposta "nave espacial" relatada por Ezequiel, no capítulo 1 do livro de Ezequiel, na Bíblia Sagrada. Diz assim:

"Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor, e no meio dela havia uma coisa, como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo." Ez 1:4

"E, quanto à semelhança dos seres viventes, o seu aspecto era como ardentes brasas de fogo, com uma aparência de lâmpadas; o fogo subia e descia por entre os seres viventes, e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos;" Ez 1:13

"O aspecto das rodas, e a obra delas, era como a cor de berilo; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e o seu aspecto, e a sua obra, era como se estivera uma roda no meio de outra roda." Ez 1:16

Concordo também com meu amigo, que disse que a visão de Ezequiel não era precisa nem para ele, grifando os termos que envolviam "semelhança" e "era como" no texto. Aliás, gostaria de publicar suas respostas por completo, porém ainda não pedi sua autorização.

De qualquer forma é sabido tanto para cristãos quanto para cientistas que temos muito mistérios não respondidos. E se for tudo parte de uma coisa só? Como venho falando em alguns posts, será que tudo não faz parte da mesma coisa? Será a ciência e a religião não se complementam? Tenho minha fé na Bíblia, e respeito quem tem sua fé em outra coisa, como só na ciência, por exemplo (que é necessário muita fé, maior até que a fé em Deus). Acredito que a verdade será revelada em pouco tempo e todos saberemos os mistérios que tanto nos assola.

Ainda tenho alguns pensamentos. A humanidade está ficando mais cética. Constatei isso quando verifiquei a grande quantidade de ateus convictos amparados pela ciência, e assim colocando sua fé nela. A humanidade também está ficando mais espiritual. Constatei isso quando verifiquei a grande quantidade de religiões existentes, cultos, crenças, mandingas, superstições, "espiritualidade" e assim colocando sua fé nisso. A humanidade está ficando mais inteligente. Constatei isso quando vi a enorme quantidade de pesquisas científicas sendo publicadas, o genoma explorado, o conforto tecnológico e a informação disponível em todos os lugares a qualquer momento para qualquer um. A humanidade está ficando mais burra. Constatei isso quando vejo pessoas "googlando" para qualquer coisa e montam uma tese sobre um artigo de um blog de deus-sabe-quem, colhendo informações que não sabem a procedência e sua quantidade de verdade.

É, vamos esperar para ver.