quinta-feira, 6 de março de 2008

O humor.

Devido aos últimos dois artigos serem demasiados sérios, vou dar uma quebrada no gelo e escrever algo mais descontraído. Pensando nisso ontem tive a idéia de escrever sobre o humor. Qual seu tipo de humor?

Como funciona o humor em cada pessoa é sobre o que gostaria de discutir aqui. As pessoas dão risada de coisas diferentes, em momentos diferentes, embora seja a mesma piada. Acho que o humor divide-se em pastelão, humor inteligente e humor negro ou apelativo. Quem tem facilidade de rir com frases do tipo “Tinha um pintinho chamado Relan. Toda vez que chovia, Relan piava...” pode apostar que se diverte com um humor pastelão, aquele que privilegia a idiotice do protagonista. A pessoa normalmente gosta de Chaves e já viu Corra que a Polícia Vem Aí umas dez vezes e trocadilhos fazem parte de todas as piadas engraçadas que ela já ouviu. Já um humor inteligente é preciso ser construído de forma que leve o ouvinte a uma conclusão, sem entregar a piada de mão beijada. E por fim humor negro ou apelativo é aquela coisa... “Mamãe, porque eu só ando em círculos?” E a mãe responde: “Cala a boca se não prego o outro pé”. Negro. Podre.

O engraçado disso tudo é que apesar dessa divisão, a maioria das pessoas dão risada com uma boa piada, seja ela pastelão, inteligente ou de humor negro, principalmente se combinar esses três elementos. Se o contador da piada for bom ajuda bastante também. Contar piada é um dom. Não é para qualquer um. Tem gente até que antes de contar a piada já diz que ela não sabe contar e fica mais engraçado se fulano de tal contasse aquela piada. Você normalmente escuta por consideração, ou porque você tem a habilidade de contar a piada e pode usá-la do seu modo, enfim, mas normalmente não tem a menor graça. Você ri da cara da pessoa que se esborracha de rir. Aliás, quem não sabe contar piada normalmente ri de suas próprias piadas. Engraçado isso... E aqueles então que contam o fim da piada logo de cara, do tipo: “Conta aquela da loira que passa branquinho no monitor quando erra...” Meu filho, você acabou de estragar uma piada que já era uma porcaria.

Alguns tem o dom de contar “causos” pessoais que são muito engraçados. Meu tio por exemplo, corinthiano fanático, foi em plena decisão do campeonato (sim, faz tempo) obrigado a ir em uma festinha infantil. Que lindo, aquele bando de crianças alucinadas correndo e gritando e ele parecendo um drogado procurando uma TV onde pudesse ver o jogo que estava para começar. Achou que na sala da casa seria o melhor local, pois a criançada fazia a festa no quintal, e ali seria um oásis em pleno Saara, longe de todos. Ligou a TV e ficou ali torcendo. Jogo difícil e tal, e ele tenso, sem olhar para o lado. Eis que do mais completo nada surge uma menininha de uns quatro anos que entra quietinha, vê meu tio ali na sala e pára do lado dele. “Tio, o que cê tá fazendo?” E meu tio: “Vendo o jogo, querida”, já puto da vida que alguém o descobriu. Alguns segundos de silêncio depois a menininha: “Quem tá jogando, tio?” “O Corinthians, querida... Olha vá brincar lá fora, vai?” Nisso a menina fala: “Tá bom, então segura minha bala que não quero mais”. Meu tio simplesmente abre a mão e a menina deposita uma bala de menta completamente melada e babada na mão dele. Nisso, uma bola na trave é chutada pelo jogador corinthiano e meu tio leva a mão na testa, fazendo aquele famoso “puta que pariu...”. A bala gruda na testa e lá permanece, pois a tensão do jogo é tanta que ele nem percebe. Bem, daí cê já pode imaginar como foi quando alguém percebeu... O legal é ver ele contando. Eu passei mal de rir nesse dia. Meu tio sabe contar um caso. Uma coisa trágica fica muito engraçada.

Tenho um amigo que também tem esse dom. É impossível ficar perto dele por muito tempo sem rir. Ele é muito engraçado. Você provavelmente tem um amigo assim. Normalmente essas pessoas combinam os tipos de humor muito bem, e a coisa fica boa mesmo que não seja seu gênero preferido. O humor negro pode englobar várias coisas, como por exemplo Arnaldo Jabor. Seu humor é sarcástico, ácido e com muita ironia. Eu gosto muito dele porque afinal é o Arnaldo Jabor, mas confesso que não é meu gênero preferido. Apesar disso, ouço atentamente a cada um de seus comentários. Ele tem o dom. Faz quem não gosta de ironias gostar de seus textos.

O duro mesmo é aguentar gente chata que se acha engraçada. O humor pode se transformar em ódio rapidamente quando você chega naquela festa e lá vem o Osvaldão de novo, normalmente bêbado parecendo um siri andando de lado, com a latinha em uma “garra” e o cigarro na outra, contar aquela piada manjada... de novo! Isso é mais chato que dançar com a irmã na festa, vou confessar. Claro que Osvaldão é maneira de dizer, como poderia ser o Jorjão, o Marcão, o Paulão e por aí vai. Será que os “ãos” não sabem contar piada? Deveria existir um curso para esse tipo. “Aprenda a contar piada em duas semanas”. Ou então: “Livre-se do vício de querer sempre contar a piada que você já contou”. Ah, seria bom...

Vou começar a dar prioridade aos textos leves, mais humorísticos. Um blog para sorrir. :-)

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