sexta-feira, 20 de junho de 2014

Pervertido


“Custom is second nature. Be accustomed to a bald head, sufficiently accustomed, and hair on it would seem monstrous.”
ISAAC ASIMOV, Prelude to Foundation

Tenho uma grande dificuldade em entender o sexo dentro da sociedade Cristã. Sei que a Bíblia é bem específica em relação ao sexo, em que deve ser praticado apenas por marido e esposa dentro do casamento entre ambos. Observamos Paulo dizendo em Hebreus 13:4 que o sexo deve ser praticado dentro do matrimônio, e que deve ser praticado de fato, como em 1 Coríntios 7:5, que não se deve transar com outra pessoa senão o marido ou a esposa, como em Gálatas 5:19. O que chamo a atenção aqui é sobre o motivo do sexo ser tratado como maior pecado entre os cristãos, ou o pecado mais vigiado por nós Cristãos (em que adoramos praticar o julgamento contra nossos irmãos, algo terminantemente proibido por Jesus em Mateus 7:1). Pegando o exemplo de Gálatas 5:19-21 vemos que Paulo está falando das obras da carne, e quem as pratica (as tem como práticas cotidianas) não herdará o reino de Deus. Dentre essas várias práticas da carne que temos que deixar de lado estão: a fornicação, o adultério, a impureza e a lascívia (propensão para a sensualidade). Porém, temos também a idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias (bate-boca), emulações (rivalidades), iras, pelejas, dissensões (desavença), heresias, e (preste atenção nas próximas) invejas, homicídios, bebedices e glutonarias (Gálatas 5:19-21). Olha que interessante! Tudo isso faz o cristão se afastar de Deus e, portanto, não é só o sexo. O sexo é um dos itens na lista. 

Já vi muita gente que só  posta foto de prato de comida no Facebook (adoração?) e fica julgando o outro por causa de suas intenções sexuais, seja pelo filme que viu ou o livro que leu. Psicologicamente falando, julgar atitudes alheias quase sempre é uma forma de revelar a si mesmo, ou no mínimo expor as próprias tendências. Os cristãos, em sua maioria, vê o sexo como algo pecaminoso, feio, sujo, feito para ser uma armadilha entre o homem e Deus, e isso tende a refletir no próprio casal cristão. Quem não pensa em sexo porque o acha mau, não o pratica bem. E se não o pratica bem, limita o prazer de seu parceiro. Logo, é uma reação em cadeia. O sexo do casal cristão vira rotina e o desejo de traição, mesmo que involuntário, aumenta. E tudo porque foi incutido essa aberração que sexo é do demo. Sou casado e não faço sexo com outras mulheres, porém não fico a todo momento julgando quem o faz, nem reprimindo um comercial na TV, ou um filme que explora o tema, ou a Globeleza. Assim como o ato de comer ou beber, o sexo nos foi dado por Deus, e quanto mais o reprimirmos, mais vamos querer saber como é. Que tal se pudéssemos entender o sexo como algo natural, divino, bom, saudável e ter desejos sexuais algo natural também? Claro que, assim como não vou comer um leitão inteiro de uma só vez, ou beber álcool até cair na calçada, também vou controlar o meu sexo para ser feito e desejado para com minha esposa apenas, mas não vou ficar me reprimindo a cada vez que olhar uma bunda na televisão. Isso causa uma disfunção psicológica que mais atrapalha que ajuda. Quanto mais proibido for, mais aumenta o desejo de se fazer. É importante colocar o sexo na lista dos itens a se vigiar, assim como também todos os outros itens citados em Gálatas, porque mesmo que você seja um super puritano sexual (o que duvido muito) e continua comendo do jeito que come, julgando do jeito que julga, enojando-se do seu irmão, brigando com todo mundo, invejando tudo, sendo orgulhoso de seus feitos, dificilmente você estará agradando Deus. Sexo é muito bom, e deve ser praticado e discutido pelo casal, sobre suas preferências, posições e maneiras de ser feito, pois cria um comprometimento, uma participação da “uma só carne” com um só pensamento. Essa coisa de proibido vai piorar a situação. 

Enquanto consideramos que sexo é o maior pecado, significa que não nos desprendemos da relação forte que nosso corpo, ou carne, tem sobre nossa mente, e não somos espirituais o suficiente para amarmos o próximo como a nós mesmos, não no sentido sexualizado, mas no sentido em que Jesus amou a humanidade mesmo sendo humilhado e castigado por ela. Fico olhando alguns “crentes” que conheço dando sermões, batendo no peito, dizendo o que é certo e errado por aí, e se esquecem de amar o outro, de ter compaixão, de orar pela pessoa ou ajudar. Parece que esperam o Reino de Deus como uma carruagem (ou redemoinho) que buscou Elias (2 Reis 2:1), toda flamejante, cheia de pompas, que chegará no meio de todos, e ele, o crente, com sua dívida devidamente paga, será arrebatado e levado ao Reino de Deus, cabelos soltos ao vento, sorriso da vitória no rosto. Jesus porém disse que o Reino de Deus não vem com aparência exterior. O Reino de Deus está entre nós. 

“E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.” Lucas 17:20-21

Só para terminar, existe um livro de Isaac Asimov chamado “Prelúdio à Fundação” em que um povo chamado Mycogenians proíbe terminantemente ter cabelos na cabeça em sua sociedade fechada e super religiosa. Adivinha qual é o maior prazer desejado por lá? Tocar uma cabeça com cabelos! Por isso a frase que coloquei no começo do artigo tem tudo a ver com esse assunto, e pode ser traduzida assim: “O costume é uma segunda natureza. Esteja acostumado a uma cabeça careca, suficientemente acostumado, e ter cabelos nela pareceria monstruoso”.

Vamos vigiar o sexo e também vigiar a língua e os olhos, que costumam estar mais em pecado que nossos desejos sexuais.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Noé, de Darren Aronofsky


Uma ótima crítica do filme Noé, de Darren Aronofsky foi feita pelo doutor norte americano Brian Mattson, Ph.D. em Teologia Sistemática pela Universidade de Aberdeen. Tomei a liberdade de traduzir para o português. O link original encontra-se aqui.





SIMPATIA PELO DEMÔNIO


No novo épico condecorado de Darren Aronofsky, Noé, Adão e Eva são luminescentes e desencarnados, até o momento em que comem o fruto proibido. Tal coisa não é encontrada na Bíblia, é claro. Isto, e uma gama de outros detalhes imaginativos de Aronofsky, como monstros gigantes de lava, têm causado muitas coçadas de cabeça dos críticos. Evangélicos de mente conservadora deram uma colher de chá ao filme devido às “liberdades” tomadas do texto de Gênesis, enquanto um grupo mais liberal está em favor de dar mais folga para o diretor. Afinal, não deveríamos esperar que um ateu professo tivesse as mesmas ideias de “respeito” aos textos sagrados como um crente na Bíblia faria.
Ambos os grupos estão errados, completamente. Aronofsky não “tomou liberdade” ou qualquer coisa assim.

A Bíblia não é o seu texto base.

Em sua defesa, suponho, o filme não foi anunciado como tal. Em nenhum lugar se diz que este filme é uma adaptação do Gênesis. Ele nunca foi anunciado como "Noé da Bíblia", ou "a história bíblica de Noé". Em nossos dias estamos vivendo tanto nesse clima de catar migalhas de cristandade que, quando alguém diz que quer fazer “Noé”, todo mundo assume que isso significa uma versão da história que há na Bíblia. Isso não é o que Aronofsky tinha em mente. Tenho certeza que ele foi muito feliz em deixar que o estúdio tenha assumido também essa ideia, pois se soubessem o que ele estaria tramando, nunca permitiriam que fizesse o filme.

Vamos voltar aos nossos primeiros pais luminescentes. Eu reconheci o motivo instantaneamente como sendo comum à antiga religião do gnosticismo. Aqui está uma descrição século 2 sobre o que uma seita chamada de Ophites acreditava:

"Adão e Eva antes tinham luz, eram luminosos, e por assim dizer corpos espirituais, uma vez que tinham sido formados assim. Mas quando chegaram aqui, os corpos se tornaram sombrios, gordos e ociosos. "-Irineu de Lyon, Contra as Heresias, I, 30.9

Ocorreu-me que uma tradição mística mais estreitamente relacionado com o judaísmo, chamada Cabala (que a cantora Madonna tornou popular há uma década ou mais), certamente teria mantido uma visão semelhante, uma vez que é essencialmente uma forma de gnosticismo judaico. Eu espanei (sério: tive que tirar o pó) minha cópia do trabalho do século 19 de Adolphe Franck, The Kabbalah, e rapidamente confirmei minhas suspeitas: "Antes eles foram seduzidos pela sutileza da serpente, Adão e Eva não eram apenas isentos da necessidade de um corpo, mas não tinha sequer um corpo, ou seja, eles não eram da terra."

Franck cita o Zohar, um dos textos sagrados da Cabala:

"Quando nosso pai Adão habitou o Jardim do Éden, ele estava vestido, como todos estão no céu, com uma roupa feita de luz superior. Quando ele foi expulso do Jardim do Éden e foi obrigado a submeter-se às necessidades deste mundo, o que aconteceu? Deus, as Escrituras nos dizem, fez Adão e sua esposa túnicas de pele e os vestiu; pois antes disso eles tinham túnicas de luz, da luz mais alta, usada no Éden ... "

Coisas obscuras, eu sei. Mas a curiosidade tomou conta de mim e eu mergulhei direito no buraco do coelho. [1]
Descobri que o primeiro filme de Darren Aronofsky foi: Pi. Quer saber seu assunto? Quer mesmo? Tem certeza?

Cabala.


Se você acha que é coincidência, melhor chamar um ente querido para fazer uma tomografia no seu cérebro.


Já tenho sua atenção? Ótimo.


O mundo de Noé de Aronofsky é completamente gnóstico: um universo classificado de "superior" e "inferior" O "espiritual" é bom, e muito, muito, muito "lá em cima", onde o deus sem falar inefável habita, enquanto que o "material" é ruim, e assim é até aqui, onde os nossos espíritos são encarcerados em carne material. Isto não só é verdade para os filhos e filhas de Adão e Eva caídos, mas também anjos caídos, que são explicitamente descritos como sendo espíritos presos dentro de um "corpo" material de lava derretida e resfriada.

Até que eles são personagens bem legais no filme, mas também são notórios em especulação gnóstica. Gnósticos chamam Archons, seres divinos ou anjos menores que ajuda "O Criador" na formação do universo visível. E a Cabala tem um panteão de seres angelicais próprios para cima e para baixo da escada de "ser divino." E anjos caídos nunca são totalmente caídos neste tipo de misticismo. Para citar o Zohar, novamente, um texto da Cabala central: "Todas as coisas de que este mundo é composto, o espírito, assim como o corpo, vai voltar para o princípio e a raiz de onde vieram." Engraçado. Isso é exatamente o que acontece com os monstros de lava de Aronofsky. Eles redimem-se, mudam a sua pele material exterior, e voam de volta para os céus. Aliás, notei que no filme, como a família está viajando através de uma terra desolada, Shem pergunta ao pai: "Isso é uma mina Zohar?" Sim. Esse é o nome do texto sagrado da Cabala.


O filme inteiro é, figurativamente, uma mina "Zohar".


Se havia alguma dúvida sobre esses "Watchers" (observadores), Aronofsky dá vários nomes a eles: Semyaza, Magog, e Rameel. Eles são todos demônios conhecidos na tradição mística judaica, não só na Cabala, mas também no livro de 1 Enoque.


O que? Demônios são redimidos? Adolphe Franck explica a cosmologia da Cabala: "Nada é absolutamente ruim; nada é maldito para sempre, nem mesmo o arcanjo do mal ou a fera venenosa, como ele é chamado às vezes. Chegará um momento em que ele vai se recuperar o seu nome e sua natureza angelical. "


Beleza. Isso é estranho. Mas, ei, todo mundo no filme parece adorar "O Criador", certo? Certamente Ele tem isso em seu favor! Só que quando os gnósticos falam sobre "O Criador", eles não estão falando de Deus. Opa, aqui em um mundo rico que desfruta dos frutos da cristandade o termo "Criador" geralmente denota o Deus vivo e verdadeiro. Mas nesse caso temos um pouco de "gnosticismo 101" [2] para você: o Criador do mundo material é um ignorante, arrogante, ciumento, exclusivo, violento, de baixo nível, filho bastardo de uma divindade de baixo nível. Ele é responsável pela criação do mundo "não espiritual" de carne e matéria, e ele é tão ignorante do mundo espiritual que ele se imagina o "único Deus" e exige obediência absoluta. Eles geralmente chamam de "Yahweh" (senhor) ou outros nomes, também (Ialdabaoth, por exemplo).


Este Criador tenta manter Adão e Eva afastados do verdadeiro conhecimento do divino e, quando eles desobedecem, este criador fica furioso e expulsa-os do jardim. Em outras palavras, caso você esteja perdendo o enredo aqui: A serpente estava certa o tempo todo. Esse "deus", "O Criador", a quem eles estão adorando está retendo algo deles que a serpente irá proporcionar: a própria divindade.


O mundo de misticismo gnóstico é desconcertante com uma infinidade de variedades. Mas, em geral, eles têm em comum que a serpente é "Sophia", "Mãe", ou "sabedoria." A serpente representa o verdadeiro divino, e as alegações de "O Criador" são falsas.

Então, é a serpente o personagem mais importante no filme?

Vamos voltar ao filme. A ação é aberta quando Lameque está prestes a abençoar seu filho, Noé. Lameque, um pouco estranho para um patriarca de uma família que segue a Deus, tira uma relíquia sagrada, a pele da serpente do Jardim do Éden. Ele envolve-a em torno de seu braço, estende a mão para tocar o seu filho, porém, em seguida, um bando de saqueadores os interrompe e a cerimônia não é concluída. Lameque é morto, e o "vilão" do filme, Tubal-Caim, rouba a pele de cobra. Noé, em outras palavras, não obtém qualquer bênção que a pele da serpente lhe daria.

A pele não se acende magicamente no braço de Tubal-Caim, então, aparentemente, ele não fica "iluminado", tampouco. E é por isso que todo mundo no filme, incluindo protagonista e antagonista, Noé e Tubal-Caim, está adorando “O Criador”, pois Eles estão todos iludidos!

Deixe-me esclarecer algo aqui: Muitos críticos expressaram alguma confusão sobre o fato de que não há quaisquer personagens que façam algum tipo de ligação e que todos eles parecem estar adorando o mesmo Deus. Tubal-Caim e seu clã são malditos e do mal e, como se vê, Noé também é muito mal quando ele abandona a namorada de Ham e quase mata duas crianças recém-nascidas. Alguns acharam que isso era uma espécie de pseudo-filosofia sobre como há mal em todos nós. Aqui está um trecho do Zohar, o texto sagrado da Cabala:

"Dois seres (Adão e a serpente Nachash) tiveram relações com Eva (a segunda mulher), e ela concebeu e deu à luz a dois filhos. Cada um seguiu um dos progenitores masculinos, e seus espíritos separados, um para um lado e o outro para o outro, e de modo semelhante os progenitores. No lado de Caim são todos os redutos da espécie do mal; do lado de Abel vem de uma classe mais misericordiosa, ainda que não totalmente benéfica - bom vinho misturado com o mau".

Isso soa familiar? Sim. Noé de Darren Aronofsky, no topo.

De qualquer forma, todo mundo está adorando a divindade do mal. Aquele que quer destruir todos. (A propósito, na Cabala muitos mundos já foram criados e destruídos). Ambos, Tubal-Caim e Noé, possuem cenas idênticas, olhando para o céu e perguntando: "Por que você não fala comigo?" "O Criador" os abandonou porque tem a intenção de matá-los todos.

A Noé tinha sido dada uma visão da vinda dilúvio. Ele está se afogando, mas vê os animais flutuarem para a superfície para estarem seguros na arca. Nenhuma indicação é dada de que Noé seria salvo; Noé visivelmente faz parte da desgraça, durante um momento estranho em que explica as coisas para sua família. Ele está afundando enquanto os animais, "inocentes", estão emergindo. "O Criador", que dá esta visão para Noé quer que todos os seres humanos morram.

Muitos críticos pensaram sobre a mudança de Noé em um maníaco homicida na arca, querendo matar duas filhas recém-nascidas de seu filho, fora uma reviravolta nesta história esquisita. Não é estranha, entretanto. Na opinião do diretor, Noé está adorando um falso maníaco homicida de um deus. Quanto mais fiel e "piedoso" Noé se torna, mais ele se torna homicida. Ele está se tornando, cada pedacinho, a "imagem de Deus" que o cara "mal", Tubal-Caim, continua a afirmar de que a "imagem de Deus" é.
Mas Noé falha com “O Criador”. Ele não consegue acabar com toda a vida que seu deus quer que ele faça.  "Quando eu olhei para aquelas duas meninas, meu coração se encheu de amor", nada mais, diz ele. Noé agora tem algo que "O Criador" não tem: Amor. E Misericórdia. Mas de onde ele tirou isso? E por que agora?

Na cena imediatamente anterior Noé matou Tubal-Caim e recuperou a relíquia de pele de cobra: "Sophia", "Sabedoria", a verdadeira luz do divino. Apenas uma coincidência, tenho certeza.

Ok, estou quase terminando. O arco-íris não vêm no final, porque Deus faz uma aliança com Noé. O arco-íris aparece quando Noé fica sóbrio e abraça a serpente. Ele envolve a pele em volta do braço, e abençoa a família. Não é Deus que os manda agora multiplicar e encher a terra, mas Noé, na primeira pessoa, "eu", usando o talismã serpente. (Ah, e por falar nisso, não é por acaso que o arco-íris é todo circular. O círculo do "Um", o Ein Sof, na Cabala, é o sinal de monismo).
Observe esta mudança temática: Noé foi um bêbado uma cena antes. Agora ele está sóbrio e "iluminado". Cineastas nunca fazem isso por acidente.

Ele transcendeu e superou essa divindade homicida e ciumenta.

Deixe-me dizer um par de advertências para tudo isso: especulação gnóstica é uma coisa diversa. Alguns grupos parecem radicalmente "dualistas", onde "O Criador" é realmente um "deus" diferente por completo. Outros são mais "monistas", onde Deus existe em uma série de emanações descendentes. Outros têm que a divindade inferior "cresce" e "amadurece" e assim ascende a "escada" ou "cadeia" de ser das alturas mais elevadas. Noé provavelmente se encaixa um pouco em cada categoria. É difícil dizer. Minha outra advertência é esta: não há dúvida de que há uma tonelada de imagens cabalistas, citações, e temas neste filme que eu não poderia pegar em uma única sessão. Por exemplo, Como a Cabala produz suas fantasias geralmente baseadas em letras hebraicas e números, eu notei que os "Vigilantes" pareciam estar deliberadamente sob a forma de letras hebraicas. Mas você não vai querer me pagar para ir ver este filme de novo para que eu pudesse perfurar ainda mais essa mina Zohar e ver o que mais poderia encontrar. (Num ponto de vista puramente cinematográfico, achei na sua maior parte insuportavelmente chato).

O que posso dizer com uma única sessão vista é o seguinte:

Darren Aronofsky tem produzido uma releitura da história de Noé sem referência à Bíblia. Isto não é, como ele alegou, apenas uma tradição judaica "Midrash." Esta foi uma releitura totalmente pagã da história de Noé dirigida a partir de fontes cabalistas e gnósticas. Para mim, não há dúvida sobre isso.


Então me deixe dizer-lhes o que é o verdadeiro escândalo nisso tudo. Não é que ele fez um filme que não partiu da história bíblica. Não é que tenha decepcionado os críticos cristãos que tinham expectativas muito altas. O escândalo é este: de todos os líderes cristãos que fizeram grande esforço para endossar este filme (por qualquer motivo que seja: "é um começo", ou "pelo menos, Hollywood está fazendo algo sobre a Bíblia", etc), e todos os líderes cristãos que crucificaram Aronofsky por "não seguir a Bíblia" ...

Nenhum deles conseguiu identificar uma subversão flagrantemente gnóstica da história bíblica, quando estava bem na frente de seus rostos.

Eu acredito que Aronofsky fez isso como uma experiência para fazer de tolos todos nós: "Você é tão ignorante que eu posso colocar Noé (pô, é o Russell Crowe!) na tela grande e retratá-lo literalmente como a "semente da serpente" e todos vocês vão assistir e apoiar essa ideia".

Ele está rindo muito agora. E que todos se envergonhem de terem caído nessa.

E que experiência gnóstica! No gnosticismo, somente a "elite" é "sábia" e detém o conhecimento secreto. O resto é tudo ingênuo, tolo e ignorante. O "evento" deste filme é destinado a ilustrar a premissa gnóstica. Somos ingênuos e tolos. Será que a cristandade poderia acordar, por favor?

Em resposta, eu tenho uma sugestão simples:

Daqui em diante, nem uma única graduação do seminário será concedida se o aluno não demonstrar que ele tenha lido, digerido e entendido Irineu de Lyon em Contra as Heresias

Porque este é o 2 º século de novo.


Pós-escrito

Alguns leitores podem pensar que estou sendo duro com as pessoas por não perceber o gnosticismo no coração deste filme. Eu não estou esperando telespectadores letrados para perceber essas coisas. Eu esperaria exatamente o que temos visto: confusão de coçar de cabeça. Eu tenho um padrão totalmente diferente para os líderes cristãos: universitários e professores de seminário, pastores e Ph.Ds. Se a pele da serpente enrolada em torno do braço de um personagem bíblico divino não soou qualquer alarme ... eu não sei mais o que dizer.

Update - 2014/04/02

Eu publiquei um vídeo curto de acompanhamento aqui .

E um importante post follow-up aqui .


-----------------------------------------------------
[1]: alusão à Alice no País das Maravilhas (N.d.T.)
[2]: o número 101 refere-se a qualquer curso introdutório nas universidades americanas, então o termo Gnosticismo 101 significa “o gnosticismo básico”. (N.d.T.)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Além

Esse post contém elementos sobre religião porém tem como finalidade ser um divertimento. Se você não tem senso de humor ou acha que vai ficar ofendido devido à sua religião, pare de ler agora.

Estava esses dias pensando em determinadas "profissões", digamos assim, que existem no mundo espiritual. Sim, penso que os santos / demônios / espíritos trabalham de alguma forma para conceder o que se pede, certo? Pensei aqui meia dúzia exemplos:

São Longuinho
A vida dele é encontrar coisas perdidas. E como se paga essa dívida com o santo depois que ele encontrar o objeto pra você? Pai Nosso? Ave Maria? Vela? Não. Bastam três pulinhos. E não importa se você pedeu uma pipoca no sofá ou perdeu as alianças do casamento na hora da cerimônia. O preço é igual: Três pulinhos. Justo, já que o Santo vai fazer o que com seus pulinhos? Aplicar numa poupança de pulos? Ou usar no dia do pulo? Sabe-se Deus o quê ele vai fazer com pulos.

Santo Antônio
Meu amigo, esse santo é santo mesmo. Pegar aquelas mulheres já sambadas, zuadas, desdentadas, fedidas, e arrumar um marido pra elas é uma coisa impressionante, digna de um santo. E marido anda raro hoje em dia. A mulherada que vai na balada, enche a cara, vomita no carro, se veste como puta, dá pra meio mundo e ainda posta no facebook que homem é tudo vagabundo vive reclamando que não arruma marido. Eu não consigo entender o motivo.

Exú Tranca-Rua
Praticamente um CET do além, o Exú Tranca-Rua tem como profissão trancar a rua. Pra que? Bom, pra deixar a rua trancada, ué. Cai na mesma pergunta do por quê a galinha atravessou a rua. Aliás, a galinha só atravessou a rua porque não estava lá o Exu Tranca-Rua. Hoje ele tem muito trabalho aqui em São Paulo incorporando CET's as das 17h às 20h.

Espírito que baixa em vidente
Esse ser em vida era aquela vizinha que ficava na janela, fofocando sobre a vida dos outros, sabe tudo da vida de qualquer um que entra na vidente, nome de parente, nome do marido, se o marido anda traindo a esposa, e ainda sabe o futuro, minha gente! A única coisa que ele não sabe são seis números da futura mega-sena. Na verdade ele sabe, mas não conta.

Demônios em igrejas evangélicas
São os seres mais ocupados da galáxia. Todo e qualquer culto em qualquer igrejinha de fundo de quintal tá lá o demo pra ser expulso. E qual é o sentido dele "incorporar" um pobre caboclo já desgraçado pela vida que tem? Ser expulso, ora!
Tem coisa mais divertida pra se fazer do que ser sempre expulso? Esse ser é praticamente o Beleti versão demoníaca. Vai lá, fica na fila do culto um tempão e quando começa a pregação entra em alguém, toma umas porradas e em cinco minutos cartão vermelho pra ele. Aliás, banda Gospel pode gravar CD demo?

Demônios em geral
Se o convencimento é pelo Espírito-Santo e é irresistível, se Deus é Todo-Poderoso, se Satanás já perdeu a batalha segundo o livro de Apocalipse, pra que serve o demônio?

E falando em igrejas evangélicas, encontrei nomes de igrejas um tanto peculiares. Ô povo criativo esse:

"Igreja Deus pelador, salgando o lombo do diabo"
Churrasquinho de demo

"Igreja evangelica Jesus é lindo e Cheiroso"
Preconceito com os suados do ônibus que pegaram até chegar na igreja.

"Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo"
Estou tentando até agora pensar num comentário...

"Assembléia de Deus Pavio que Fumega"
Imagina quando explodir

"Igreja Evangélica Florzinha de Jesus"
Que linda, gente!

"Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém"
Advinha onde fica essa igreja? BELÉM DO PARÁ!

"Igreja Pentecostal o Poder de Deus é Fogo"
Tive entendimento negativo dessa frase. Quando era pequeno minha mão falava: "ê Rodrigo, você é fogo, viu..."

"Ministério Favos de Mel"
NADA a ver com NADA. Faltou imaginação mesmo.

"Igreja Pentecostal Povo de Deus Marcha"
Podem abrir a filial mais moderna Povo de Deus Automático.

"Igreja Evangélica Universal Jesus Breve Vem"
Lembrei da festa da Nuvem: Todo mundo Nú gritando Vem!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Macroevolução

Meu primo constantemente me questiona sobre se Deus existe então por que isso, ou se Deus existe por que aquilo. Realmente não tenho todas as respostas para as perguntas dele, mas dentro do meu raciocínio lógico e filosófico, Deus existe, e esta é a verdade. Utilizando um pouco de William Lane Craig que em seu livro “On Guard” expõe claramente os argumentos lógicos para a existência de Deus, vou ainda além, e coloco aqui uma frase que me fez pensar bastante deste mesmo livro.

“As pessoas ainda não compreenderam as consequências da morte de Deus, porém Nietzsche previu que algum dia o homem moderno iria entender as implicações do ateísmo, e esse entendimento conduziria a era do niilismo, ou seja, a destruição de todo o sentido e valor da vida. A maioria das pessoas não reflete sobre as consequências do ateísmo e, então como uma multidão num mercado, seguem sem saber no seu caminho. Mas quando se dão conta, como Nietzsche, o que o ateísmo implica, então seus questionamentos fazem uma enorme pressão sobre todos: Como podemos nós, assassinos de todos os assassinos, nos confortarmos?”

O argumento lógico para a existência de Deus de Craig é irrefutável, e até mesmo o mais famoso ateu do momento, Richard Dawkins se recusou algumas vezes a enfrenta-lo, pois obviamente não tem argumentos suficientes para sua defesa, como Craig alertou. A existência de Deus não é somente fé, mas é lógico e racional. Claro que dentro dessa hipótese da existência de Deus, muitos questionamentos aparecem, e muitos deles, acreditem ou não, tem respostas simples, claras e verdadeiras. O grande problema hoje em dia é saber onde procurar a resposta, pois também concordo que a religião moderna é falha, e as igrejas estão abarrotadas de enganadores, pastores corruptos, padres pedófilos, evangélicos de mentira, mas não são todos assim, e não podemos generalizar. A existência de Deus remove do ser humano uma série de medos, e descobrir que Jesus realmente te ama de verdade faz muito mais que isso. Mas, como o tema aqui é macroevolução,  vamos a ele.

Macroevolução corresponde a uma evolução em uma escala de grupos de genes apartados, ou seja, a evolução que altera aquela determinada espécie para uma de um outro tipo, entre os filos, diferentemente da microevolução que acarreta em mudanças dentro da mesma espécie ou população. Isso é ensinado nas escolas como sendo verdade, como sendo ciência. De que nós viemos de um ancestral comum ao macaco em algum ponto da evolução, e nos tornamos homem. Veja, isso é ensinado como verdade absoluta e ninguém mais questiona isso hoje em dia. O problema é que isso não é verdade. Não existem provas, nem sequer evidências sólidas, de que evoluímos de uma espécie que não era o homem moderno. O que existem são teorias, baseadas na microevolução, que poderiam tornar a macroevolução uma hipótese válida, porém até mesmo dentro dos próprios defensores darwinianos da teoria, existem ressalvas significativas, como por exemplo David L. Stern, Robert L. Carroll e Andrew M. Simons. Para mais detalhes leia esse documento.



Existe um enorme grupo de cientistas que assinaram um documento chamado “Uma Dissensão Científica do Darwinismo”, em que postulam “Nós somos céticos das afirmações da capacidade da mutação aleatória e da seleção natural explicarem a complexidade da vida. Um exame cuidadoso da evidência a favor da teoria darwinista deve ser encorajado.”  Esse site com esse documento pode ser lido aqui. São mais de oitocentos nomes na lista, e a grande maioria de Ph.D (doutores no assunto).



Crer na macroevolução pode ser bonito até, pode estar na moda hoje em dia, pode fazer de você uma pessoa inteligente dentro de um grupo específico, mas infelizmente não é verdade. Nesse mesmo site que citei acima, um interessante documento intitulado “Uma Controvérsia Científica Sobre a Explosão Cambriana” pode ser lido aqui. Infelizmente só encontrei em inglês, mas resume que Darwin estava ciente que grandes períodos de tempo deveriam ter ocorrido para que as diferenças nos filos (agrupamentos mais elevados dos reinos de seres vivos) pudessem ocorrer de fato. E reconheceu em “A Origem das Espécies” (e que todos fazem questão de ignorar isso) que “várias das principais divisões do reino animal aparecem subitamente nas mais baixas rochas fossilificas conhecidas.” Ele chamou isso de “grave” problema que “no presente deve permanecer inexplicável, e pode exortar como um argumento válido contra os pontos de vista aqui entretidos.” Um paleontologista de Berkeley chamado James Valentine concluiu em 1991 que não existe, ou ao menos “não se tem provas possíveis para traçar as evidências” de que houve alguma evolução sequer nos filos encontrados nas rochas do período cambriano, e conclue que “a explosão metazoária é real e é muito grande para ser mascarada por falhas nos registros dos fósseis”. Existe mais um documento aqui criticando os padrões científicos atuais, já que não se comprova a teoria darwiniana e mesmo assim a biologia insiste em apresenta-la como evidência factual da evolução.

Como disse acima, não tenho todas as respostas, e talvez os Neandertais fosse uma espécie diferente do homem, o sofrimento exista por uma razão específica que não conhecemos, Noé colocou todos os bichos na arca de alguma maneira que não sabemos, mas o fato é que macroevolução não existe de fato.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Pensamentos Apocalípticos


De todos os livros da Bíblia certamente o mais complexo a meu ver é o livro do Apocalipse, escrito por João, e segundo acredita-se, o mesmo João apóstolo, filho de Zebedeu. A data do livro especula-se que seja do ano 95 d.C., período de perseguição dos cristãos por Roma, que naquela época impunha o culto de adoração à Cesar. O livro usa um estilo altamente simbólico, chamado "apocalíptico", de acordo com a Bíblia de estudos NVI, e diz que a obra fornece vários indícios para sua interpretação, como as estrelas serem anjos, os candelabros são igrejas, a grande prostituta ser a Babilônia (ou Roma) e a Jerusalem celeste é a esposa do Cordeiro. Independente desses estudos, o livro "fecha" a Bíblia como último livro, e a palavra apocalipse vem do grego αποκάλυψις, apokálypsis, significa "revelação", formada por "apo", tirado de, e "kalumna", véu. E revelar é, nesse sentido, de ordem sobrenatural.

Nossa história é bem complexa e ainda não sabemos como muitas civilizações construíram determinados monumentos para uma época em que especula-se que o conhecimento ou os meios para tal seriam limitados. Esses conhecimentos normalmente estavam em "desacordo" com a época, e foram grandes saltos, como o uso do bronze, a construção das pirâmides, a observação dos astros para cálculos astronômicos, o próprio invento do cálculo, e uma série de outros conhecimentos que chegaram ao homem de maneira um tanto súbita. A física moderna, especialmente a física quântica, é recheada de mistérios, e aparentemente completamos um modelo padrão da física que não explica muita coisa, mas já nos dá uma abertura de uma gama de conhecimentos que ainda temos que buscar. E a revelação do apocalipse é o fim de uma era, e ao meu ver, o fim de uma civilização e a sua evolução para um próximo tipo, com a vinda de Cristo.

Estava lendo no livro do físico Michio Kaku (imagem ao lado) chamado "Parallel Worlds" que a civilização pode ser classificada em três tipos a saber, de acordo com o montante global de energia que essa civilização utiliza:


  • Tipo I: O tipo de Civilização I domina todos os recursos de seu planeta, controla terremotos, vulcões, o clima, e tudo o que acontece em seu próprio planeta.


  • Tipo II: O tipo II de civilização controla não somente seu planeta, mas também sua estrela mais próxima, como por exemplo podemos ver nos jogos Halo e Mass Effect, ou até mesmo como visto no filme Star Trek e a Federação dos Planetas. Em teoria, essa civilização já adquire o status de imortal.



  • Tipo III: No caso do tipo III de civilização, a influência é em toda a galáxia, como o Império do filme Star Wars.



O encontro de um tipo três com um tipo de civilização zero é vista no filme 2001 Uma Odisséia no Espaço, por exemplo (foto abaixo).

Nós aqui na Terra somos Tipo Zero, para ser mais preciso, tipo 0.7 e levaremos alguns anos até alcançarmos o Tipo I. O tempo estimado para alcançarmos o Tipo I pode ser de 100 anos. Do Tipo I até o Tipo II, podemos levar de 1.000 até 5.000 anos, de acordo com Kaku. E do Tipo II até o Tipo III pode levar milhares de anos.

No meu entendimento, com a vinda de Jesus Cristo e o Apocalipse, pode ser a evolução para o Tipo I de civilização. Depois, com o reinado de Jesus aqui na Terra que durará mil anos (Ap. 20:2-3), alcançaremos o Tipo II (O Milênio). Daí para frente, em determinado tempo chegaremos ao Tipo III, mas ainda não é relatado na Bíblia essa transição.

Até que isso aconteça, corremos um grande risco de nos destruirmos com bombas atômicas, guerras, terrorismo, atos de ódio e ganância, contrários aos ensinamentos de Jesus. Será que isso tem a ver com a condenação no lago de fogo, ou seja, a destruição do nosso planeta com bombas atômicas, e teremos sofrimento e ranger de dentes eternos? É provável que seja algo muito maior que isso, pois nós aqui somente conseguimos imaginar parte das coisas. Nosso cérebro é limitado, e a capacidade cerebral é de longe subutilizada. 

Talvez quando o homem começar de fato a entender que o objetivo da vida não é poder + dinheiro, talvez quando a ciência entender que o método científico está defasado e deve-se ter uma visão holística das coisas, será então possível que sigamos no caminho correto. Para que o nível de civilização seja alterado, é preciso primeiro alterarmos a nós mesmos. E o discurso é sempre igual, fácil de falar mas difícil de praticar. Temos que lutar contra tudo que aprendemos de nossa sociedade, sem sermos alienados ou fanáticos.

Os eventos do apocalipse ninguém se atreve muito a interpretar, porque acredito serem coisas fora de nossa realidade terrena, mas não podemos achar que aquilo é uma bobagem, ou que é uma história imaginada, ou com outros propósitos se não a própria revelação de Deus. O livro do apocalipse da Bíblia é extremamente importante para o homem entender que ele mesmo é demasiado limitado, e não consegue enxergar além de sua compreensão limítrofe. Existe um universo de coisas a serem descobertas / entendidas e não podemos mais ignorar certos fenômenos. Por exemplo, quando a Bíblia relata que os que já morreram serão ressuscitados, Deus tem o poder necessário para reverter a entropia, já que na física isso é teoricamente possível. Quando a hipótese existe, não podemos ignorá-la. E ainda existe um universo de coisas que vivemos porém não entendemos. Os átomos são compostos basicamente de espaço vazio, de nada. O universo se expande com a força de uma matéria que não fazemos a menor ideia do que seja.  As dimensões que conhecemos podem ser muito maiores, como as dez dimensões da teoria das cordas. Apenas 2% de nossos genes codificam proteínas, os 98% restantes não tem função aparente (junk DNA), e por aí vai.

Para fechar o pensamento, acredito que a ciência faz parte da obra de Deus, e é dado ao homem aos poucos parte do conhecimento, e assim as chances dele não se aniquilar de vez com a junção poder + dinheiro. Sempre existirá uma linha tênue entre o que o homem sabe e o que o homem pode saber de fato. Esse conhecimento é dado por Deus, no momento propício de sua obra divina, e daí os saltos no conhecimento humano, que aparentemente chegaram ao homem de maneira um tanto súbita como disse acima. A humanidade caminha evoluindo e absorvendo essa quantidade de informação como um preparatório para a grande revelação. O modelo tem que mudar. O pensamento precisa evoluir do modelo "tudo é uma engrenagem" para algo maior, cujas partes sozinhas não são nada sem o todo que as controla. Mas aparentemente ainda não estamos preparados.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Zeitgeist, Hórus e Jesus

Pela quantidade de bobagens que circulam na internet, uma das mais preocupantes e destrutivas a meu ver é a pregação que Jesus Cristo não existiu. As comparações com lendas, ou outras divindades teriam provado que Jesus seria um plágio, feito para controlar as massas, e manipular pessoas de mente fraca para tirar-lhes algum proveito.

A lenda de Hórus do Egito então entra na jogada como um dos maiores exemplos de plágio cristão, dizendo que a história de Hórus é exatamente a mesma que a de Jesus. Um dos grandes defensores de que Jesus teria sido um mito pode ser visto no filme Zeitgeist, e muitas polêmicas foram levantadas sobre isso. A meu ver, o problema maior disso é que ninguém checa as fontes de onde essa informação está vindo, e simplesmente aceitam qualquer coisa que lhes aprazia, como no caso de Jesus não ter existido de fato.

Segundo a Wikipedia,Na mitologia egípcia, Hórus (ou Heru-sa-Aset, Her'ur, Hrw, Hr ou Hor-Hekenu) é o deus doscéus[carece de fontes], muito embora sua concepção tenha ocorrido após a morte deOsíris.[carece de fontes] Hórus era filho de Osíris[1].
Tinha cabeça de falcão e os olhos representavam o Sol e a Lua. Matou Seth, tanto por vingança pela morte do pai, Osíris, como pela disputa do comando do Egito[carece de fontes].
Note o “carece de fontes” escrito em praticamente toda frase na Wikipedia.
No filme Zeitgeist, o primeiro capítulo do vídeo conta que a lenda de Hórus tem uma incrível coincidência com Jesus Cristo. E consigo ver claramente os enganos que Peter Joseph, criador do filme, proclamou. É dito no filme que Hórus naceu em 25 de dezembro, de uma virgem. Já começa errado aí, pois não há um só local na Bíblia que diga que Jesus nasceu dia 25 de dezembro, mas sim no final da primavera e começo do verão. Dia 25 de dezembro em Nazaré é inverno, e à propósito, Natal é uma festa pagã. Mas, voltando ao Hórus ter nascido em 25 de dezembro, isso também está errado, de acordo com o livro “Isis and Osiris” de Plutarco traduzido por Frank Cole Babbit, 1936, Vol 5 Loeb Classical Library, Hórus nasceu em agosto, mais ou menos entre os dias 24 e 28. Sua mãe também não era virgem, seu pai foi Osiris, morto por seu irmão Seth, que foi trazido à vida por um encantamento para engravidar Isis, e assim dar a luz a Hórus.

Também é dito sobre uma estrela que apontou o caminho para três reis no nascimento de Hórus. Bem... isso não existe. Não há um só documento histórico que diga isso. Fonte aqui. Também não se sabe se Hórus foi professor aos 12 anos, como afirmado em Zeitgesit, ou mesmo batizado aos 30, muito menos se andou sobre as águas. Isso tudo foi inventado pelo Peter Joseph, assim como as nomeações que ele deu a Hórus, a luz, a verdade, o cordeiro de Deus, etc. Também não teve 12 discípulos, mas sim 4, e não há evidências que foi traído por Typhoon, pois de acordo com a lenda, Hórus nunca morreu, mas sim se mesclou com o deus Rá, e assim nunca foi crucificado, nem ressuscitou no terceiro dia. Além disso, Jesus escolheu ter 12 discípulos talvez por causa das doze tribos de Israel! Nada tem com os sígnos do zodíaco, e o número 12 se repete na Bíblia desde Gênesis, por toda a Bíblia. Mais fontes aqui. Além disso, as comparações com outras divindades nesse mesmo vídeo também se provam bem grosseiramente falsas, e uma simples pesquisa em uma fonte séria comprova isso.

A Bíblia foi atacada e perseguida por dois mil anos, a até hoje nada conseguiu desprovar a história dita lá, muito menos a teoria da evolução, que é uma teoria (não há provas), e pensar em macroevolução para mim é tão ridículo quanto para os ateus é ridículo a ideia de Deus, só que cada um de nós está baseado única e exclusivamente na sua fé, pois ao contrário do que pregam, não há provas.

Estou lendo um livro chamado “O Ponto de Mutação”, do físico teórico Fritjof Capra, e claramente percebo que a ciência precisa agora começar a pensar mais holisticamente, e o método científico, assim como a visão mecanicista do mundo já não se adequam nos tempos atuais, pois existe algo que vai além da soma das partes. Não sou contra a ciência, e só para defender meu ponto de vista, ciência e religião deveriam conviver juntas, e a meu ver uma não deveria contradizer a outra, como antagônicos, pois tudo faz parte de um todo, e no meu entendimento esse todo é Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo de Deus como está escrito na Bíblia Sagrada.

Só para finalizar, o nome Zeitgesit significa “espírito da época” em alemão, e diz muita coisa da época que estamos vivendo, ou seja, uma falta de fé das pessoas em prol de uma ciência  ainda sem forma, mecanicista, e ainda misturada com crendices da internet, especialmente do youtube, que não consegue provar coisa alguma, baseada em teorias da conspiração que mudam tanto quanto eu troco de cueca, e esse mesmo espírito talvez tenha sido previsto na Bíblia, em 1 Timóteo 4:1-2

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;