É no banheiro que a verdadeira personalidade da pessoa aflora. Lá é onde manifesta-se o lado negro da força. Infelizmente o assunto é um tanto incômodo, e muitos preferem mudar de assunto, mas é inegável que todos temos que enfrentar um banheiro. E a coragem vem daqueles que conseguem enfrentar um banheiro de uma empresa. Trabalhei em empresas com pessoas mais gabaritadas que já conheci, mas uma coisa é certa: No banheiro não tem bonzinho.
A tarefa era para ser simples, em quatro passos básicos: sentar, fazer, limpar, dar descarga. Mas parece que a cada vez que entro em uma "casinha", essa regra é de longe quebrada. O quarto passo, dar a descarga, parece ser o mais complexo. Diversas vezes a gente entra e tá lá o monstro te encarando. Tem uns que jogam papel junto com a coisa, e fica parecendo uma noiva macabra. Quando a tampa está fechada, eu não abro. Já conheço a surpresa.
Hoje me deparei com uma situação que me fez pensar: "como ele fez?". O cesto de lixo estava com o papel de cima totalmente sujo. Tipo, sujo mesmo. Como o cesto é uma pilha do tipo LIFO (last in, first out), ou seja, o último que entra é o primeiro a sair, isso pode significar três coisas:
a) A pessoa terminou de se limpar e guardou o resto do papel limpo no bolso; b) A pessoa jogou o resto do papel no vaso e deu descarga ou
c) A pessoa não terminou o passo "limpar-se". Tem noção de como saiu do banheiro? Todo cagadinho! Como pode?
Certa vez em uma das empresas que trabalhei, foi encontrado uma fivela de cinto no vaso, e a tampa estava quebrada. Montamos a teoria que a criatura se voltou contra seu mestre e não queria partir. Este, desesperado, dava cintadas na coisa e se defendia com a tampa, como um escudo improvisado. Infelizmente não temos uma teoria mais plausível.
E parece que quanto mais top a empresa é, mais demoníaco é o banheiro. Além do cheiro de velório de bode que sai dali, a sujeira é de desanimar. Pior mesmo é quando você está sentado, em uma das casinhas, e chega alguém na casinha imediatamente ao lado da sua, e descarrega toda aquela amargura que a vida lhe impôs. Vai subindo a fumaça maligna para seu lado, e você ali, desesperado para ir embora, e justo nesse dia seu parto de jegue vai ter que sair de cesárea. Desespero. Horror. Chame do que quiser. O cheiro é tamanho que desmancha até seu cabelo.
E ainda tem as situações constrangedoras. Exemplo: tarde da noite e você ainda na empresa. Sua barriga começa a dar sinais que o urubú está beliscando a cueca. É a hora do parto. Você vai até o banheiro, que não tem uma viva alma e começa o serviço. Eis que de repente surge um maldito, entra no banheiro, faz um xixi rápido, sai e apaga a luz! Pronto! E agora? Você se lembra do seu celular e também lembra-se da promessa de nunca mais deixá-lo na sua mesa. O calafrio percorre seu corpo. Não teve coragem de gritar na hora "Ô meu, tô cagando!". Somente seu olfato será seu guia espiritual nessa jornada de fé para saber quando a coisa estará limpa de fato. Vai ter que ficar cheirando o papel, não tem outro jeito.
Teve empresas por onde passei que alguns tinham o ânus fora de centro. A sujeira estava nas paredes laterais! Ou não deu tempo do indivíduo sentar completamente, e foi de pé mesmo. Uma explosão nuclear fecal bilateral.
É, eu sei que o assunto é deveras incômodo, mas queria deixar aqui um pedido de pelamordedeus, faça a coisa direito. Siga os quatro passos direitinho, e lembre-se que você que emporcalha o vaso pode se deparar com ele emporcalhado também. E isso é uma merda.