Quando os espanhóis no século 16 conquistaram o reino Maia, os Maias não usavam um calendário. As pessoas contavam o tempo com nada menos que quatro calendários ao mesmo tempo. O mais velho desses calendários fazia a conta de 260 dias, chamados de “Tzolkin”, consistindo em 20 dias com nomes próprios, repetindo treze vezes. Os Maias também conheciam o “Haab”, um calendário com 365 dias, espalhados em 18 meses de 20 dias cada, com um bônus no final de cada 5 dias “acidentais” pra fechar a conta. O terceiro calendário foi o de “conta rápida”, que contava dias, meses, anos e o “Katun”, que eram períodos de quase vinte anos. E finalmente o calendário de “conta longa”. Eles contavam esse “Katun”: 20 Katuns formavam um “Baktun”, e repetia o Baktun a cada 13 vezes.
Com um calendário desses, pra piorar, as datas eram expressadas no estilo “10 .4.0.0.0 -12 Ahau – 3 Uo”, ou “O décimo Baktun mais o quatro Katun depois da criação pela conta longa, próximo aos últimos dias de Ahau de acordo com o calendário Tzolkin, e o terceiro dia do mês de acordo com o calendário Uo Haab”. Coisa fácil. Imagino que ninguém perguntava as horas na rua, porque isso implicaria em perder, digamos, uns dois dias, o que não faria mais sentido a pergunta inicial.
Tá certo, mas onde está a relação dessa confusão de datação Maia e o calendário Cristão? Muito cientistas estudam isso até hoje, baseado em algumas tentativas de tradução dos espanhóis da época, mas ainda existem muitas discussões a respeito da precisão dessa conversão de Maia para GMT. Bem, depois de alguns estudos e comum acordo com a comunidade de malucos, três cientistas (Goodman, Martinez e Thompson) chegaram ao dia 21 de Dezembro de 2012 como o fim do calendário Maia. Sim, o mesmo 2012 do fim dos tempos predito por muitos e o mais novo blockbuster de Hollywood. Esses cientistas acreditam que completaria um ciclo inteiro desde a criação do calendário, em 3114 antes de cristo, chegando até a data de 13.0.0.0.0 do calendário Maia.
Depois de algum tempo disso postulado e consumado, surge um camarada chamado Andreas Fuls da Universidade Técnica de Berlin que refutou esses cálculos há três no seu trabalho de doutorado. Fuls acredita que o fim do calendário em 2012 estaria errado, e fazendo as contas baseado em dados astronômicos, como a posição de Vênus, relacionado com o que os Maias acreditavam, chegou ele à data de 21, 22 ou 23 de dezembro de 2220. O ponto central que Fuls discute é que os Maias não acreditavam que o fim do mundo iria ocorrer nessa data, mas sim o fim de sua folhinha pregada atrás da porta, cuja datação poderia voltar facilmente a ser 1.0.0.0.1.
Essa história ainda vai longe, pois outro cara chamado David Kelly, arqueologista, e um astrofísico chamado Eugene Milone disseram que os Maias talvez tivessem uma contagem ainda mais longa, chamada “Pictuns”, que seriam períodos de 20 “Baktuns”, ou 20 x 144.000 dias, que dariam 7890 anos. Pelo jeito Hollywood ainda vai poder filmar mais alguns filmes desse gênero se o precedentes não derem certo. Logo me vem à mente algumas perguntas: Porque alguém se importa com isso? Porque eu estou escrevendo sobre isso? Porque você ainda está lendo isso? Bem, melhor que ver a novela...