Estava lendo um ótimo livro de comédia de Terry Pratchett e Neil Gaiman chamado "Good Omens", algo como Bom Presságio, numa tradução livre. A história é sobre o fim dos tempos, previsto por uma bruxa fictícia do século XVII chamada Agnes Nutter. No livro, Pratchett e Gaiman relatam o fim dos tempos, que chega "neste sábado" (data do livro), e fazem toda aquela paródia de Céu e Inferno na visão deles. O que me chamou a atenção, embora fosse trágico e engraçado, foi que em um dos capítulos os autores relatam a vida de um pastor, que tinha a finalidade pura e simples de ganhar dinheiro, e realmente acreditava naquilo que pregava, porém o “core” da pregação era a venda de CD’s, DVD’s, Bíblia, Livros e tudo mais. As músicas eram tão ridículas que eram cópias de velhas músicas country, e pra piorar as letras eram mais ridículas ainda. Uma das canções de sucesso desse pastor fictício era “Jesus is telephone repairman on the switchboard of my life”, algo como "Jesus é o reparador de telefone da central telefônica da minha vida". Comecei a pensar na igreja evangélica brasileira e vi que não existe diferença nenhuma da caracterização de Pratchett e Gaiman. Cada vez que escuto os sucessos evangélicos vejo que são músicas péssimas, muitas vezes copiadas de outras músicas que existem, e as letras além de não rimarem ainda são extremamente iguais umas das outras. Não existe imaginação para os grupos evangélicos? E o pior é que lançam oito, nove, até dez CD’s com basicamente as mesmas músicas, mudando um pouco a letra, mas a maioria são versículos inteiros retirados do livro dos Salmos. Eu realmente não gosto de música evangélica, nem acredito que a venda desordenada de CD só porque a letra fala de Jesus seja muito Cristão. Acredito que isso visa o lucro em primeiro lugar e para mim está muito errado tanto quem faz quanto quem compra. Minha opinião é deve existir música cristã, mas também deve existir a qualidade da música em si, para Deus, como louvor, com letras que te façam refletir algo diferente do que se você ler a Bíblia, e o lucro inteiro seja revertido para Deus, pois é o louvor a Ele que acabou vendendo.
No livro Good Omens ainda diz que o pastor, apesar de letras que não rimam e a música composta por uma pessoa que não é músico, conseguiu vender quatro milhões de cópias de seu CD. Existe alguma diferença com os grupos evangélicos daqui?