Eu acho inglês difícil. Embora eu fale essa língua estranha, ainda me pego completamente desnorteado com algumas frases que encontro nos livros. Acho que existem alguns tipos de inglês. O “técnico” que é o inglês com jargões do informatiquês, mais usado atualmente nas empresas; o inglês literário, com palavras difíceis e pouco usadas no dia a dia; e o inglês tradicional usado num bate-papo. Não acredito que exista aquela coisa de “inglês intermediário”, “inglês básico”, “inglês avançado”. Acredito que inglês ou você sabe ou não sabe. Se você o sabe, pode sabê-lo mal ou fluente. O problema é que a língua exige um grande e constante estudo, e o indivíduo que estuda precisa saber as diferenças básicas do português para o inglês que se exige nas expressões idiomáticas, que são aquelas coisas como “tirar o cavalo da chuva”, “nem a pau, Juvenal” e por aí vai, que muitas vezes não tem a menor relação da frase original quando se traduz, porém o sentido é o mesmo. Estava lembrando esses dias do livro que eu tinha do Stephen Hawking que se chama “O Universo Numa Casca de Noz”. Estava me perguntando por que será que traduziram a expressão “In a Nutshell” para “numa casca de noz”. Perde totalmente o sentido. A casca de noz no caso significa em inglês que é "em suma", "resumido", "no geral". Essa é a idéia. E quando o livro é lançado aqui posso imaginar as pessoas tentando decifrar que treco significaria colocar todo o universo na casca da comida predileta dos esquilos.
Existe um livro muito legal chamado “Como se diz Chulé em inglês”, do Ron Martinez que nos dá uma idéia de quão complicado pode ser uma simples expressão ou então traduzir uma simples idéia, como chulé, que não existe em inglês. Lá você tem que dizer onde está o mau cheiro.
Tenho grande admiração pela turma que faz a legenda do seriado Friends. As piadas são complicadas e mesmo assim a legenda rebola para trazer o sentido da piada, e ao ouvir “I don’t give a tiny rat's ass” não pensemos que o Ross do seriado não dá uma bunda magra de rato para a coisa, mas sim que ele não dá a mínima para a coisa. Outro pessoal bom de legenda é a galera que traduz o seriado Gilmore Girls. É muito complicado entender as piadas porque elas usam coisas do dia a dia dos americanos e para nós a coisa fica muito sem graça. Seria como um americano vir para cá e você falar para ele que a fulana não tem eira nem beira. Pegando a explicação do livro acima, eira é um pedaço de terra batida onde se guardavam cereais e legumes; e beira é beiral, representando a casa do dono das terras. Então quem não tem eira nem beira não tem nem casa nem terras. Um pobretão. Claro que em inglês a coisa não dá para ser traduzida, mas o sentido teria que ser algo como não tem nem onde cair morto. No inglês essa expressão é “not have a pot to piss in”, ou seja, “não ter onde mijar”. Esquisitices próprias de cada língua. Apesar da língua inglesa não ser tão complexa quanto a língua portuguesa, ainda assim possui muitas coisas complicadas, como algumas palavras e verbos que servem para muitas coisas e dependendo da frase ora tem um sentido ora outro. Um exemplo é o verbo “to get” que tem lá seus quarenta e cinco significados, e também o verbo "to look", que o dicionário Oxford Advanced Learner’s Dictionary dedica umas duas páginas inteiras divididas em duas colunas.
Talvez seja por isso que tantas pessoas desistem dos cursos de inglês. Elas desanimam. O importante é continuar aprendendo, porque dificilmente você aprenderá tudo, cem por cento. Mesmo com a nossa língua portuguesa dificilmente vemos pessoas que a usam de maneira correta. Eu mesmo cometo meus deslizes e sempre recorro ao dicionário quando preciso escrever um texto. Infelizmente o mundo de hoje exige o inglês, que é usado na maioria das multinacionais e largamente utilizado na área da informática. Se você ainda não aprendeu, tente mais uma vez. Dedique-se mais e aprenda ao menos para você ficar entre falar mal e fluente, que já é um grande passo. Muitas vagas no Brasil não são preenchidas porque falta inglês para a maioria dos currículos. Muitas vezes não posso indicar amigos meus porque não sabem inglês. Hoje saber inglês já não é mais diferencial, é obrigação, assim como saber informática básica e saber ler e escrever. E dê graças a Deus por ser inglês. Imagina se fosse alemão?
domingo, 5 de outubro de 2008
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