Bem, esse blog vai ficar um pouco largado, pois como troquei de emprego me falta tempo para escrever. Ainda penso que deveríamos trabalhar efetivamente apenas quatro horas por dia. É fato que poucas pessoas trabalham efetivamente todas as oito horas diárias. Sou a favor de uma imersão total no trabalho de quatro horas e depois ir pra casa. Mas isso é tema para outro post. Vamos a este artigo de fato.
A Balada de Halo Jones é uma obra de ficção científica do (mais uma vez comentado) grande Alan Moore. Como um de seus primeiros trabalhos, Moore mostra nessa obra de três partes, ou três livros, um futuro possível para a humanidade se as coisas continuarem como estão. Parece que esse futuro ainda é possível, mesmo após 1984 quando foi escrito. A história fala sobre os feitos de Halo Jones, uma menina aparentemente normal nascida no ano de 4.931 que vive nesse futuro do século 50 na ala dos pobres, então isolados da América por uma construção chamada “O Aro” (The Hoop), flutuando sobre o Oceano Atlântico, ao redor de Manhattan. A idéia era acabar com a pobreza, então todos os desempregados foram mandados para lá, e não acabou com a pobreza, mas apenas garantiu que as pessoas não precisassem olha mais para os pobres.
“Se você perdesse seu emprego , era enviado para o aro, onde sobreviveria graças ao MAM, um cartão de crédito dado pelo governo, até achar um emprego. Exceto que não havia emprego algum”. Esse Aro era obviamente dominado pelo crime, com gangues e policiais ineficientes, e estes policiais eram ex-detentos, transformados em Zumbis através de uma cirurgia cerebral.
Muita coisa acontece na vida de Jones e a menina surta e resolve “sair pelo mundo”, quando na verdade seria correto dizer “sair para o Universo”, já que ela pega carona numa nave interplanetária trabalhando como uma espécie de aeromoça. O interessante dessa viagem, nos dois sentidos, é como Moore constrói os personagens, não só Jones, mas também os coadjuvantes da história. Mudam os termos, as brincadeiras, as noções de realidade, as gangues, os vícios, tudo, mas tudo fica muito igual. O futuro não é dependente de um grande computador controlador de tudo e todos, mas sim dependente da própria humanidade, falida socialmente, com um abismo entre as classes sociais, com guerras interplanetárias rolando. Nestas guerras, 99% dos soldados são mulheres, aparentemente renegadas novamente na história de uma sociedade machista, mas colocadas por Moore para chocar mais, dizendo ele que embora não seja diferente a vida de um homem ou uma mulher perdida na guerra, o fato de termos mortes de destemidos e fortes combatentes homens chocaria menos, ao passo que vermos assustadas mulheres que se vêem obrigadas a combater numa guerra também sem sentido teria maior impacto psicológico. E realmente teve. Nessa guerra é contada as barbaridades que o indivíduo pode cometer, e continua cometendo mesmo no século 50.
É uma obra que vale muito a pena ler, um gibi de respeito escrito por um dos maiores gênios dos quadrinhos. Pena ser em preto e branco, mas os desenhos de Ian Gibson são muito bem feitos e completam o excelente roteiro. Foi lançado aqui em português pela editora Pandora Books, e ainda pode ser achado nos sites de quadrinhos. A Balada de Halo Jones para mim é cinco estrelas, além das tantas outras estrelas desse Universo igual, só que diferente.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
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