segunda-feira, 4 de julho de 2011

Usinas, gares, silos, cais, arranha-céus!

Nesse próximo nove de julho de 2011 teremos um feriado em memória à Revolução Constitucionalista de 1932. Esse movimento armamentista foi uma tentativa paulista de se livrar da ditadura de Getúlio Vargas.

Tudo começa como uma resposta à uma revolução anterior, de 1930, em que Júlio Prestes fora indicado para a presidência do país pelo então presidente (paulista) Washington Luís. Naquela época a república era presidida por membros maçons bacharéis em Direito, e quase todos da Faculdade de Direito de São Paulo. A chamada República Velha (1889 até 1930) revezada entre um presidente mineiro e um presidente paulista. Washington Luís, apoiado por 17 estados, indica Júlio Prestes à presidência, e causa um mal estar na política do café-com-leite, chamada assim devido aos domínios paulista (do café) e mineiro (do leite) junto à presidência do Brasil. Minas Gerais, por conta disso, se une à bancada do Rio Grande do Sul no Congresso, apoiando Getúlio Vargas para presidência, e junta-se também a esse apoio o estado da Paraíba.

Júlio Prestes então ganha a eleição de 1930, motivado também pela crise de 1929 que derrubou os preços do café, vencendo nos 17 estados mais o Distrito Federal. Um grupo de rebeldes da Aliança Liberal (Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba) se revoltam, colocando como desculpa a morte de João Pessoa, que nada teve a ver com movimentos políticos, e dão um golpe militar, derrubando Washington Luís e colocando no poder Getúlio Vargas. Getúlio põe fim à supremacia paulista-mineira no governo federal, instala uma ditadura (suspendendo a Constituição), e impõe uma série de restrições aos estados. Inicia-se então um manifesto de Júlio Prestes (que foi exilado na Europa) e João Alberto da Coluna Prestes contra o atual governo.

Embora Getúlio tentou acalmar os ânimos dos paulistas nomeando Pedro de Toledo como interventor do estado de São Paulo, os paulistas não tinham autonomia para governar o estado. Movido à gigantes comícios e passeatas, Pedro de Toledo, apoiado pelo povo, rompe com o Governo Provisório de Vargas e forma um novo secretariado. No dia 23 de maio de 1932, cinco jovens são mortos por partidários da ditadura no centro de São Paulo: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza, Antônio Américo Camargo de Andrade e Orlando de Oliveira Alvarenga (o chamado MMDCA).

Surge então uma sociedade secreta usando a sigla MMDC (naquela época o nome de Alvarenga não estava na lista) em homenagem aos jovens mortos, liderada por Aureliano Leite, Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, Paulo Nogueira e Prudente de Moraes Neto entre outros. Essa sociedade encabeça o movimento de constitucionalização, iniciado em janeiro de 1932. Nesse movimento, São Paulo acredita ter conseguido apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, entre outros estados. Porém, quando a revolução estourou no dia 9 de julho em 1932, os gaúchos resolveram apoiar Getúlio, e em vez de combater com São Paulo mandou os seus soldados atacarem o estado paulista, junto com Minas Gerais que também ficou do lado do atual governo, traindo assim o movimento. Quarenta mil homens paulistas enfrentaram cem mil soldados do governo.

Em meados de setembro, o estado de São Paulo estava enfraquecido demais para continuar a revolta, e se rendeu em dois de outubro de 1932.

Graças à revolução de 1932 houve no Brasil uma redemocratização. Nas eleições da Assembléia Nacional Constituinte de 1933 a mulher votou pela primeira vez. Isso era uma ameaça ao governo de Getúlio, que para apaziguar os ânimos promulga uma nova constituição em 1934 e cria a Justiça Eleitoral, mudando assim o rumo da política e do país.

São Paulo mostrou que teve coragem de lutar contra uma ditadura opressiva, e apesar de traído e em menor número foi à luta, apoiado pelo povo que saiu às ruas e também contribuiu com doações em ouro para suas tropas. Lembremos desse dia também nas urnas, em resposta à essa palhaçada em que se encontra a política atual, fazendo valer nosso voto consciente, não dando à palhaços, mas a conscientes, se possível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns por esta aula de historia,tenho o maior orgulho do povo Paulista,e também a certeza que podemos fazer de São Paulo um país.

Estela Maria.