domingo, 29 de maio de 2011

O que andam fazendo com sua mente


Um estudo publicado no Journal of Consumer Research revelou que anúncios vívidos produzem falsas memórias. Isso quer dizer que quando você viu aquela família feliz tomando seu café da manhã com a margarina mais legal de todas, ou as pessoas rindo na praia (dando uma estrela), você pode começar a se lembrar desses eventos não como comerciais, mas como memórias reais da sua vida. E essas memórias falsas podem ter efeitos profundos não somente em seus hábitos de consumo, mas também como você entende por vida e realidade.

Priyali Rajagopal do Southern Methodist University’s Cox School of Business e Nicole Montgomery da William & Mary descobriram como experiências falsas podem parecer igualmente reais. O experimento que fizeram contou com 100 voluntários que lhes foram apresentados um ou dois anúncios de um falso produto (uma marca de pipoca). E alguns desses voluntários preencheram somente uma pesquisa, sem provar o produto (que seria uma pipoca real da marca Orville Redenbacher como sendo o tal produto). Uma semana depois, esses candidatos foram indagados sobre sua experiência. Os indivíduos que somente preencheram a pesquisa (e portanto não provaram o produto) e observaram os anúncios vívidos se "lembraram" do gosto da pipoca assim como os que a provaram, dando a estes confusos voluntários falsas memórias, ou efeito de falsas experiências, como os pesquisadores a chamaram.

Estamos vendo aqui apenas o que a propaganda nos causa. O que está acontecendo ultimamente é a transformação do indivíduo em um gado consumista. Esse gado talvez seja mediano, conheça as coisas baseadas no "já ouvi falar", tenha um emprego que lhes forneça alguma renda que seja facilmente revertida em falsas necessidades, alimentando um mercado ávido por mais. Não é uma teoria da conspiração, a meu ver, porém algo que provou-se certo ao longo de várias experiências de negócio. O livro "The Shallows: What the Internet is doing to our brains" (Os Rasos: O que a internet está fazendo com nossos cérebros) mostra que o bombardeio de informações impede um tipo mais profundo de compreensão, forjando uma nova ética intelectual que é superficial, modificando inclusive nosso cérebro. Vejam só, estou citando esse livro e sequer o li, apenas pesquisei sobre o seu conteúdo e o coloquei na minha lista dos desejos, mas o ponto aqui é falar que o bombardeio de informação não nos torna mais inteligentes, nem mais sábios. É preciso um tempo para refletir, colocar as ideias no lugar e traçar um raciocínio do que se estuda.

Por falar em estudo, e a nova cartilha de Língua Portuguesa? Não queria escrever mais um artigo da nova cartilha, porque esse assunto foi mais que abordado nesse mês, inclusive nas páginas amarelas da Veja dessa semana, trazendo Evanildo Bechara, doutor em letras membro da Academia Brasileira de Letras, que desce o porrete educadamente nos imbecís que tentam incentivar a ignorância com o chamado "fim do preconceito linguístico". Nada de aburdo ou novo, já que falamos do Brasil e de seu por duas vezes ex-presidente semianalfabeto. Mas aqui a ambição talvez seja outra, que vem desde a ditadura, num exercício de deixar a massa cada dia mais ignorante, se assim possível, matando qualquer chance de pensamento elaborado e reflexão, pois certamente tirariam os que governam de seus postos.

Portanto a moda hoje é a pregação da ignorância, ou no máximo um pensamentinho mequetrefe. Temos um monte de gente dizendo que pensar igual a todo mundo é o mais certo a ser feito, pois caso contrário é preconceito. Quem traça um raciocínio e entende que certas formas de ideias não fazem sentido, ou não concordam com estas, acaba por ser desprezado, criticado, e invariavelmente sozinho.

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