sábado, 18 de dezembro de 2010

Criacionismo

Estava pensando em escrever esse post com uma outra abordagem, mas resolvi de última hora não fazê-lo. Quero então comentar sobre o último livro que li, o qual ganhei de presente de um grande amigo.

Acabei de ler “Calculating God” de Robert J. Sawyer. Nesse livro um alienígena chega aqui na Terra, mais precisamente no museu de Ontario, no Canadá e procura por um palentólogo. O E.T., vindo do terceiro planeta da estrela Beta Hydri, quer estudar os motivos de extinção de vida. No final do período Ordoviciano, há 440 milhões de anos foi a primeira grade extinção. A segunda foi no final do Devoniano, algo em torno de 365 milhões de anos atrás. A terceira, e a maior, foi no final do período Permiano que ocorreu cerca de 225 milhões de anos atrás. Nesse período 90% de toda a vida marinha desapareceu, além de três quartos das famílias dos vertebrados terrestres. Tivemos outra extinção em massa no período Triássico, mais ou menos há 210 milhões de anos, e por fim a mais famosa aconteceu há 65 milhões de anos, no final do Cretáceo, quando os dinossauros sumiram. Como ocorreu na Terra por cinco vezes aconteceu também em seu planeta, despertando então o interesse em vir para cá.

O extraterrestre fica muito surpreso de constatar que os cientistas daqui, em sua grande maioria, não acreditam em um D(d)eus, coisa que ele o E.T. acredita e, segundo ele, com bases científicas. Esse alienígena está tecnologicamente somente uns 100 anos mais avançado que nós. Depois, no desenrolar do livro, umas das constatações do terráqueo, personagem principal, que trabalha junto com o alienígena (ou um dos que estão por aqui) em suas pesquisas sobre não acreditar em D(d)eus ou no design inteligente por parte dele, é mencionado na página 185 do livro, em que ele diz:

"Eu sabia o motivo em que estava resistindo tanto sobre o design inteligente - Porque quase todos evolucionistas resistem. Nós lutamos por mais de um século contra os criacionistas, contra tolos que acreditavam que a Terra fora feita há 4004 anos antes de Cristo durante literalmente seis dias de vinte e quatro horas; aqueles fósseis, se tivessem alguma validade, seriam os restos da enchente de Noé; que um Deus matreiro criou o Universo com luz estelar já ao longo do caminho, dando-nos a ilusão de grande distância e grande idade. (...)

Talvez devêssemos ser mais abertos, talvez devêssemos considerar outras possibilidades, talvez devêssemos não esconder a verdade tão prontamente sobre os baita buracos na teoria de Darwin, porém o preço era, e sempre deu a impressão de ser, muito alto."

Stephen Hawking disse em seu recente livro The Grand Design, escrito com o autor Leonard Mlodinow, que o universo surgiu “do nada”, de um completo acidente. No programa Larry King Live da CNN, Hawking declarou “Deus pode existir, mas a ciência pode explicar o Universo sem a necessidade de um criador”.

Em A Origem das Espécies, Darwin faz um adendo a um sofisticado instrumento presente na maioria dos seres, o olho: “Confesso abertamente: parece-me um absurdo do mais alto nível supor que o olho – com todos os seus dispositivos inimitáveis para o ajustamento do foco a diferentes distâncias, para a recepção de quantidades distintas de luz e para a correção de desvios cromáticos e esféricos – teria se formado por meio da seleção natural”.

Sobre o que o autor de Calculating God, Robert J. Sawyer, acredita, ele escreveu em seu site que “Atualmente acredito que a ciência triunfa sobre a religião, e que finalmente apenas o que é passível de ser provado, real, não sobrenatural e objetivo importa no final. Nisso, estou muito mais do lado de Richard Dawkins [de Deus, Um Delírio] que Stephen Jay Gould [evolucionista que disse que religião e ciência devem ser considerados dois campos distintos].” Fonte aqui.

Também o autor escreveu um tratado sobre o assunto onde diz que que confia plenamente na ciência, e só nela, porém o universo e a vida inteligente tem indícios bem fortes de possuir um design inteligente, e cita alguns fatos persuasivos, inclusive parafraseia o cosmologista Paul Davies dizendo que matematicamente as chances de um universo com essas particularidades todas e as particularidades para gerar vida é de uma em 10,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000.

Mais uma passagem do livro:

"Os arrogantes evolucionistas cruzaram os braços em 1953 quando Harold Urey e Stanley Miller criaram aminoácidos colocando uma carga elétrica sobre a 'sopa' primordial. O que eles pensaram, então, que seria a atmosfera primária da Terra. Pois estávamos no meio do caminho entre criar a vida em uma bacia, pensamos, e o triunfo final da teoria da evolução, a prova que tudo começou através de um processo simples. Se nós manejássemos a sopa de uma maneira mais correta, organismos auto-replicantes emplumados poderiam aparecer. Com exceção que nunca apareceram. Ainda não sabemos como sair de aminoácidos para auto-replicação."

O livro é muito interessante para quem afirma de pé junto que viemos realmente do macaco, que demos uma sorte danada de tudo ter dado certinho e que crer em uma divindade é uma bobagem para ignorantes ou fracos. Que demos mais sorte do que ganhar na loteria da sua cidade toda a semana por um século.

É preciso muito mais fé para ser ateu que crer em Deus. Por isso não entendo os ateus, que muitas vezes preferem atacar do que realmente defender seu ponto de vista.

8 comentários:

Unknown disse...

"Extraordinary claims require extraordinary evidence" - Carl Sagan

E "Intelligent Design" se enquadra na categoria de afirmação extraordinária.

A única coisa que eu posso fazer é mostrar evidências:

http://www.youtube.com/watch?v=fOtP7HEuDYA

O resto depende de você.

Abraços,
Marcio.

Unknown disse...

Com todo respeito, em primeiro lugar você precisa se perguntar: "A credibilidade que estou dispensando ao livro é por conta do conteúdo (idéias, evidências, etc) ou por conta do fato de que as opiniões do autor coincidem com as minhas?"

É muito fácil se perder em "argumentos" que só reforçam convicções pré-existentes e não desafiam nenhuma delas.

Qualquer conceito completamente explícito sobre o universo, que se faz entendido na primeira tentativa (principalmente quando a fonte é um author de f-i-c-ç-ã-o c-i-ê-n-t-í-f-i-c-a :)), quase certamente está incorreto. Era evidente que a terra era plana. Era evidente que o nosso planeta era o centro do universo e as estrelas imutáveis. E a verdade quase n-u-n-c-a é intuitiva.

A nossa intuição é certamente a pior ferramenta disponível para entender o universo. Perdão, mas o seu argumento para "criador inteligente" é puramente intuitivo. Não existe evidência científica para "Intelligent Design", tanto é que não existe nenhum esforço por parte de quem defende essa idéia no sentido de encontrar evidências à favor. Todo o esforço é no sentido de desacreditar evolução.

Como disse Carl Sagan, "Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias". Não existe fé em ciência. Nenhum cientista aceita a sua boa índole, intenções, a sua sinceridade ou pureza de caráter como prova. N-ã-o é n-a-d-a p-e-s-s-o-a-l.

Por exemplo, recentemente a biologista Felisa Wolfe-Simon afirmou que encontrou evidências de vida baseada em arsênico substituindo fósforo e já está sendo pesadamente questionada. E qualquer afirmação desse mesmo nível de importância deve receber o mesmo tratamento. De que outra forma podemos separar meras especulações da verdade?

Por esse motivo, "Intelligent Design" não é considerada uma teoria. Se vocês querem ser levados à sério, façam o favor de levantar e-v-i-d-ê-n-c-i-a-s.

Argumentos ou opiniões não contam na busca da verdade.

Não existem "buracos" no conceito geral de seleção natural. Existem discordâncias no "ajuste fino" de alguns pontos particulares. E não porque "evolução nãofunciona", mas porque ainda se não se entende completamente todos os processos biológicos. Não existe nenhum discordância na comunidade cientifica em relação aos princípios fundamentas de evolução. Mesmo "cientistas cristãos" acreditam em evolução.

E a teoria continua sendo refinada desde a sua criação. Essa é a chave da eficácia do método científico: um esforço coletivo que se extende por gerações, fazendo novas descobertas utilizando descobertas das gerações passadas.

À respeito da observação de Darwin à respeito do olho humano. Darwin formulou a teoria no final de século 19 e tivemos "alguns poucos" avanços científicos nesse meio tempo. Na época Darwin não tinhas as ferramentas para explicar a evolução do olho humano, mas hoje existem evidências mais do que suficientes.

Todos os estágios da evolução da visão podem ser observados em espécies de moluscos com diferentes graus de complexidade de visão, cada um desses graus corresponde à um estágio diferente do desenvolvimento do olho de um embrião humano. Você não precisa acreditar na minha palavra. O google é seu amigo. E mesmo que não conseguíssemos explicar o caso particular do olho humano, isso não é motivo para descartar a teoria, mas motivo para refiná-la.

Você sabia que a teoria da gravitação "universal" de Newton não funciona para descrever a órbita de mercúrio? Por conta disso devemos jogar fora todo o trabalho de Newton? Newton estava errado? E mesmo a teoria da relatividade reduz para as equações de Newton para velocidades muito menores que a da luz.

Newton é provavelmente um dos seres humanos mais inteligentes que caminharam sobre a face da terra. O cara inventou cálculo. Entretanto, ele passou o resto da vida dele tentando descrever todas as interações dos planetas do nosso sistema solar sem sucesso.

>>CONTINUA>>

Unknown disse...

Era muito complexo com a matemática que ele conhecia.

Nesse momento, em desespeiro, ele invocou a idéia de Deus. Quase um século depois, Laplace inventou a matemática capaz de explicar o que Newton não conseguiu e afirmou "Não tenho necessidade de invocar Deus para explicar as órbitas dos planetas". Na minha o-p-i-n-i-ã-o, Deus é um fúsivel. É um conceito invocado pelos seres humanos num momento de desespeiro, ou seja: "Desisto, não consigo entender". Deus é a resposta fácil. Mas essa é a minha opinião e não recrimino ningúem que discorde (Newton caiu nessa tentação), mas só mudo de opinião quando me derem "evidências extraordinárias" para essa "afirmação extraordinária". Fé não é aceitável. Intuição não é aceitável.

Leve em consideração a teoria da relatividade: Você consegue imaginar afirmação mais contra-intuitiva de que "a velocidade da luz no vácuo é contante e independente do obvervador"? Q-u-a-l-q-u-e-r observador não importa em que condição de deslocamento. À dispeito da nossa intuição humana, evidência confirma

o fenômeno. E não existe uma forma intuitiva de demonstrá-lo. A forma simples exige o uso das equações de Maxwell.

Por conta disso, devemos então desacreditar ou ignorar essa propriedade da luz? Devemos fazer como pitágoras fez? Esconder do mundo a existência da raiz de dois porque esse número não pode ser escrito como uma fração de dois inteiros e portanto é "irracional". Acho muito engraçado a arrogância humana de classificar a verdade de "irracional" porque contraria as suas convicções de "perfeição" ou "racionalidade". O universo não leva em consideração a nossa opinião de como as coisas deveriam ser. O universo é do jeito que é e se os insignificantes seres humanos não concordam não importa patavina (risos).

À respeito do Paul Davies, conclusões nesse sentido dependem do modelo do universo que for utilizado. E todos os nossos modelos são incompletos, diga-se de passagem. À dispeito do que dizem, estamos ainda muito longe de uma "Teoria de Tudo". O princípio antrópico é mera especulação baseada em alguns modelos da origem do universo. Por exemplo, "String Theory" usa 11 dimensões ao invés das quatro dimensões que podemos detectar, e por conta disso existem infinitos universos, dessa forma não existe a necessidade de "ajuste fino".

Não que eu acredite em "String Theory", mas o Leonard Suskind tem tanta credibilidade quanto o Davies.

Não existem evidências que comprovem absolutamente nenhuma dessas idéias. São meras opiniões. É possível encontrar 50 físicos brilhantes e confiáveis, cada um com uma o-p-i-n-i-ã-o diferente. Todos estão corretos? Todos estão enganados? Uso o critério "daquele que gosto mais" ou "daquele com a opinião mais próxima da minha" para determinar quem está correto? N-Ã-O. Mais uma vez, evidência separa o-p-i-n-i-ã-o de e-s-p-e-c-u-l-a-ç-ã-o.

Recentemente encontraram "irregularidades" no CMB do big-bang. E estão relacionando esta descoberta à uma teoria de multiplos universos. Verdade? Por enquanto é mera especulação.

http://www.dailygalaxy.com/my_weblog/2010/12/epic-discovery-update-we-are-one-of-many-universes.html

À respeito da "arrogância dos evolucionistas". Esse livro está defasado:

http://www.wired.com/wiredscience/2009/05/ribonucleotides/

Já conseguiram sintetizar RNA em laboratório à partir de processos encontrados na natureza. A gente aprendeu muito desde 1953... A gente é mais arrogante ainda! (risos)

O Craig Venter Institute recentemente também conseguiu criar uma célula sintética:

http://www.wired.com/wiredscience/2010/05/scientists-create-first-self-replicating-synthetic-life/

>>CONTINUA>>

Unknown disse...

Ainda estamos longe de explicar todos os processos, mas é apenas uma questão de tempo. Contanto que não aconteça o mesmo que aconteceu com a biblioteca de Alexandria (risos). Façam o favor de apagarem as tochas (riso). Usando o seu raciocínio de "arrogância", deveríamos então desistir de aprender? Por que do jeito que você colocou, aceitar Deus implica em rejeitar investigar o universo. "Questionar a obra de Deus é arrogante". "Deus criou tudo *ponto final*". Para muitas pessoas inteligentes, isso é inaceitável:

"I don't want to believe. I want to know" - Carl Sagan.

Ou seja, não bastassem motivos lógicos, ainda sobram motivos ideológicos para resistir à essas idéias.

Não evoluímos de macacos... Macacos e seres humanos tem um a-n-c-e-s-t-r-a-l c-o-m-u-m. "A Origem das Espécies" foi publicado em 1859 e continuam repetindo essa barbaridade... (risos)

Se bem que na minha o-p-i-n-i-ã-o, quanto mais vejo as barbaridades que os estúpidos seres humanos fazem todos os dias, não consigo considerar a raça humana mais do que um bando macados sem pelo (risos). E há quem concorde comigo:

http://www.youtube.com/watch?v=a15KgyXBX24&feature=player_embedded

Para ser sincero, mesmo com argumentos puramente científicos, não existe uma diferença tão grande entre humanos e macacos:

http://www.ted.com/talks/susan_savage_rumbaugh_on_apes_that_write.html

Eu desisti há muito tempo de argumentar com criacionistas porque geralmente a discussão termina com alguém dizendo que eu "vou pagar queimando eternamente nas chamas do inferno", mas estou com tempo e dou mais crédito à sua inteligência. (risos)

Também comprei um ventilador novo e estou preparado para as chamas do inferno (risos).

>>FIM<<

Anônimo disse...

Nossa,Rodrigo o Marcio,escreveu um livro aí no seu comentário,como diz a Thalita "Caraca véio"

Rodrigo Camargo disse...

Oi Márcio,
Primeiramente obrigado pelo seus comentários.
Não temos e provavelmente nunca teremos provas para a existência de Deus. Não busco provas, busco coerência no que acredito.
 
Você disse: "Não existe evidência científica para 'Intelligent Design', tanto é que não existe nenhum esforço por parte de quem defende essa idéia no sentido de encontrar evidências à favor."
Assim como também não existe evidência do evolucionismo de Darwin. Nunca se repetiu em laboratório. É uma "teoria" como o nome diz, ou seja, acredite se quiser.
Se você acredita sem ter provas, porque acredita ser esse o caminho da verdade, também tem fé, só que em outra coisa.
 
Não acredito que ciência e religião sejam coisas separadas, antagônicas. Acredito que Deus criou tudo isso baseado em uma ciência, uma coerência de padrões que ainda estamos descobrindo ao longo do tempo. Só não gosto de tirar Deus da jogada e achar que tudo se criou com pura sorte ou acaso. Existe um padrão, e esse padrão, para mim, foi Deus quem criou, e segue até hoje e até o fim dos tempos. Não penso que devemos parar de pesquisar e dizer "ah, Deus quis assim e pronto". Acredito que a ciência deve sempre caminhar, prosseguindo com suas descobertas e fazendo a humanidade prosseguir com acúmulo de conhecimento. Chegará um dia em que conheceremos a verdade, seja você estando certo e provando que Deus não existe ou seja Deus se revelando, porém essa é uma briga que não acho que deveria existir.
 
Entendo que o livro que li é ficção científica, mas me despertou alguns pensamentos sobre os ateus, por isso escrevi sobre. Disse no início que iria escrever o post com uma outra abordagem, que seria a defesa direta do criacionismo juntamente com os dados que a ciência tem revelado, mas ficaria enorme e resolvi apenas citar passagens do livro. Se você ler o que o autor pensa nos links que coloquei no artigo verá que ele também não quer separar Deus da ciência e é mais ou menos meu pensamento, embora o Deus do autor não tenha nada a ver com o Deus da Bíblia, o qual acredito.
 
Só não acho que essa "briga" por ponto de vista é e sempre foi fadada ao fracasso, com ambos os lados de certa forma ofendidos. Respeito seu ponto de vista e só quis aqui mostrar o meu. 
 
Mais uma vez obrigado pelos comentários. São sempre bem vindos.

Unknown disse...

Oi Rodrigo,

Obrigado por ter lido a minha resposta. Por favor não ache que eu estou te atacando. Eu estou me dando ao trabalho de discutir o assunto com você porque tenho consideração pela sua inteligência.

Você precisa diferenciar muito bem teoria e opinião. Do jeito que você fala, parece que você acha que teoria e opinião é a mesma coisa. Uma teoria precisa concordar com as evidências disponíveis e fazer predições que podem ser comprovadas com novas evidências. "Intelligent Design" não se qualifica como uma teoria, é uma mera opinião.

E ciência não é uma questão de opinião. Essa é a diferença fundamental entre ciência e religião. Para ciência opinião = hipótese. Para religião opinião = verdade.

Hipóteses devem ser atestadas com evidências para serem promovidas à condição de verdade. Não importa se elas concordam com o "bom senso". Nesse contexto ciência e religião são sim irreconciliáveis.

Seleção natural já foi reproduzida e inclusive também não por cientistas, ou seja, pelos nossos ancestrais que iniciaram a revolução agrária, domesticando plantas e animais pelo nosso benefício.

Praticamente todos os vegetais que você consome e toda a carne que você consome vem de versões domesticadas de seres vivos já existes, novas espécies criadas por seres humanos através do processo de seleção artificial.

Mas se você quer alguma coisa mais "high tech":

http://www.dailygalaxy.com/my_weblog/2010/08/artificial-life-forms-created-that-evolve-intelligence-1.html

Os caras "evoluiram" micróbios artificias utilizando o mesmo algorítmo do processo de seleção natural.

http://www.dailygalaxy.com/my_weblog/2008/01/will-robots-evo.html

Esses caras usaram o algoritmo de seleção natural para "evoluir" comportamento altruísta/egoísta em robos.

Evidências existem de sobra. Mesmo se você não acredita nos processos de determinação da idade de fósseis, não tem problema. Galápagos ainda existe.

A bíblia cristã é uma compilação de pelo menos 50 documentos diferentes (todos produzidos por seres humanos) iniciada pelo imperador romano Constantino, ou seja, é uma coleção de opiniões. Muito do conteúdo desses documentos foi eliminado do resultado final. Por que critério alguém perguntaria? O bom senso e o-p-i-n-i-õ-e-s daqueles envolvidos.

Para Davies religião e ciência são reconciliáveis, porque Davies vê religião como um conjunto de opiniões, ou seja, ele aceita a possibilidade de estar enganado já que não existem evidências para provar o universo antrópico por exemplo. Mas duvido muito que o Davies negue as evidências em favor de evolução, que ele aceite o que está na bíblia como verdade ou que ele negue eventuais evidências contra o universo antrópico.

Opiniões são reconciliáveis com ciência? Sim, desde que opinião = hipótese. Entretanto como eu disse, do ponto de vista de muitas religiões, opinião = verdade.

Carl Sagan uma vez perguntou ao Dalai Lama, se ele gostaria de ser informado se um dia a ciência descobrisse que reencarnação não é verdade. A resposta dele foi "Certamente, não gostaria de viver o resto da minha acreditando numa ilusão".

Negar evidências científicas contrárias às nossas opiniões não tem sentido.

Eu repito que atheismo é a minha o-p-i-n-i-ã-o e não censuro a sua o-p-i-n-i-ã-o de que Deus existe. A existência de Deus considerando as evidências disponíveis até o momento me parece muito improvável, mas negar evidências para preservar opiniões é inconcebível.

Eu adoraria que a existência de multiversos ou que o universo tivesse mais do que 4 dimensões fosse verdade, mas não vou sair por aí desenhando irregularidades no CMB do big bang para suportar a minha opinião (risos).

>>CONTINUA>>

Unknown disse...

Seleção natural não é prova irrefutável de que Deus não existe, apesar de ser uma evidência irrefutável contra a idéia da criação bíblica. Mas seleção natural não é uma mera opinião, da mesma forma que o modelo do átomo por exemplo. Ninguém nunca literalmente "viu" um átomo com resolução suficiente para ver os prótons, neutros e elétrons, mas e-v-i-d-ê-n-c-i-a mostra que o átomo é do jeito que é. Se algum dia for possível ver átomos com tal resolução (provável), é improvável que ele seja muito diferente do nosso modelo, porque esse modelo não é o resultado de opinião, mas da análise de e-v-i-d-ê-n-c-i-a-s.

Querer jogar a teoria de seleção natural no lixo por conta de meras opiniões é uma irracionalidade infinita (ou "irracionalidade humana" como disse uma vez Einstein).

Eu vou ler o livro, mas prepare-se para críticas agudas :). Só essas poucas passagens que você citou (provavelmente também são as mais contundentes, já que foram escolhidas para defender o seu ponto de vista) são refutadas quase sem esforço, mesmo que eu não tivesse conhecimento prévio do assunto, poderia encontrar evidências do contrário facilmente usando Google, em fontes confiáveis, ou seja, publicações científicas que mostram evidências, não opiniões pessoais.

A citação de Darwin que ele usou por exemplo, não suporta confiabilidade no livro ou na ética do autor. Ele usou um trecho da citação completa de Darwin fora de contexto:

"To suppose that the eye with all its inimitable contrivances for adjusting the focus to different distances, for admitting different amounts of light, and for the correction of Spherical and chromatic aberration, could have been formed by natural selection, seems, I freely confess, absurd in the highest degree. When it was first said that the sun stood still and the world turned round, the common sense of mankind declared the doctrine false; but the old saying of Vox populi, vox Dei ["the voice of the people = the voice of God "], as every philosopher knows, cannot be trusted in science. Reason tells me, that if numerous gradations from a simple and imperfect eye to one complex and perfect can be shown to exist, each grade being useful to its possessor, as is certain the case; if further, the eye ever varies and the variations be inherited, as is likewise certainly the case; and if such variations should be useful to any animal under changing conditions of life, then the difficulty of believing that a perfect and complex eye could be formed by natural selection, should not be considered as subversive of the theory."

Do jeito que ele colocou, fica parecendo que Darwin não acreditava na própria teoria. E os estágios graduais da evolução do olho humano citados por Darwin foram encontrados conforme ele havia inferido:

http://www.pbs.org/wgbh/evolution/library/01/1/l_011_01.html

Lastimável, Darwin tentou ser compreensivo em relação à incredulidade das pessoas e continuam usando isso contra ele até hoje. Por esse motivo eu entendo a atitude "insensível" do Richard Dawkins.

Até mais,
Marcio.

>>FIM<<