sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ficção Científica

Oi, tudo bem? Então, aceitaram o tema da minha tese do doutorado sobre consciência moderna. Vou ter que dar uma breve explicação lá para os anciões, e queria saber de você se minha abordagem está boa. Vou dizer mais ou menos assim: Sabe, as vezes me pergunto quem realmente somos, sem todos os implantes que fazemos. O que será que realmente somos? Como vemos o mundo natural? É sabido que existem algumas tribos longínquas e devidamente perseguidas pelo Império que não fazem nenhum tipo de implante nos recém-nascidos.
Ainda fico tentando imaginar como seria alguém sem o implante de RA2 (realidade aumentada 2), sem ver a programação ou fazer as videoconferências com seus amigos e parentes, ou até mesmo fazer as compras nas lojas virtuais. Hoje em dia é praticamente vital para alguém que viva em sociedade ter o implante básico da realidade aumentada. Fora que o indivíduo ficaria sem uma identidade, já que a identificação de todos faz parte do chip implantado quando nascemos. Imagine a pessoa querendo ir para algum local sem o itinerário devidamente traçado e a condução robótica devidamente identificada que levaria o indivíduo ao seu destino lendo seu chip identificador de vontade. Não fazer o implante do prazer por exemplo é opção de alguns, embora eu não concorde com a tribo das religiões, que preferem o prazer trocando fluidos corporais com outro, mas o de realidade aumentada é fundamental. Esses dias estava assistindo às minhas notícias específicas da hora enquanto estava indo para o trabalho, e no tópico ciência antropológica bizarra falaram dessa tribo dos contra-império. Falando eles de uma forma bem humorada sobre o assunto, até acreditei mesmo que essas pessoas são loucas, querendo viver perseguidas por todos e ter que plantar seu próprio alimento devidamente escondido dos satélites e rastreadores de vida, mas está começando um rumor disso nas colônias do sistema solar. Nossos vizinhos, aqui perto. Já nem sei se é possível hoje em dia diferenciar algo virtual do real, mas imagino que essas pessoas nascidas naturalmente não veriam nada do virtual, e consequentemente veriam um mundo bem diferente do que vemos. É disto, senhores, que trata meu tema.

Bem, enfim, isso é o que gostaria apresentar lá, como uma conversa informal mesmo, já que a moda é essa hoje em dia no mundo acadêmico, e outra: Depois do oitavo doutorado a gente acaba conhecendo os anciões e o que eles esperam. E aí, como foi seu trabalho? Provavelmente quando você receber essa mensagem já conseguiu a aprovação para o comércio de materiais raros no sistema solar, e se conseguiu mesmo pode me tirar da hibernação, beleza? Já deixei o Google programado para identificar sua expressão, e em caso de sucesso nesse dia ele provavelmente já me tirou do estágio profundo assim que você entrou, e seria uma questão de poucos minutos até que eu desperte totalmente, você sabe, estão espere eu acordar para que possa te ver, já que faz mais de um mês que só te vejo virtualmente. E olha que chego a ficar mais de uma hora, as vezes uma hora e meia em cápsula, ou "casa" como você prefere chamar.

Ah, deixei suspenso sobre o desbacterilizador seu alimento preferido, já que você é a única que conheço que prefere comer enquanto é limpa. E encontrei seu sabor preferido! Até que enfim voltaram a publicá-lo. Parece que estavam em falta devido a um dos componentes, se não me engano o CS725, já que o oceano terrestre passa por problemas de contaminação constante com os ataques dos extremistas. Só pra te lembrar, no sábado-um é aniversário do meu tetravô e esse ano ele disse que será seu último. Parece que ele quer desistir da vida no ano que vem. Uma pena, mas acho que já está na hora. Não há mais nada a ser substituído de seu corpo que faça alguma diferença em sua qualidade de vida. Fico me pensando quando será que irei desistir da minha, e se um dia o farei. Nossa, hoje estou falante, né? Ok, nos vemos depois, quem sabe. Beijo.

2 comentários:

Cristiano Silva disse...

Legal o seu pequeno conto sci-fi! Parabéns :-)

Garcia Filho disse...

Gostei bastante do texto, algumas boas idéias que podem ser (e espero, serão) mais exploradas em outras incursões no mundo da sci-fi.