quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Cabana

Preconceito. Essa palavra não tão pequena também é grande em minar algumas coisas potencialmente boas em nós. Orgulho. Outra palavra que para C. S. Lewis era o maior dos pecados humanos, e por meio do orgulho os demais pecados eram cometidos. Falei há dois anos que não iria ler o livro A Cabana. Por dois motivos básicos: Orgulho (achava que sabia o conteúdo do livro), e preconceito, após ler uma crítica cristã nesse site. Segundo a crítica do pastor presbiteriano Dr. Tim Keller, o livro A Cabana o preocupou muito com o seguinte comentário: “Qualquer um que é fortemente influenciado pelo mundo imaginativo de A Cabana estará totalmente despreparado para o muito mais multi-dimensional e complexo Deus que você conhece quando lê a Bíblia. Nos livros proféticos o leitor encontrará um Deus que está constantemente condenando e jurando julgamentos a seus inimigos, enquanto as pessoas do Deus-trino de A Cabana repetidamente negam que o pecado os ofende.”

Porém li o livro e não encontrei tal afirmação, ou pelo menos não entendi assim. Existe uma parte que Deus pergunta a Mack, personagem principal, se ele continua amando seus filhos quando fazem coisas erradas, que o desagradam. Mack responde que é claro que continua amando-os. O que o autor William P. Young quer mostrar no livro, no meu entender, é um Deus de amor, e enfatiza três pontos que são explicados: A Graça, O Sofrimento Humano e o Amor de Deus. Lá, no livro, não li em nenhum momento nada que justificasse não ler o livro, pois é um livro que dá esperança às pessoas, principalmente as que vivem um grande sofrimento, mostrando um Deus que é amor e fortemente baseados no novo testamento, pois é apenas em Jesus que podemos ter salvação, e não na lei, ora pois. O que venho percebendo de alguns pastores é que se mostrarmos um Deus para o qual você não pode fazer nada para obter sua salvação é motivo de problemas e preocupações futuras. Por que então mostrar um Deus que vai te condenar, te mandar pro inferno, te queimar vivo, etc, se você pode obter sua salvação apenas e tão somente pela Graça, ou seja, fazendo ou não fazendo nada? Foi mais ou menos essa a mensagem que entendi do livro, e as “preocupações” do Dr. Keller na minha opinião são mais furadas que isopor de algodão doce. Ainda bem que me interessei por ler o livro e achei muito bom, de fato, sem me preocupar em estar “indo contra as escrituras”. Decidi ler o livro após meu post chamado Bom Gosto, em que expliquei alguns cuidados com críticas.

O Deus de A Cabana busca por um relacionamento verdadeiro com o indivíduo, por completo, e não só nas missas e cultos de domingo. Nem nas rápidas orações antes de dormir. Deus não quer obrigações, pois isso não é amor, certo? Por que você gosta de estar entre amigos conversando e se divertindo? Será que se fosse imposto um monte de regras de comportamento você iria ainda querer ir no happy-hour? Isso também não quer dizer que viva a vida como quiser, penso eu. Mas pelo amor e vivência com Deus você acaba por viver uma vida digna e justa, mas não é vivendo uma vida digna e justa que encontrará Deus. Jesus só andava com quem não prestava na época, e todos receberam o Espírito Santo, e APÓS viver com Jesus viveram uma vida digna e justa. Jesus não escolheu só os mais justos ou crentes para conviver, ou foi? Pense em Pedro, que sacou a orelha do cabra na peixeira. Ou Mateus que era cobrador de impostos (um maldito para todos). Não me parecem pessoas bem quistas.

“O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.” Lucas 18:11-14

Não gostei da crítica do Pastor Keller após ler o livro. O li com os dois pés atrás e percebi que ele, o pastor, prefere ver o Deus que julga, que arrebenta, que destrói, que fulmina, que desce fogo do céu, que transforma em estátua de sal, que arrebenta cidades inteiras a ver o Deus na figura de Jesus, pedindo para amarmos uns aos outros e buscar primeiro o Reino de Deus, e todas as coisas serão acrescentadas. E o Deus que se apresenta na Cabana de forma nenhuma é o Deus resumido, mas naquela ocasião, para aquela pessoa específica, ele se apresentou daquela forma para curá-lo através do perdão, e precisava mostrar a Mack (personagem principal) o amor, mas não significa como afirma o pastor Keller que Deus é somente aquilo. Não é só aquilo e diversas vezes é afirmado frases do tipo “você não entende a dimensão das coisas”, ou seja, Deus é muito mais que aquilo apresentado, mas aquilo apresentado ainda é Deus, e não o que afirmou o pastor que “meio deus não é Deus”. Não foi isso que foi mostrado no livro. O Deus apresentado foi sim de acordo com as escrituras e omitido suas muitas faces, pois naquele momento o importante era mostrar uma delas, na figura de Jesus, o perdão, amor e graça, que era o que necessitava aquele personagem naquele momento, ou será que isso não vem de Deus? No caso, Mack já conhecia a lei, pois frequentava a igreja. O que ele não conhecia era o amor, perdão e não sentia a presença de Deus. Foi por isso que Deus revelou sua face encoberta a ele, Mack.

O Temor a Deus é algo sim necessário a todos nós, mas não devemos ter medo de Deus. Temor não significa ter medo. Temor é respeito máximo, prostração e adoração, mas deixe a porta aberta para quem bate, e não tema o resultado. Aí você se verá livre de obrigações e conhecerá a felicidade, sem cobranças, sem obrigações, sem medo, sem culpa.

3 comentários:

Cristiano Silva disse...

Antes de tudo, devo dizer que apesar de termos opiniões diferentes quanto ao livro (ou outras coisas), sei que você ama e considera Deus tanto quanto eu. Digo isso para evitar ressentimentos, pois muitas vezes a palavra escrita é "fria", e não passa o sentimento correto daquilo que queríamos comunicar, e gera transtornos. :)

Fico feliz que tenha lido o livro, e que tenha gostado dele. Eu continuo contudo na minha opinião de que não o lerei, conforme já manifestei, creio eu, de forma clara em meu próprio blog. De tudo o que escreveu, só tenho um comentário a ser feito, até para deixar mais claro para os seus leitores:

[...] o pastor, prefere ver o Deus que julga, que arrebenta, que destrói, que fulmina, que desce fogo do céu, que transforma em estátua de sal, que arrebenta cidades inteiras a ver o Deus na figura de Jesus, pedindo para amarmos uns aos outros e buscar primeiro o Reino de Deus, e todas as coisas serão acrescentadas.

Eu não prefiro o Deus do amor ao Deus que julga. Eu prefiro, simplesmente, Deus, do jeito que É: Santo, Puro, Bom, que Ama e Julga, tudo para a Sua Glória (lembra-se: o próprio Inferno existe para a Sua Glória, pois lá evidencia-se a Sua Justiça). Os cristãos sabem que Deus revelou-se em Cristo Jesus, ou seja de forma mais simples, Jesus é Deus (Ap. 1:8). Jesus é o mesmo Deus conforme a Bíblia mostra tanto no Antigo Testamento (AT) quanto no Novo (NT): as alianças podem ter mudado, mas o Deus é o mesmo.

Continua..

Cristiano Silva disse...

Cristo não deixa de ser Justo por que É Bom, ou Amoroso; pensar assim é um erro que tantos cometem hoje em dia, reduzindo-o a algo que Ele não é. Cristo também se ofende com o pecado (Mt. 11:20-21; 23:13-29; Lc. 10:13; Jo. 2:14-17; Ap. ), usa palavras duras (Mt. 22:18; Mc. 7:6; Lc. 12:56), julga (Mt. 7:21-23; 24:50-51; 25:30-46 - esta última mais forte do que muitas passages do AT!; Ap. 2:22,23) e destrói os seus inimigos (Gn. 3:15; Mt. 25:41; Ap. 19:20, 20:10, 21:8), exige santidade de nós (Mt. 5:48; Ap. 3:19), discernimento (Mt. 7:15-20) e arrependimento (Mt. 12:41; Lc. 5:32; 13:3,5; 15:7; Ap. 2:16; 3:3,19), da mesma forma que o Deus no AT (que tantos consideram "diferente" do NT) o fez.

Portanto, eu prefiro a visão "multi-dimensional de Deus", conforme Ele se releva nas Escrituras; em todas elas, tanto do AT quanto do NT, por nos dar a visão ampla de Seu Caráter. Ele Ama, mas não é bobo. Ele nos aceita, pecadores como somos, mas para sermos transformados. Ele em Cristo ia aos doentes (avarentos, prostitutas, os marginalizados de sua época) para os curar (novamente Lc. 5:32), espiritualmente ou fisicamente, e mudar as suas vidas. O caso da mulher adúltera é emblemático: apesar de Cristo ter mostrado que todos somos pecadores como ela, Ele foi categórico e disse:

[...] vai e não peques mais. (Jo. 8:11)

Da mesma forma, isso serve para nós hoje.

Não estou falando especificamente deste livro, mas em quantos erros as pessoas caem, simplesmente porque, baseados na sua visão errada de Deus, não o consideram como Alguém capaz de julgar, arrebentar, destruir, etc? Isso pode ir de encontro ao nosso coração, caído, que não a possibilidade de alguém nos julgar, de dizer que estamos errados, mas não é a verdade revelada nas Escrituras? Eu penso que sim. Também creio que esta é a visão do Dr. Tim Keller que, por ser reformado (e não arminiano), sabe como ninguém que Sua Salvação depende apenas e unicamente da Graça de Deus, e não de esforços humanos quaisquer. É tudo pela fé, cuja marca de autenticidade são as nossas obras.

Abraços, God bless.

Anônimo disse...

Rodrigo,q bom q vc gostou do livro,eu também gostei muito,e como vc vejo um Deus de amor,q nos ama muito,e não como estes pastores pregam nessas igrejas o medo de Deus. Na verdade temos q ter medo é destes pastores q só quer o nosso dinheiro.

Estela Maria.