segunda-feira, 1 de março de 2010

Encontro com Rama

Interessante como as opiniões divergem mesmo dentro de um mesmo assunto de agrado de duas pessoas. Terminei ontem de ler “Rendezvous with Rama” (Encontro com Rama) de Arthur C. Clarke. Já vou te adiantar que se pretende ler esse livro um dia é melhor parar por aqui, porque vou falar algumas coisas que talvez estraguem (spoiler) seu prazer em lê-lo.

Encontro com Rama trata de um futuro não tão distante, em 2130, em que os astrônomos (americanos, é claro) detectam um enorme asteróide na órbita de Júpiter com velocidade de 100.000 km/h que desperta a atenção desses cientistas por muitos fatores que não vem ao caso agora. Então, mandam uma nave tripulada (após uma sonda) para avaliar o objeto, que a princípio foi identificado como uma super nave extraterrestre. Já imaginei o Bruce Willis no meio da coisa tentando plantar uma bomba atômica no núcleo e tal, mas pelo menos a história não foi para esse lado.

O problema todo é que o livro não foi pra lado nenhum. Nada acontece. Me senti lendo o roteiro de Lost. Acontece tudo mas não explica nada. As dúvidas que tinha no primeiro capítulo continuei tendo depois da última página. Após terminar o livro, vi que ele foi finalizado com uma frase de efeito, que poderia gerar muitos significados e interpretações. Fui correndo na Wikipedia procurar por seu significado. Descobri que o velho Clarke só quis terminar o livro “in a good way”, ou seja, de uma maneira bacana. Bacana pra ele, claro. A única coisa que pensei significar algo na verdade não significa nada. Se você gostou do filme 2001 Uma Odisséia no Espaço (também dele) provavelmente vai gostar de Encontro com Rama. Eu achei médio. Tem seu mérito, é um clássico, ganhou muitos prêmios, tem sua filosofia, sua futurologia bem amarrada, mas não chega perto de um conto ruim do Isaac Asimov. Suas continuações também não explicam muita coisa (já me informei) e o pior: Ele não escreveu as três continuações, dando-as para um autor chamado Gentry Lee, que era chefe de engenharia do laboratório de propulsão a Jato e também (mau) escritor.

A opinião divergente que citei acima foi porque um amigo meu do trabalho me recomendou muito esse livro, e gostamos de ficção científica, mas nesse caso discordo totalmente da opinião dele. Interessante que neste livro verfiquei alguns nomes latinos presentes na tripulação da Endeavour, nave que vai ao encontro de Rama. Nomes como Perera e até um Boris Rodrigo estão presentes na obra. Inclusive o Rodrigo é um “cristão” devoto da Quinta Igreja do Cristo Cosmonauta. Essa religião acreditava que “Jesus Cristo era um visitante do espaço e uma teologia inteira foi construída com essa suposição”.

Valeu Clarke por ter proposto a comunicação por satélite e ter descoberto a órbita estacionária deles, mas em Rendezvous with Rama eu boiei.

6 comentários:

Cristiano Silva disse...

No único trabalho de Arthur C. Clarke que li, 3001 A Odisséia Final, e baseado nos filmes 2001 e 2010, eu percebi que ele tem a tendência sci-fi da idéia de "extraterrestres deuses", onde eles foram por exemplo os verdadeiros responsáveis pelo desenvolvimento de inteligência nos planetas, acompanhando sua evolução. Esta tendência eu não encontro nos trabalhos do Asimov.

Eu me interessei na sinopse que li deste livro do Encontro com Rama anos atrás, achando-o interessante, mas acabei não comprando-o. Agora após o seu post, talvez não o faça mesmo.

Projeto: Um comodo por mês disse...
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Marco Hundsdorfer disse...

Cara, desculpe, mas se vc não entendeu 2001 e achou Encontro com Rama "Médio", vc não entende nada de FC.
Clarke era um gênio assim como Asimov.
Não ha o que discutir.
Se vc gostou de "Senhor dos Aneis" (livro ou filme), realmente, não há o que discutir, se não, ainda há esperança...
Desculpe, não quero ofende-lo, mas é minha opinião.

Rodrigo Camargo disse...

Marco Aurélio, obrigado pelo comentário. Após esse post coloquei mais um outro post explicando mais algumas coisas e revi esse "médio" de minha nota. Percebi que isso afetou algumas pessoas e inclusive alguém colocando comentários ofensivos sobre minha opinião, que não necessariamente é a mesma de todos. Meu "não entender" no caso é a pergunta "what's the point", onde ele quis chegar.

Mas, conforme disse posteriormente, não tiro o mérito de Clarke nem de seus livros, mas seu estilo não é o que mais me agrada. Prefiro Asimov e Frank Herbert para citar poucos, e sim, O Senhor dos Anéis foi a melhor obra que li, junto com Fundação. Por favor, leia esse post se puder: http://genuflexo.blogspot.com/2010/05/fast-thinking.html

Abraço e mais uma vez obrigado pelo comentário.

David Machado Santos Filho disse...

li a obra, e percebe-se claramente que as duas continuações foram escritas a duas mãos, e são bem inferiores ao livro inicial. porém não achei a quarta (final da história) em parte alguma! alguém sabe onde posso encontrar ?

Rodrigo Camargo disse...

No Walmart tem
http://www.walmart.com.br/Produto/Livros/Literatura-Estrangeira/Nova-Fronteira/71952-A-Revelacao-de-Rama?uam=true&mobile=2