sábado, 19 de dezembro de 2009

Lugar Nenhum

Estou finalmente lendo “Lugar Nenhum” de Neil Gaiman. Comprei esse livro há muito tempo e agora resolvi lê-lo. Depois que parei de jogar World of Warcraft conforme disse no blog anterior, a palavra “vida” passou a ter algum significado para mim. Estou dando vazão à pilha de livros que comprei e ainda não li (que vergonha).

Lugar Nenhum trata de uma história de fantasia, no submundo de Londres, cujas coisas ficam bem fora da realidade. Richard Mayhew, personagem principal, vê sua vida como conhece desaparecer após ajudar uma garotinha chamada Door, que vive na “Londres de baixo”, ou no submundo da cidade, no subterrâneo da cidade. Interessante é comparar o estilo de narrativa com outro autor que gosto bastante, também de fantasia, chamado Terry Pratchett. Esse estilo mistura um humor inglês que para mim é bem engraçado, mas sei que muitos detestam. Vou colocar um trecho do livro aqui para vocês entenderem do que estou falando:

“Old Bailey não era uma daquelas pessoas nascidas para contar piadas. Apesar dessa deficiência, ele tentava. Adorava contar histórias compridas e entediantes, que sempre terminavam com um trocadilho horrível, embora com freqüência ele não conseguisse se lembrar do trocadilho quando chegava a hora. Seu único público consistia em alguns pássaros presos, que (principalmente as gralhas) viam aquelas piadas como parábolas profundas e filosóficas para explicar a condição humana. De vez em quando, os pássaros pediam para ele contar mais uma de suas divertidas histórias.

- Está bem, está bem, está bem... – Disse Old Bailey. – Se vocês já ouviram essa é só falar. Um homem entrou num bar. Não, não era um homem. A piada é de outro jeito. Desculpem. Era um cavalo. Um cavalo... não... um cubo! Três cubos. Isso. Três cubos entraram num bar.


Uma enorme gralha velha vez uma pergunta. Old Bailey esfregou o queixo e encolheu os ombros.


- Ah, mas eles podiam. É só uma piada. Os cubos sabem andar na piada. Então um cubo pede uma bebida para ele e para cada um de seus amigos. E o barman diz: ‘Só servimos militares aqui’. Então ele vai até os outros cubos e diz: ‘Eles só servem militares aqui’. E é uma piada, então o cubo do meio também pede e não ganha, e aí o último cubo pega um pincel e faz uma bolinha de um lado, duas do outro, três do outro, quatro do outro, cinco do outro e seis do outro... E também pede uma bebida.


A gralha grasnou de novo, com ar sábio.

- É, isso aí, três bebidas. E aí o barman diz: ‘Por um acaso você é militar?’. Daí ele diz, o cubo diz: ‘Sou dado’. Soldado, entendeu? Sou dado. Um trocadilho. Muito engraçado, muito engraçado.”

Bem, eu achei engraçado. Recomendo a leitura. Interessante que “Lugar Nenhum” é também uma música da finada banda “Tantra”, que surgiu e morreu e aparentemente só eu gostei. Inclusive fui num “show” deles, com uma platéia de quase 15 pessoas. Bem , é isso.

Um comentário:

Cristiano Silva disse...

Caso se interesse, Neil Gaiman também lançou esta história em quadrinhos, podendo ser adquirido aqui.

Abraços.