quarta-feira, 30 de julho de 2008

Satriani 2008


Ontem tive o prazer inenarrável (que vou narrar a seguir) de ter assistido ao show do virtuose Joe Satriani. Foram duas horas de aulas para guitarra. Diferentemente de Steve Vai (em que Joe foi professor) e outros que gostam de malabarismos com a guitarra, Satriani sobe no palco e toca... e arrebenta! A banda que o acompanhava era igualmente boa, com destaque para Stuart Ham no baixo, que fez seu mini show solo em dado momento, inclusive arriscando Aquarela do Brasil no baixo. Fantástico. O público foi ao delírio.

Com única apresentação em São Paulo, o Credicard Hall não estava lotado. Estava cheio sim, mas ainda haviam ingressos para todos os setores momentos antes do show. Ir na apresentação do Joe Satriani é diferente a começar pelo público. Normalmente você não vê aqueles adolescentes ridículos dopados que preferem se esbofetear a curtir a música. As pessoas vão para assistir ao show, quase sendo um público de música erudita, e constantemente Satriani fazia gestos para o público acordar, pois todos estavam parados com a boca aberta babando dos seus solos, inclusive eu. Para quem conhece música e gosta de guitarra, Satriani faz coisas que dificilmente se vê, juntando a velocidade sem ser chato e repetitivo como alguns, tocando riffs que acordam até os mortos. O público respondia acompanhando suas melodias com “oh, oh, oh”, com destaque para a ótima e minha preferida “Always with me, always with you”. Palmas também faziam a marcação do tempo das músicas algumas vezes. Ele fechou o show com a maravilhosa e sua mais conhecida música “Summer Song”, e quase fui esmagado nessa hora.

Difícil acreditar que ele começou tocando Bossa Nova no violão de náilon da irmã, mas fácil ver que teve muitas influências de Hendrix, seu maior ídolo. Também não é por menos, pois ambos são considerados gênios da Guitarra.

Existe uma música italiana chamada Passerà, que versa no começo o seguinte: “As canções não se escrevem, mas nascem por si. São coisas que acontecem cada dia ao nosso redor, bastando colhê-las. Existe uma também para você.” Incrivelmente Satriani colheu muitas dessas canções boas, e apesar de não terem letra, as melodias permeiam nossos ouvidos e fixam-se como cimento musical em nosso cérebro. Valeu Joe “ceifeiro” Satriani! Até breve.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mc. 12:30


Dizem que era um cara pilantra. Nada dava jeito naquele rapaz. Parece que tudo quanto havia de errado no mundo ele entrava mais cedo na fila para fazer primeiro que todos. Não tinha o amor da família. Ninguém gostava dele, era óbvio. Assim sendo ele continuava a cometer as suas pilantragens, enganações, roubos e quiçá mortes, talvez indiretas. Não havia juiz que o julgasse, pois não havia crime capaz de pegar o safo rapaz. Um belo dia ele encontra uma mulher. Linda, jovem, bondosa e amorosa. Conhecera por intermédio do acaso, quando pediu informação em uma loja por um determinado endereço onde iria fazer mais um trambique. A jovem o respondeu com elegância e carinho, enquanto o balconista fez desdém, já prescentindo a figura incorreta.

Começaram a conversar meio que sem querer. O rapaz gostou muito da moça. Apesar de afortunado, não conseguiu impressioná-la com suas grandezas. Ela pareceu não se importar em nada com isso. Estava mais preocupada em assuntos dele próprio do que das coisas que lhe pertenciam. Então, marcaram por fim de se encontrar, para conversar melhor e tomar alguma coisa. Não demorou muito, dias depois começaram um pré namoro. De pré namoro chegou de vez o amor e tocou a ambos. Após um curto tempo, o rapaz não conseguia sair com mais ninguém além de sua namorada. Chegou a ficar preocupado, mas realmente sentia algo pela moça que se diferenciava do que um dia já sentiu por alguém. Assim, preferiu não trair. Seus amigos mais chegados e mergulhados também na vida lasciva suspeitaram. “O que será que há de errado com ele?” Perguntavam. “Já não é mais o mesmo”. “Será que virou viado?”. Mas o rapaz não traía porque era impedido, pois a moça nunca havia lhe cobrado nada, não havia lhe perguntado nada por onde andava. Estava interessada nele, na sua pessoa, sem posse, sem ciúmes. De tanto amor por ela começou a fazer as coisas certas, começando pela fidelidade.

Perdeu amigos. Ganhou antipatias. Fez novas alianças comerciais dessa vez corretas. Ganhou mais dinheiro do que pensava, mas perdeu muito no começo, quase desistindo de mudar. A felicidade chegou num belo dia, assim de surpresa. Quando viu estava casado, com filhos e longe daquela podridão que pertenceu. Não acreditava como isso lhe acontecera, só sabia que havia encontrado alguém especial que mudara sua vida. Teve muitos problemas, mas sempre superava-os de tempos em tempos. Agora eram mais difíceis de serem resolvidos, já que o caminho do justo tem mais pedras. Não importava. Seguia sempre em frente. E assim descobriu que era feliz.

Perguntou muito tempo depois o porquê de não ter feito algumas escolhas antes. E ela, como poderia tê-lo escolhido naquela condição? Ela era tão justa, tão honesta... Mistérios, pensou... Graças a Deus a encontrou. Deus... Agora acreditava em Deus... Foi até batizado na igreja um bom tempo atrás, logo que decidiu abandonar de vez a vida errada. Quem diria? Quem iria acreditar em sua história? Foi então que a ficha caiu. Será que Deus o amava? Como poderia tê-lo amado? Foi ele que o presenteou com ela? Não poderia ser, pensou ele, pois fora o antagônico do cristão. Cristão era tudo certinho, tudo bobo. Usavam aquelas roupas quadradas... Aqueles cabelos... Agora ele frequentava a igreja. Era um bobo como os demais, mas não se achava bobo e nem bobo os demais. Voltou à questão: Como Deus poderia amá-lo? Quando começou ir à igreja ainda fazia suas pilantragens. Em menor número mas fazia. Ainda não era correto. Com ela sim, no caso da traição, mas não com Deus. E suas preces eram respondidas com frequência. As passagens Bíblicas pareciam falar diretamente a ele certas vezes. A vergonha o intimidava muitas vezes.

Muito estranho. Foi entendendo aos poucos. Viu que não precisava ser certo para aceitar. Viu que não precisava largar o ser pilantra para que Deus o amasse. Não precisava andar com certos para que Deus estivesse em sua vida. E por esse amor que tinha por Deus, fazia as coisas certas, assim, meio que sem querer. Estava clareando as idéias. Traçou um pararelo com ela. Deixou de sair com outras por amor a ela, não por pressão. O mesmo lhe acontecia com as demais coisas. Não era por ameaça ou coação, era por amor. Não queria desapontar aquele que o amava incondicionalmente. E fazia o justo, por amor a Deus, a Jesus. Ah, entendeu. Teve chance de viver um boa vida. Se perguntou novamente: Por que não procurou isso antes? Lembrou-se que havia entendido errado. Não precisava mudar para seguir a Deus. Era por seguir a Deus que mudara. Hoje sabia que as coisas por muitas vezes eram entendidas ao contrário. A maioria acharia que precisaria mudar antes. Não, não precisa, ele pensou. Você vai acabar mudando, mas vá como está. Não são regras, não são leis, é só o amor. Ele é o agente da mudança. É esse o ingrediente fundamental. Havia achado a fórmula mágica! Pena que sentia dificuldades de passar isso adiante. Viu seus pecados perdoados. Suas quedas não deixavam de acontecer, porém eram protegidas quando vinham. Era essa a resposta. Era o amor.

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”
Marcos 12:30-31

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ei, eu queria algo mais


O então chamado Senhor Rock and Roll está dancando sozinho de novo. Conversando ao telefone com alguém que diz que o gingado dele não é de nada. Ele não tem nenhum lugar para onde ir. Está só novamente. Nisso uma roqueira tradicional está se comportando como ela sempre foi, dançando como se não tivesse ninguém vendo. Antes ela parecia se importar, mas agora nem se atreveria, pois é tão Rock and Roll estar sozinho... E eles se encontrarão algum dia, bem distante, e dirão : “Ei, eu queria ser algo mais. Gostaria que você tivesse me conhecido antes.”

Essa é um pedaço da letra de uma música que chama-se “Mr. Rock and Roll” de uma escocesa de vinte anos chamada Amy MacDonald. Suas músicas são bem levinhas, para serem ouvidas de vez em quando só pra relaxar. Não é uma letra que será tocada daqui há muitos anos no classic rocks of the century, mas a música agrada. Meio folk, meio country, meio rock.

Há muito tempo procuro garimpar o que anda acontecendo no mundo da música e não tenho encontrado nada muito promissor. Até pensei que Alanis Morrisette faria esse papel um dia, resgatando alguma coisa boa na música atual, mas suas músicas começaram bem e deram uma caída nos trabalhos mais recentes. Confesso que não ouvi seu último trabalho, Flavors Of Entanglement. Tomara que tenha melhorado.

Nada acontece de surpreendente no mundo do Rock nos últimos tempos? Praticamente tudo o que ouço de legal vem de bandas antigas, e nada novo aparece. O mundo pop continua fervendo, com bundas e peitos pra lá e pra cá, mas e no Rock? Será que não surgirá nunca mais bandas como Led Zeppelin, The Beatles, Rolling Stones, U2, R.E.M., Metallica, Black Sabbath, Van Hallen, The Ramones, enfim...? Bandas que marcaram época, mudaram estilos, foram originais, com música sendo tocadas até hoje, e onde eu costumo deixar a estação do rádio quando toca. Por falar nisso, existe apenas uma rádio em São Paulo que com frequência utiliza esse repertório em sua programação diária. E as demais? Ah, se rederam ao mercado de bundas e peitos requebrando. Até uma rádio chamada anteriormente de “A rádio rock” agora pode ser chamada de “A rádio treco”, só tocando coisas bem, bem pops. Algumas outras rádios além de não tocarem rock, ainda cortam pela metade as pops, fazendo o que já era ruim ficar horrível. O negócio é vender comercial, eu sei, mas parece que agora é só isso. Alguém gosta de ficar ouvindo comerciais o dia todo e quando toca uma música ela é retalhada pra acabar logo e termos mais comerciais? Eu sei, eu sei, tem gente que nem liga e nem se dá conta do que está tocando. Gosta de um barulhinho rolando e nem se preocupa com o que diz a letra, como por exemplo “Você não gostaria que sua namorada fosse gostosa assim como eu? Não? Áu...!” Coisa linda...

E as bandas nacionais estão cada vez mais se rendendo ao pop, com boy bands explodindo por aí e a galera dizendo que é bom. Legal, pode até ser que seja bom mesmo, mas isso não é Rock. Eu quero é rock! Pelo que me lembro a última banda “nova” de Rock nacional, Os Raimundos, acabou faz tempo.

Temos algumas coisas saindo do armário, algumas bandas boas internacionais, que quando a grana acaba lançam um CD pra continuar a vida. Isso, é claro, após aqueles CD’s caça-níquel, com recompilações de trabalhos antigos, regravações, remix, acústicos, etc. Novidade mesmo tá difícil. Bandas novas então nem se fala. Tudo é pop, fadado às vendas, com bundas e peitos e completamente oco. Fica a torcida para algo novo. Por enquanto vou me contentando com alguma coisa ali e aqui, sozinho nessa empreitada. É tão Rock and Roll estar sozinho...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Existe vida após a chamada?


Iniciamos uma discussão sobre o ódio dos homens às chamadas telefônicas. Para algumas pessoas, o telefone é mal visto, sendo totalmente dispensável e quiçá substituível facilmente por um e-mail ou MSN. Qual seria o motivo que a maioria dos indivíduos do sexo masculino usam pouco ou quase nunca utilizam o telefone ou o celular?

O homem, diferente da mulher, é um ser mais prático, como sabemos, e assim perde a necessidade de ver uma joaninha amarela e querer logo contar aos amigos a grande descoberta entomológica. Mas mulher não é assim. Ah, não mesmo. Só para se ter uma idéia, certa vez minha namorada e eu estavamos indo para a casa dela e conversávamos sobre um assunto importante, quando o seu celular tocou. Era minha sogra dizendo que havia experimentado a saia de minha namorada. Após uns quinze minutos de conversa, ela desligou. “Sim, mas e aí? Rasgou a saia?” perguntei eu, indignado. “Não...” respondeu minha namorada querendo retomar o assunto original, fazendo de conta que a chamada nunca tivesse existido. “Certo, mas então pegou fogo no fogão enquanto ela experimentava a saia?” Nisso um olhar gélido me foi direcionado pela outra parte, já querendo me mandar fazer algo que não iria fazer nem sob tortura.

O que importa é que estava tentando descobrir o motivo de tal ligação, já que imaginei que não haveria motivo para tal pois estávamos indo para a casa de minha sogra e ela sabia disso (havia ligado antes, rá!) e se estava ligando naquele momento algo importante deveria ser avisado, certo? Pois é, me enganei. Era só pra dizer que ela experimentou a saia. É, então... Colocou a saia! Colocou, tirou e guardou! Nada mais. Fiquei impressionado. Me fez refletir sobre meu ódio às chamadas telefônicas que até então não sabia o por quê. Não tinha nada contra telefonemas. Seria algo como as músicas que tocam nas novelas, talvez? A música pode até ser boa, mas quando começa a tocar na novela você não pode ouvir mais de dois segundos que já muda a estação do rádio. Enjoa. Pega trauma. O mesmo trauma que as mulheres nos colocaram. Como para elas é completamente normal e absurdo se não existisse uma chamada para dizer que colocou uma saia (e só), para nós é absurdo tamanha falta de necessidade uma ligação dessas. É óbvio que mulher fala mais, gasta mais tempo falando, etc, mas falar no telefone é um negócio um tanto incômodo, chato, te ocupa a mão, uma orelha, quando não ambas no revezamento, e ficam pegando fogo após alguns poucos minutos e normalmente interrompem algo que você estava fazendo. Por isso telefone é para dar um recado, dizer uma notícia breve, falar pouco e não passar horas contando que colocou a saia.

O filme da Pixar, Wall-E, mostra uma espécie de telefone/internet/video chamada do futuro onde todas as pessoas só se comunicam via esse serviço, não mantendo mais contato físico com a outra parte. Uma previsão pessimista que o futuro nos aguarda. Bem, se depender das mulheres já chegamos lá. Agora vou acabar logo esse artigo que meu telefone está tocando... “Alô... Oi amor... Sim, almocei bem... Sim... Ahã... Escrevendo... é...”

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Batman falhou?


Qual o limite da realidade da mente humana? Qual é a fronteira que limita o racional da fantasia? Estava pensando sobre esse limite. Conversando com um amigo meu, discutíamos sobre o novo filme do Batman que está para estrear nos cinemas: O Cavaleiro das Trevas. Nesse filme um importante vilão do morcegão tem atenção central: O Coringa. Esse vilão nos gibis faz um papel de demente e suas ações são tão tresloucadas quanto seu figurino. O Coringa foi tema de importantes histórias do Batman, inclusive uma que talvez seja a mais famosa, A Piada Mortal, contada pelo melhor roteirista de quadrinhos ainda vivo chamado Alan Moore na opinião de muitos (o melhor roteirista de quadrinhos já falecido é também Alan Moore na opinião de muitos).


Alan Moore é uma lenda viva dos quadrinhos, que consegue colocar coisas banais em um clima totalmente novo e inesperado, onde histórias do Monstro do Pântano, por exemplo, ganham uma profundidade jamais vista com outro roteirista. Nessa história da Piada Mortal o Coringa aleija a filha do comissário Gordon, Bárbara Gordon, com um tiro em sua espinha. Após esse ato ele a fotografa nua na poça de sangue e sequestra seu pai (comissário Gordon) o torturando em um parque de diversões e exposto às fotos de sua filha nua. O Coringa tenta assim provar sua teoria em que qualquer um exposto à tamanha atrocidade poderia se tornar um demente como ele. Nessa história é contada a origem detalhada do vilão, e os motivos que o levaram a ser o que é: Após uma tragédia de sua família, com a morte de sua esposa grávida de num acidente doméstico, é obrigado a participar de um crime que sai pela culatra com a intervenção do Batman e assim molda seu destino para sempre. O gibi é genial, mas perturbador. Confesso que após lê-lo, fiquei chocado e por algumas noites sonhei com a história. Imagine agora interpretar um papel em que você teria que viver o Coringa. Encarnar no personagem para que sua atuação fique real.


Para esse papel foi escolhido o excelente ator Heath Ledger, que acabou falecendo logo após as filmagens; Segundo esse meu amigo quem matou Heath Ledger foi o próprio Coringa. O motivo seria porque o ator não conseguiu se desligar da interpretação do personagem, levando o tormento de seu papel para a vida real, em que Ledger e Coringa se misturavam, obrigando o ator a tomar comprimidos para dormir. Isso pode ter bagunçado o limite de realidade de Ledger, fazendo com que ele incorporasse esse papel de mente perturbada na vida real. Existe até um exemplo disso aqui no Brasil com o caso do Guilherme de Pádua, que questionava exatamente esse limite.


Outra história perturbadora é uma do Batman chamada Arkham Asylum, do autor Grant Morrinson e arte de Dave McKean. Também complexo, esse gibi apresenta o Coringa de dentro do manicômio de Gothan City. A história é chamado aqui no Brasil de Asilo Arkham mas acredito que seja outro problema de tradução, já que Asylum é mais conhecido como hospício em inglês e asilo de velhos é mais conhecido como residential care ou homing. Nessa história, Batman entra no hospício para tentar deter o Coringa, e é apresentado às loucuras de lá. Os desenhos de McKean perturbam. O que esse artista pode fazer quando representa em página dupla as loucuras desse ambiente é magnífica. Como leitor também fiquei impressionado, tanto quanto a piada mortal. Imagino então o ator, tendo que interpretar tudo isso como sendo realidade para a cena. Não é difícil perceber que isso poderia acarretar a qualquer um que não pudesse se desligar, que não tivesse uma chave na hora do “corta!” do diretor. Não é difícil perceber que a relação da morte de Ledger com seu papel é tênue. Mais uma vez o Coringa pode ter feito sua vítima, e dessa vez Batman não conseguiu impedir.