segunda-feira, 14 de abril de 2008

Peixe babel


Estava conversando com meus amigos no almoço e resolvi voltar ao assunto sobre traduções, conforme disse no artigo do livro O Físico. Agora sou obrigado a citar que estive conversando com meus amigos todas as vezes que for escrever um novo post, pois da última vez deu o maior barraco.

Bem, estavamos falando mais especificamente de traduções dos nomes dos filmes para o português. Vou expressar minha opinião e sei que muitos podem não concordar, me achar radical demais, xiita, etc, mas quero expor aqui o que penso sem muito radicalismo. Os nomes dos filmes deveriam ter sua tradução exata do inglês, ou pelo menos o seu sentido, quando a tradução ao pé da letra não deve ser feita. A língua inglesa é complicada por não ter origem direta da língua latina, e muitas vezes algumas coisas ficam completamente sem sentido, como por exemplo “Out of blue” ou “Out of the blue” significar “Do nada” quando se fossemos traduzir ao pé da letra ficaria algo como “fora do azul” que não tem nada a ver. Mas o pessoal aqui costuma sacanear a coisa, como a maioria das coisas no Brasil, e aí descamba para a palhaçada. Acho que em muitas vezes os tradutores acabaram de se matricular num curso de inglês da Escolinha da Tia Naná, pois não é possível o que fazem por aí. O pior de tudo são nomes que ferem o sentido do filme, como por exemplo a tradução de “Jay & Silent Bob Strike Back”, filme de Kevin Smith que é uma continuação da dupla Jay e o Silent Bob do filme Clerks, um marco do mundo nerd, ficou como “O Império (do besteirol) Contra-Ataca”. Ridículo é pouco. Nota-se claramente que a anta que traduziu não tinha a menor idéia que filme era esse. Aí as desculpas são: “Ah, mas se colocar o filme direto do inglês não vende”. Gente, esse filme é filme NERD, não é para sua titia assistir. Tem que saber quem é Kevin Smith, tem que ter assistido Clerks (que não tem no Brasil) e tem que ser Nerd para entender. Se você pegar a sua sogra e mostrar esse filme para ela, é claro que ela vai achar uma bosta. Ela viu Clerks? Ela é Nerd? Ela sabe quem é Kevin Smith? Conhece o gênero? Então vá ver Xuxa e os Duendes, pô. Não sacaneia quem sabe que filme é esse. Os nomes dos filmes pornográficos são excelentes, pois quem os assiste não quer saber de história nem de roteiro, apesar de alguns serem exagerados, como “The power machine girl” ser traduzido para “Socorro, façam minha mulher parar de gozar!”. Muito bom...

Alguns exemplos ridículos: Evil Dead foi traduzido para “Uma Noite Alucinante”. Pára! É o primeiro trabalho do Brian Singer (Superman - O Retorno, X-Men 1 e 2) e também um marco Nerd que o pessoal revolveu achar que era bom traduzir para que sua avó fosse aos cinemas. Outro: “Breakfast at Tiffany's” virou “Bonequinha de Luxo”. Tudo a ver.

E quando não entendem o filme e resolvem traduzir assim mesmo? Aí vem aquelas coisas como: “Onde os Fracos Não Tem Vez”. O título original é “No Country for Old Men”, pois nota-se um sentido também quanto ao personagem de Tommy Lee Jones (O velho policial) perseguindo o bandido, mas ele já está velho (OLD) e daí a trama do nome do filme. Agradeço ao meu amigo Garcia por essa observação (tá vendo, agora coloquei a referência).

Outra coisa mais ridícula é colocar o nome em inglês e depois uma espécie de explicação, como em “Pulp Fiction, Tempo de Violência”, como se Pulp Fiction significasse “Tempo de Violência”. “Jurassic Park, O Parque dos Dinossauros”, como se a palavra Jurassic não tivesse nada a ver com o período da era mesozóica. Absurdos... E outra: “Jaws” foi traduzido como “Tubarão”, claro. Já que Jaws são mandíbulas, poderia facilmente ser “traduzido” como o Tubarão, né? Outra coisa são aqueles filmes que pelo nome você nem se aventura a ver, como as terminações de filmes como “...do barulho”, “... muito louco”, “... é demais”, “... do futuro” ou os que iniciam em “Deu a louca...”.

A imaginação é o forte desse pessoal que traduz os filmes. Eles pelo menos poderiam de se dar o trabalho de assistir ao menos um pedaço do filme para saber do que se trata antes de passar o rótulo. Talvez não teríamos títulos como “A Noviça Rebelde” (The Sound Of Music) ou “Deu a Louca na Chapeuzinho” (Hoodwinked), onde a Chapeuzinho, no caso, é a normal da história. O filme “Amnésia” trata-se de um cara que NÃO TEM amnésia, como ele mesmo diz no filme. O título original é “Memento”, ou lembrança. Esse então é bravo: “Mata-me de prazer” tem o seu título original de “Killing Me Softly”, ou Mata-me Lentamente, que deixou a confusão do nome para que as pessoas levassem o RG no cinema para poder entrar na sessão, imaginando algo mais forte.

Portanto minha opinião é essa: Não mudem a tradução! Traduzam o que é (ou seu sentido quando a tradução é impossível). Assim evitaríamos essa palhaçada de nomes e tradutores ignorantes, permitindo ao público decidir assistir ao filme ao invés de desistir já no título. As traduções ridículas para chamar público até que poderiam fazer sentido no passado, mas hoje já perderam totalmente o nexo de existir.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Out of Blue


O assunto é bastante denso mas eu gostaria de pelo menos começar a falar sobre isso. Você ter dúvidas é perfeitamente normal. Você achar que sua fé é pouca, e assim não teria subsídios de entrar no Reino dos Céus, é um mal entendimento. Vamos à história. Antigamente, na época de Moisés, existia a Lei. A Lei era soberana de Deus e quem desobedecia pagava o preço dessa desobediência, muitas vezes com a vida. Bem, o mundo caminhou assim por muito tempo. Aí Deus enviou Jesus. Muito bem, vamos ver o que aconteceu. Jesus carregou com Ele o pecado do mundo, todos sabem disso mas poucos entendem realmente. O que significa carregar o pecado do mundo? Significa que se você matar alguém hoje, Deus não vai lhe matar. Por que? Porque Jesus morreu para carregar esse suposto pecado com Ele. Então, se você matar alguém a Graça de Deus ainda pode te salvar. É justo? Sim, pois Deus só enviou o filho Dele, perfeito, para morrer por nós, então a outra ponta da balança é a podridão do homem, seus pecados, que balanceiam com a perfeição de Jesus, que cumpriu toda a lei de Deus e ainda carregou os pecados inocente.

Se você acha a Bíblia muito complicada, saiba que não está sozinho. Por isso Jesus veio e disse o seguinte: Gente, vamos facilitar as coisas aqui. Vocês precisam entender basicamente dois mandamentos: Um é para amar a Deus acima de qualquer coisa. Isso significa amar a Deus sobre todas as coisas, ou seja, mais que seu filho, mais que sua esposa, mais que seu periquito, emprego, cachorro, comida preferida e por aí vai. E mais que você mesmo. A segunda coisa que Jesus disse é: Ame seu próximo como Eu vos amei. Se você fizer essas duas coisas, tá mais que ótimo. Aí agora é só crer em Jesus, que ele é o próprio Deus que ressucitou em carne e osso e foi pro Céu, ficando à direita do Pai. Está acompanhando? Jesus disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai se não por mim” Isso está em João 14:6. Quer dizer o quê?

Você vai pro Céu se for bonzinho?

Não!

Você vai para o Céu se for Católico ou Crente ou de qualquer outra religião?

Não!

Você vai para o Céu somente se tiver vivido uma vida descente?

Não!

Ah tá, mas se eu pedir pra virgem Maria eu tô lá, né?

Opa, não também.

E pro Santo Expedido que eu pedi tanto?

Putz, jogou seu tempo fora...

E passe, serve?

Hum... nem de metrô da linha celeste.

Filho, você só sobe pra lá se crer em Jesus. Tá entendendo? É muito simples, mas o povo complica demais. Aí fazem religiões e mais religiões. Umas não pode comer carne de porco. Outras não podem trabalhar no sábado. Outras não cortam o cabelo. Outras com regras mais absurdas... Isso ajuda a ir pro Céu? NÃÃÃÃÃOOO! Pára de se confundir, filho. Isso só gera briga de irmãos. É ateu pra lá, herege pra cá, macumbeiro assim, fanático assado... Pra quê isso? Me fala?

Se fosse muito complexo ir para o Céu, que fosse preciso um vasto estudo da palavra e tal, você acha que os analfabetos iriam para o céu? Acha que as crianças iriam? Acha que a Carla Perez iria? E seria justo isso? Bem... no caso da Carla Perez... Olha, eu não sou Deus... Não tenho essa Graça toda...


Ir para o Céu = Crer em Jesus. That’s it! Aí, crendo em Jesus faz o seguinte: 1) Ame a Deus sobre todas as coisas e 2) Ame o próximo como Jesus Cristo nos amou. Um montão de conseqüências vem com isso, sabia? Você não vai matar, não vai roubar, vai dar bom testemunho, vai amar os outros, vai fazer boas obras, vai ajudar, vai respeitar os pais, etc, etc... (parece com a lei...)

Deus na sua infinita Graça (essa palavra é inexplicável, mas quer dizer algo como “você não merece mas Eu te dou sem cobrar nada”), nos dá a salvação. Não precisa de boas obras, nem ser bonzinho, nem parar de beber, nem deixar a sovaqueira peluda, nem pedir pros guias (aliás, eu peço pros guias quando estou procurando as ruas, mas isso é outra coisa).

Esse artigo é meio do nada, mas acho que precisava escrevê-lo. Tá, mas tudo isso que escrevi é fácil de fazer? Também não, mas vale a pena tentar. Ô se vale.



PS: "Out of blue" significa "Do nada", como esse artigo me veio à cabeça.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ler ou não ler?


Existe uma forte campanha implícita apologética da leitura, que rola nos meios acadêmicos e em poucas rodas sociais (no bom sentido, é claro). O incentivo é ler. Leia qualquer coisa, mas leia. Acabei de ler o livro que fala para não lermos mais livros (que paradoxo!). Enfim, fiquei curioso após ler a resenha do livro em uma dessas revistas semanais, na qual o camarada que estava resumindo o livro obviamente não o leu. Na verdade nem passou perto de lê-lo, sendo fiel até demais do título. “Como falar de livros que não lemos?” trata com respeito o incentivo não à não-leitura, mas como se situar no mar de livros que existem por aí e que algumas vezes alguém se vê obrigado a discutir determinado livro que não leu, mas apenas ouviu falar. O livro é de um professor de literatura francês (!) chamado Pierre Bayard que prega sobre o conhecimento de uma determinada obra ser mais válido não por meio do conhecimento completo do conteúdo todo do livro, mas apenas do que trata o livro e pela situação em este se encontra num comparativo com outras obras numa determinada época.

É um livro interessante, embora muito do que ele prega fica longe da realidade, principalmente aqui no Brasil. Por exemplo, ele prega muito contra a vergonha de dizer que não leu determinada obra, como se nós brasileiros tivéssemos alguma vergonha de não ter lido algum livro. Nesse ponto ele se distancia muito, já que no Brasil alguém que lê muito é considerado estranho pela maioria da população brasileira que a cada dia fica mais ignorante e não-qualificada, como todos já sabem (ou pelo menos deveriam).

Uma outra coisa interessante que gostaria de saber é o motivo de mudarem a capa dos livros após traduzi-los. Alguém poderia me dizer por que pega-se uma capa legal e faz-se um trabalho porcaria? Não posso reclamar muito, já que pelo menos o nome do livro não é mudado, ao contrário dos nomes dos filmes (com exceção do Físico que é Médico, conforme artigo anterior), mas mudar a capa é muito estranho pra mim. A capa da versão em inglês está no começo do artigo, mas já a capa brasileira é horrível. Depois procure pra você ver.


Vale a pena ler esse livro? Eu acho que não. Um bom artigo resolveria, pois senti uma certa enrolação, citando muitas obras para dizer a mesma coisa. Pontos fortes do livro: Uma discussão sobre uma mulher que vai até uma tribo da África para encenar Hamlet à um grupo indígena distante da civilização, achando que eles iriam entender a obra (sendo a obra de entendimento universal para ela), o que não acontece, pois os índios não acreditam em fantasmas...

Outro ponto legal é uma longa discussão sobre “O Nome da Rosa”, livro excelente que eu li e Bayard dá uma resumida muito boa na obra, me fazendo lembrar de detalhes há muito tempo esquecidos. Bem, eu daria uma nota 5,5 ao livro. Não é nada de mais.