terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dr. Gregory Holmes

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"

Lavoisier disse essa frase por volta de 1774 em seu estudo de Conservação das Massas, mas hoje em dia a frase é aplicada às cópias de sucesso que se movem por aí à nossa volta. Parece que quanto mais referência temos, mais cópia vemos. Quanto mais lemos, mais nos é apresentado o mesmo. “Sempre mais do mesmo, não era isso que você queria ouvir? “, já dizia nosso bom letrista Renato Russo, que deve ter também copiado de alguém, modificado e colocado na letra em mais uma de suas belas músicas. Bill Gates copiou o Windows, o mouse, o Internet Explorer e ficou bilionário. Quem cria mesmo cai no esquecimento. Quem faz sucesso é quem copia?

Hoje vemos um exemplo clássico nos seriados da TV. Eu assisto o seriado M.D. House; um médico maluco que soluciona os casos mais malucos ainda com sua observação sem igual e arrogância máxima. Estava relendo meus livros de Sir Arthur Conan Doyle e percebi quanta “referência” tem o seriado nas obras de Sherlock Holmes. House é excêntrico, Holmes também. House é drogado, faz uso de Vicodin. Holmes é drogado, faz uso de cocaína. House toca piano para se distrair. Holmes violino. House tem um único amigo, Wilson. Holmes tem um único amigo, Watson. House começa com “H” e Wilson com “W”. Holmes e Watson também. Holmes lembra "Home" (Casa). House... bem, nem precisa dizer. House é médico detetive. Watson é médico. Wilson é médico. Holmes é detetive que se envereda no mundo da química, amigo de um médico.

As coincidências não param por aí. Na quarta temporada, episódio chamado “Não queira saber”, House diz ter ganhado de amigo secreto “a segunda edição de Conan Doyle”. Claro que a referência é Sherlock Holmes, o maior detetive do mundo, que inspirou até Bob Kane a criar o Batman.

Achei muito interessante as similaridades de ambos os detetives, no caso House e Holmes (vamos deixar o Batman de lado desta vez). O seriado é o maior sucesso hoje em dia, mérito do “criador” David Shore. House precisa falar com os outros para solucionar seus casos e fazer sua mente trabalhar fora do padrão comum do raciocínio, o que ocorre também nos livros de Doyle, sendo Watson o fiel escudeiro de Holmes e quem narra as histórias como se fossem verdades na obra de ficção. O apartamento do Dr. House é de número 221B. Advinha onde mora Sherlock Holmes? Baker Street, número... ? O cara que atira em House em um dos episódios do seriado se chama Moriarty, por acaso o maior inimigo de Holmes, aparecendo pela primeira vez no conto “O problema final”, de 1893.

Muitas coincidências me fizeram pesquisar a frase acima de Lavoisier, e descobri que o estudo de conservação das massas foi publicado pela primeira vez em 1760, quatorze anos antes, por um cientista russo chamado Mikhail Vasilyevich Lomonosov. Já ouviu falar? Eu também não.

Um comentário:

Garcia Filho disse...

Acho que mais do que copiar, a intenção de Shore foi homenagear Doyle e seu Holmes. Tanto que muitas das coincidências que você comenta são meramente propositais. No próprio sitio do House, na internet, é possível ler sobre o que há em comum entre House e Holmes, mas acho que você já sabe disso. ;)