quarta-feira, 5 de março de 2008

Polêmica opinada


Quando começa a vida? Difícil essa? Então vou mandar outra: Quando começa a morte? Pois é... teorias mil... Vamos pegar a pergunta de quando começa a morte, ou mais simples ainda, quando uma pessoa é declarada morta? Para as leis brasileiras é considerada morta uma pessoa que interrompeu suas atividades cerebrais, ou seja, quando o cérebro pifa. O coração pode estar batendo lá, mas se não existir atividade cerebral a pessoa é considerada morta e seus órgãos podem ser doados com autorização legal. Para a pergunta sobre como começa a vida também temos mil teorias, como por exemplo a defendida pela Igreja, que a vida começa na fecundação, ou para os cientistas, em que a vida começa com a formação do encéfalo, no décimo quarto dia de desenvolvimento do embrião, pois assim como a morte é definida como a parada do cérebro a vida tem início com a formação do mesmo.


Isso vem de definições da sociedade, que escolheu algumas formas de lidar com a organização de seus membros. E sobre a eutanásia? Nossa, mais quebra-pau. Defensores ferrenhos se esbravejam e mandam cadeiradas uns aos outros querendo deter a verdade de seus pontos de vista. O fato é que é preciso definir algum fim para a questão para que isso seja seguido sem mais discussões. Tá, mas continua sendo um assunto polêmico, você poderia me dizer. Você poderia me dizer ainda: Onde você quer chegar com esse artigo? Eu gostaria de chegar a um ponto sem ser pedante ou lunático, ou até mesmo sem querer ser o dono da verdade, colocando aqui meu ponto de vista.


Em minha humilde opinião, não acho correto fazer testes com embriões e explico a seguir o motivo. Quando a sociedade briga por opiniões, normalmente faz-se uma votação, onde a livre escolha do povo dita o que deverá ser seguido. Foi assim com o desarmamento. Poderia ser assim com o teste de embriões? Eu acho que não. Poderia ter votação para a legalização do aborto? Também acho que não. Existem coisas que vem de um senso moral maior, que não pode ser definido por voto. Esse senso moral para mim vem de Deus, de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Dos três? Não, de um só. Imagine o sol que você conhece. Imagine a luz do sol. Agora imagine o calor do sol. Deus, poderia ser entendido numa alusão simples e direta como sendo o sol. A luz como sendo Jesus e o calor como sendo o Espírito Santo. Um só, sendo três.


Complexo, mas o assunto agora não é esse. O assunto é sobre fazer ou não testes com embriões. A alegação dos cientistas é que os embriões são descartados após três anos de congelamento, então não teria problema fazer testes com eles, pois seriam descartados de qualquer forma. Mas aí podemos ter a pergunta: É certo termos embriões congelados? Iiii, lá vem... Pois é, venho com minhas opiniões. Como cristão e como cidadão de um Estado Laico (apartado da igreja) posso ter opiniões divergentes, mas a base de minhas opiniões vem do fato da cristandade presente em mim, regrada por um Deus maior que inseriu em todos nós o senso moral, presente em qualquer pessoa existente no mundo, mesmo em tribos afastadas, sem contato com o mundo exterior. Assassinar alguém é errado para qualquer um (tá, talvez menos para Kant , mas eu perguntaria a ele então se matar sua mulher e filhos não seria errado).


Assim como o assassinato é errado, no caso do embrião fecundado para mim a vida começou ali. Um sopro de vida, como define a Bíblia quando Deus fez o homem pela primeira vez (Gn. 2:7). Acho que não precisa de interpretações para se definir que a fecundação é o início da vida. E não seu tempo de desenvolvimento. Seria quase como sacrificar os fetos se houvesse diagnóstico de má formação no encéfalo, não dando chances de correções que muitas vezes acontecem e os médicos tendem a dar o braço a torcer entitulando o fato como “milagre”. Posso ter exagerado, mas a situação não é muito diferente do exemplo dado. Não acho justo dizimar os embriões em busca de ciência. Não tenho nada contra à transfusões de sangue, nem à dissecação dos mortos, pois Jesus veio para nos poupar de toda a lei judaica impossível de ser cumprida senão por Ele. Também estamos livres das interpretações equivocadas da igreja da idade média, em que condenava tudo e todos dando as costas para as escrituras sagradas (Danke schön Lutero). Mas assassinato pra mim continua errado. E descartar um embrião não é certo, em minha opinião. Temos que avançar, mas não a todo custo. Será que não dá pra pensar em outra solução além de células-tronco? Será que não podemos pensar em outras soluções além das guerras, sendo estas o único meio possível imaginado?


Eu acredito que se avançarmos um pouco mais por outras fontes, será possível um outro meio para essas pesquisas serem realizadas, como o caso do pesquisador que conseguiu células parecidas com as células-tronco através da pele, com genes inseridos na célula com ajuda de um retrovírus. Logo depois foi-se discutido que isso não substituia o uso de células-tronco pois ativava células normalmente inativas da pele, aumentando o risco de tumores e outras coisas mais complexas. Em resumo: Teve-se um avanço considerável com essa pesquisa e a partir disso acredito que possamos ter outros meios antes considerados sem alternativa pela maior parte dos pesquisadores.


Ainda temos muitos preconceitos depois da igreja ter tocado fogo em quem achava que a terra não era o centro do universo, e proibido uma série de coisas que atravancaram o avanço de diversas áreas alegando bruxaria, mas não podemos generalizar as coisas. As leis cerimoniais podem ter sidos abolidas, mas as leis morais permanecerão para sempre, se Deus quiser.

2 comentários:

Garcia Filho disse...

Concordo. Toda esta questão do uso de embriões para pesquisas com células tronco parece tirada do Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley). O fim disto é a desumanização da sociedade.

E ainda podemos ficar com esta pergunta: Será que eu gostaria de não ter vindo ao mundo para ser parte de uma pesquisa qualquer? Sorte então que quando nós nascemos ninguém falava em células-tronco!

Cristiano Silva disse...

Sendo bem sincero, para eu poder participar do debate, preciso me inteirar mais sobre a questão, vendo os dois lados, e eu não fiz isso ainda. Só sei de algumas coisas superficialmente sobre este assunto.

Mas eu também sei:

"Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações." (Jeremias 1:5).

Ou seja, mesmo antes de Jeremias ter sido um embrião ("eu te formasse no ventre"), ele já havia sido escolhido e separado por Deus. Logo, onde tem início a vida humana? Eu não acho que é no embrião, mas sim no plano de Deus:

"assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele" (Efésios 1:4)

Não existia nem mesmo mundo, e Deus já havia nos escolhido para ser semos santos! Eu creio portanto que minha vida começou aí, e é por este motivo que eu também creio que toda a vida é preciosa para Deus, tem um valor em si por ser humano: seja de rico, ou seja de pobre; seja de reis ou presidentes, seja de mendigos ou meninos de rua; filhos de cristãos ou não. Seja de crianças saudáveis ou sadias, seja de crianças que nascem com problemas, até mesmo sem cérebro (http://normabraga.blogspot.com/2007/08/menina-sem-estrela.html).

Além disso, fica a pergunta: e a Ética?

Sei que o assunto não é este, mas sobre a comparação de "sol, luz e calor" para a Trindade, pois não posso evitar de dar um meu "pitaco": acho ela correta, até certo ponto. Para completá-la, eu diria que a doutrina ainda fala não apenas desta separação (pois Pai, Filho e Espírito Santo são Pessoas), mas também fala que são iguais. Ou seja, o sol, o calor e a luz são inteiramente iguais, em todas as coisas, segundo a Doutrina. Ora, sabemos que não é assim, não tem lógica: o sol é uma coisa (astro), o calor outra (aquece), e a luz outra (ilumina), assim como um garfo é diferente de uma faca que é diferente de uma colher, apesar dos três serem talheres. Mas a Bíblia afirma que é. Por isso ninguém tem capacidade de explicá-la inteiramente, ou corretamente.