sexta-feira, 7 de março de 2008

O Ser e o tempo... ou seria o ser sem tempo?


Meu dia precisa ter 36 horas. Estou pensando em fazer algum tipo de abaixo assinado às pessoas que querem que seus dias sejam aumentados de tamanho, pois as meras vinte e quatro horas não dão pra nada. Sim meu amigo, o mundo mudou. E parece que muitas coisas pioraram com essas mudanças. Uma delas foi que o tempo escafedeu-se. Ninguém tem tempo pra nada. Eu tenho dezenas de atividades diárias que gostaria de fazer ao menos por um breve período de tempo mas muitas vezes estou ocupado demais ou esgotado demais. Estou terminando um livro de quase quinhentas e cinquenta páginas e nunca consigo ler as trinta últimas páginas. Sempre que vou ler o sono vem e diz: “Ok, ok, larga isso que agora é minha vez...”. Quando acordo então parece que sempre é a “pegadinha do malandro”, e alguém vai aparecer e dizer: “Dorme filho, ainda são duas da manhã”. O problema é que até hoje o horário sempre é o certo mesmo, aquele em que devo começar o dia. Apesar de feio, até gostaria de ver o Sérgio Malandro dizendo que é pegadinha só pra poder dormir mais um pouco. “Rá!”.

Ninguém me tira da cabeça que a culpa disso é a tecnologia. Eu acredito que a tecnologia veio para atrapalhar a humanidade. Antes as coisas eram mais lentas, mas e daí? Quem se importa? Antes as pessoas viviam, passeavam nos bosques, namoravam, comiam pipoca na praça, tinham tempo! Hoje passeios são rápidos e a gente sempre reclama do trânsito. Chegamos já pensando em voltar. Namoro é só virtual, ou então as namoradas são apreciadas apenas nos finais de semana quando ambos estão ocupadíssimos resolvendo as pendências da semana. Minha namorada sempre diz: “Esse sábado não vai ser sábado, né?” Com olhar pesaroso digo: “Não vai. Temos um zilhão de compromissos.” Aí é acordar cedo, encher o tanque e completar todas as quests diárias. E sempre fica algo pra semana que vem. Não tá dando mais. Por isso vou reinvidicar meu dia de trinta e seis horas. Vou criar o movimento dos sem tempo. Vou pra brasília, carregando um facão na cinta e fazer a maior algazarra na frente do planalto. Não é possível, aguém precisa mudar isso.

Com o avanço da tecnologia, a duração do dia tem que mudar também. Alguém tem que fazer a Terra girar mais devagar em torno de si mesma para dar tempo de fazermos todas as atividades. E aproveita e faz ela girar em torno do Sol mais devagar também. O ano voa. Quando a gente vê já tem um cara de vermelho e barba branca nos shoppings. Absurdo! Vocês tem noção que já é páscoa? O ano nem começou!

Bem, então voltando a falar da tecnologia: No supermercado aquela cena ridícula: A caixa com um produto tentando passar no visor da porcaria da máquina que NUNCA funciona. Aí ela desiste após alguns segundos, dá aquela bufada básica e se prontifica a digitar oitocentos dígitos do código do produto, que nunca tem menos que isso. Passa mais um, passa outro e advinha só: Mais um para ser digitado! Enquanto isso a fila está lá na pompéia (eu moro na zona sul). Quando acaba o suplício, vem o pagamento. Outra novela. “O cartão não está passando”, ela diz. O cartão não passa... não passa de um tormento, isso sim. Antes o povo chegava, jogava o dinheiro e ia embora. Por isso os supermercados hoje colocam aquele corredor de produtos antes de você chegar no caixa. Desde pilha à fraldas, esses produtos devem vender muito porque a pessoa que está na fila permanece muito tempo esperando, e para curar o tédio pega mais alguma coisa pra comprar e para passar no leitor, que não funciona, à propósito.

E catraca de prédio então! Nossa, essa é campeã. Não sei qual é a dificuldade de fazer um sistema de catracas que funcione. Sou programador e imagino que em meia hora mais ou menos é possível desenvolver um programa desses, com apenas duas variáveis. Mas eu nunca vi um sistema de catracas que funcionasse. Sempre dá aquela travada e você deita de bruços para a alegria dos seguranças. Será que eles é que bloqueiam a catraca? Hum... não tinha pensado nisso... Mas que filhos da P...

Vamos falar de elevadores agora... Lindos, se funcionassem. Às vezes a luz de um acende, o outro apita e um terceiro que abre. É a teoria do contra-pé, como meu amigo diz. Você fica igual a uma mosca de padaria, não sabendo pra onde ir com a zona do sistema.

Outra característica da falta de tempo: Eu gosto de ler livros. Tenho comprados e parados na minha estante cerca de doze livros esperando por minha leitura. Minha pilha de gibis não lidos também aumenta exponencialmente a cada mês. Os filmes em DVD que compro ou alugo ficam boiando lá e nunca dá tempo de assistir. E a culpa é de quem? Da falta de tempo! Tem horas que nem no banheiro dá tempo de ir. Vou colocar um pinico aqui do lado da minha mesa.

Vamos nos unir em prol desse movimento! Quero meu dia com trinta e seis horas! E tenho dito.

PS: O Ser e o Tempo é um livro de filosofia no qual eu também não tive tempo de ler.

Um comentário:

Garcia Filho disse...

Por favor, por favor, por favor, não coloque um pinico do lado da sua mesa.